Jurisprudência em Destaque
Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre a Autonomia de Enfermeiras Obstétricas em Partos Normais sem Distocia
Doc. LEGJUR 240.8260.1221.3352
1 - A Lei 7.498/1986, art. 11, II disciplina as hipóteses em que os enfermeiros podem atuar simultaneamente aos demais profissionais de saúde, estando ali listada a possibilidade de executar parto sem distocia, sendo que que a norma principal (do, em exame) autoriza aos enfermeiros a execução direta do parto sem distocia (sem perturbação), não condicionando a realização do ato à assistência direta de um médico. ... ()

Comentário/Nota
COMENTÁRIO JURÍDICO SOBRE A DECISÃO DO STJ
INTRODUÇÃO
A decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) acerca da autonomia das enfermeiras obstétricas na realização de partos normais sem distocia representa um marco significativo no campo da saúde e no reconhecimento da amplitude das competências profissionais regulamentadas. A análise dos fundamentos jurídicos, da argumentação utilizada e das implicações práticas e jurídicas desse julgamento revela importantes reflexões sobre a interpretação e aplicação das normas vigentes.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA DECISÃO
A decisão do STJ fundamentou-se, primeiramente, no art. 11, II, da Lei 7.498/1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem e expressamente autoriza os enfermeiros a realizarem partos normais, desde que não haja distocia. Nesse ponto, o Tribunal destacou que a legislação não condiciona a prática à presença ou supervisão de um médico, atribuindo autonomia aos enfermeiros obstétricos no âmbito de sua atuação.
Ademais, os ministros observaram que a Lei 12.842/2013 (Lei do Ato Médico) não confere exclusividade aos médicos para identificar quadros de distocia, o que reforça a competência técnica das enfermeiras obstétricas para avaliar e conduzir partos sem complicações. A Portaria 353/2017 do Ministério da Saúde também foi citada como instrumento normativo que complementa essa autonomia, ao permitir que partos de baixo risco sejam conduzidos por profissionais de enfermagem capacitados.
ANÁLISE CRÍTICA
A decisão do STJ merece elogios por adotar uma interpretação que valoriza a atuação multiprofissional no setor da saúde, particularmente no que se refere à autonomia das enfermeiras obstétricas. Ao reconhecer a capacidade técnica desses profissionais, o Tribunal contribui para a desconcentração de procedimentos médicos e a ampliação do acesso ao atendimento pré-natal e ao parto seguro, especialmente em regiões com carência de médicos especialistas.
Contudo, a decisão também suscita questionamentos práticos. A ausência de uma definição clara e objetiva sobre o que caracteriza “distocia” pode gerar conflitos interpretativos e situações de insegurança jurídica. A falta de diretrizes padronizadas para a identificação de distocia pode levar a debates sobre a responsabilidade profissional em casos de complicações durante o parto.
CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS
-
Ampliação do acesso ao atendimento: A decisão fortalece as políticas públicas de saúde ao permitir que enfermeiras obstétricas atuem de forma mais autônoma em partos normais, especialmente em locais com escassez de médicos.
-
Redução de judicializações: A clareza conferida pelo STJ sobre a competência das enfermeiras obstétricas tende a reduzir eventuais litígios relacionados à prática profissional, desde que respeitados os limites legais.
-
Necessidade de regulamentação complementar: Apesar da decisão, é essencial que os órgãos competentes regulamentem de forma mais detalhada os critérios para a identificação de distocia e os protocolos de encaminhamento ao médico.
REPERCUSSÕES NO ORDENAMENTO JURÍDICO
A decisão pode gerar reflexos significativos no ordenamento jurídico e no sistema de saúde, ao reafirmar o princípio da interdisciplinaridade e a valorização de diversas categorias profissionais no atendimento à saúde. Além disso, reforça a interpretação de que a autonomia profissional deve ser respaldada por normas específicas, sem extrapolar os limites impostos pela legislação.
Por outro lado, a decisão poderá fomentar debates sobre a responsabilidade civil dos enfermeiros em casos de complicações que poderiam ser interpretadas como distocia, exigindo maior cautela por parte desses profissionais na condução de partos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão do STJ consolida um entendimento progressista e alinhado às necessidades do sistema de saúde brasileiro, sobretudo em regiões mais vulneráveis. Ao reafirmar a autonomia das enfermeiras obstétricas, o Tribunal contribui para a redução de desigualdades no acesso ao parto humanizado e seguro.
Contudo, é imprescindível que as autoridades competentes avancem na regulamentação de protocolos técnicos e na capacitação continuada dos profissionais de enfermagem obstétrica, garantindo que essa autonomia seja exercida com segurança e eficiência. A decisão, portanto, abre caminhos para importantes avanços no campo da saúde coletiva e na valorização de categorias profissionais, mas também demanda atenção aos aspectos regulatórios e práticos para evitar conflitos futuros.
Outras notícias semelhantes

Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre Honorários Sucumbenciais em Embargos à Execução por Ilegitimidade Passiva
Publicado em: 02/02/2025 CivelProcesso CivilEste documento analisa a decisão da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em agravo interno interposto pela Taipa Securitizadora S/A, que reafirmou o entendimento consolidado acerca da responsabilidade do exequente pelo pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em casos de extinção do processo executivo por ilegitimidade passiva. A análise aborda os fundamentos jurídicos, como a aplicação do CPC/2015, art. 85, §2º, a Súmula 83/STJ e os precedentes jurisprudenciais, além de discutir os impactos práticos e a relevância da decisão para a segurança jurídica e a celeridade processual.
Acessar
STJ Reconhece Divórcio Post Mortem e Legitimidade de Herdeiros para Prosseguir com Ação
Publicado em: 12/06/2024 CivelProcesso CivilO Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela possibilidade de decretação do divórcio após o falecimento de um dos cônjuges durante a tramitação da ação, reconhecendo a legitimidade dos herdeiros para prosseguir com o processo. A decisão reafirma o direito potestativo ao divórcio e enfatiza a importância da manifestação de vontade dos cônjuges em vida, mesmo em casos de morte durante o processo judicial.
Acessar
STJ Determina que Procuração de Pessoa Jurídica Permanece Válida Mesmo com o Falecimento de Sócios
Publicado em: 26/01/2025 CivelProcesso CivilProcesso CivilEmpresaO STJ reafirmou que a personalidade jurídica da empresa é independente da de seus sócios. Em decisão unânime, a Corte decidiu que o falecimento de sócios signatários de instrumento de mandato não invalida a procuração outorgada pela pessoa jurídica. A decisão destaca a autonomia jurídica das sociedades empresariais e a continuidade de atos processuais.
AcessarTransforme seu escritório de advocacia com informações legais atualizadas e relevantes!
Olá Advogado(a),
Você já pensou sobre o tempo e os recursos que gasta pesquisando leis, jurisprudências e doutrinas para os seus casos? Já se imaginou otimizando esse processo de forma eficiente e segura?
Então, temos algo em comum. O LegJur foi criado pensando em você, no advogado moderno que não pode se dar ao luxo de perder tempo em um mercado tão competitivo.
Por que o LegJur é a solução que você precisa?
1. Conteúdo Atualizado: Nosso banco de dados é atualizado constantemente, oferecendo as informações mais recentes sobre legislações, súmulas e jurisprudências.
2. Fácil Acesso: Uma plataforma simples e intuitiva que você pode acessar de qualquer dispositivo, a qualquer momento. Seu escritório fica tão flexível quanto você.
3. Busca Inteligente: Nosso algoritmo avançado torna sua pesquisa rápida e eficaz, sugerindo temas correlatos e opções para refinar sua busca.
4. Confiabilidade: Nosso time de especialistas trabalha incansavelmente para garantir a qualidade e a confiabilidade das informações disponíveis.
5. Economia de Tempo: Deixe de lado as horas de pesquisa em múltiplas fontes. Aqui, você encontra tudo o que precisa em um só lugar.
Invista no seu maior capital: o tempo
Você já deve saber que o tempo é um dos ativos mais preciosos na advocacia. Utilize o LegJur para maximizar sua eficiência, oferecendo ao seu cliente uma consultoria de alto nível fundamentada em informações confiáveis e atualizadas.
Depoimentos
"O LegJur transformou a forma como faço minha pesquisa jurídica. Agora, posso concentrar-me mais no desenvolvimento de estratégias para meus casos e menos na busca de informações."
— Maria L., Advogada
Não perca mais tempo! Torne-se membro do LegJur e eleve sua prática jurídica a um novo patamar.
Faça parte da evolução na advocacia. Faça parte do LegJur.
Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.
À vista
Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 3x sem juros
Equilave a R$ 39,96 por mês
Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 6x sem juros
Equilave a R$ 32,48 por mês
Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 6x sem juros
Equilave a R$ 24,90 por mês
Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 10x sem juros