Jurisprudência Selecionada

Doc. LEGJUR 563.2286.4248.5744

1 - TJRJ E M E N T A

APELAÇÃO CRIMINAL. IMPUTAÇÃO DO DELITO DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL PRATICADO POR ASCENDENTE, POR DIVERSAS VEZES, EM CONTINUIDADE DELITIVA. art. 217-A, C/C O art. 226, II, N/F DO art. 71, TODOS DO CÓDIGO PENAL. CONDENAÇÃO. RECURSO DEFENSIVO. PEDIDOS: 1) ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS; 2) DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA PARA A CONTRAVENÇÃO PENAL PREVISTA NO DECRETO-LEI 3.688/1941, art. 65, CAPUT OU PARA O CRIME TIPIFICADO NO CODIGO PENAL, art. 215-A; 3) REDUÇÃO DA PENA-BASE AO MÍNIMO LEGAL; 4) ABRANDAMENTO DO REGIME PRISIONAL. I.

Pretensão absolutória que não se acolhe. Existência dos delitos e respectiva autoria na pessoa do apelante devidamente comprovadas nos autos pelas provas documental e oral produzidas ao longo da instrução criminal. Apelante que, em pelo menos três ocasiões, abusou sexualmente de sua filha, menor de 14 anos de idade, com ela praticando atos libidinosos diversos da conjunção carnal. Vítima que apresentou narrativa firme sobre os fatos, em todas as oportunidades em que fora ouvida, não fragilizando o seu relato a mínima divergência sobre a idade que possuía quando do cometimento dos abusos, o que se justifica pelo tempo transcorrido entre as datas dos delitos e a data em que oferecida a notícia crime e entre esta e o depoimento em Juízo. Discrepância irrelevante, também, porque em todas as oportunidades a vítima explicitou que os fatos foram cometidos antes de completar 14 (quatorze) anos de idade. Vulnerabilidade presumida. Testemunhas que relataram ter ouvido da vítima apenas o relato de que fora abusada sexualmente pelo pai, sem maiores detalhamentos. Mãe da vítima que se mostrou reticente e acuada durante o seu depoimento, especialmente ao negar a conduta usualmente agressiva do pai da vítima, sem conseguir explicar, contudo, o motivo pelo qual continua residindo com ele apesar de separados, o que sugere dependência do ex-companheiro. Apelante que, em sua versão autodefensiva, negou a prática dos crimes, mas não conseguiu apontar qualquer motivo plausível para que a sua própria filha o acusasse de delitos tão graves. Relevância da palavra da ofendida em crimes de natureza sexual, mormente porque os atos libidinosos imputados, por sua natureza, não deixam vestígios. Desclassificação da conduta. Impossibilidade. STJ que, ao apreciar o Tema Repetitivo n.o 1125, firmou a tese de que «Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável (CP, art. 217-A, independentemente da ligeireza ou da superficialidade da conduta, não sendo possível a desclassificação para o delito de importunação sexual (CP, art. 215-A". Condenação que se mantém. ... ()

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