Indulto e Cumprimento de Penas dos Crimes Impeditivos

Publicado em: 23/07/2024 Direito Penal
Esta doutrina aborda a interpretação do Decreto Presidencial n. 11.302/2022, detalhando como o indulto pode ser aplicado em casos de concurso de crimes, diferenciando entre crimes impeditivos e não impeditivos. O foco é a aplicação das penas e a concessão do indulto.

"8. Por fim, a correta interpretação sistêmica a se dar às duas normas em comento exsurge, sem sombra de dúvidas, quando se lê o texto do parágrafo único do art. 11. Nele expressamente se veda a concessão de indulto a crime não impeditivo, enquanto não tiver sido cumprida a pena integral do crime impeditivo. A contrario sensu, tem-se que o apenado que tiver cometido um crime impeditivo e outro não impeditivo poderá, sim, receber o indulto. Veja- se que, se não a totalidade, a grande maioria dos delitos indicados como impeditivos no art. 7º do Decreto possuem pena máxima em abstrato superior a 5 anos. Com isso em mente, se a soma das penas, por si só, constituísse um óbice à concessão do indulto, um executado que tivesse cometido furto simples ou receptação simples (cuja pena máxima em abstrato é de 4 anos) em concurso com tráfico de drogas (pena de reclusão de 5 a 15 anos), jamais poderia receber o indulto se fossem somadas suas penas em abstrato ou em concreto, já que a pena mínima do tráfico já é de 5 anos e, somada à pena mínima do furto (1 ano), excederia o patamar de 5 anos. No entanto, não foi isso que o parágrafo único do art. 11 deliberou."

Fonte Legislativa:

  • Decreto n. 11.302/2022, art. 5º e art. 11, parágrafo único