Inscrição de Devedores em Cadastros de Inadimplentes no Âmbito de Execuções Fiscais: Fundamentos Jurídicos, Doutrina e Análise Crítica
Publicado em: 15/02/2025 AdministrativoProcesso Civil Execução FiscalTESE
A inscrição de devedores em cadastros de inadimplentes, como a SERASA, pode ser realizada por determinação judicial no âmbito de execuções fiscais, desde que respeitados os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, bem como os requisitos legais aplicáveis. (Link para o acórdão: Acórdão 197.8112.2000.1500)
UM ESTUDO DOUTRINÁRIO
A doutrina tem debatido amplamente o uso de medidas coercitivas atípicas nas execuções fiscais, destacando a evolução interpretativa do princípio da eficiência administrativa e da efetividade no cumprimento das obrigações tributárias. A inscrição em cadastros de inadimplentes é vista como uma medida que busca equilibrar o direito de crédito do ente público e a proteção ao devedor, exigindo um cuidadoso exame da proporcionalidade e razoabilidade. Autores como Marinoni destacam que essas medidas devem ser utilizadas para evitar a perpetuação da inadimplência sem desrespeitar direitos fundamentais do executado.
UM COMENTÁRIO EXPLICATIVO
A decisão do STJ é significativa porque aborda a utilização de ferramentas modernas de cobrança no processo executivo fiscal. A inscrição em cadastros de inadimplentes representa uma tentativa de aumentar a eficiência do processo, mas suscita preocupações quanto à proteção dos direitos do devedor, como o direito à honra e ao nome. A exigência de decisão judicial para essa medida reforça a necessidade de controle jurisdicional, evitando abusos e garantindo a observância do contraditório.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
CF/88, art. 5º, incisos LIV e LV - Princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
FUNDAMENTO LEGAL
CPC/2015, art. 782, § 3º - Permissão de inscrição em cadastros de inadimplentes como medida coercitiva no cumprimento de obrigações em processos de execução fiscal.
SÚMULAS APLICÁVEIS
Súmula 548/STJ - É válida a inscrição em cadastros de inadimplentes de devedor tributário, desde que previamente notificado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão do STJ tem reflexos importantes na jurisprudência, pois consolida o entendimento sobre a utilização de medidas coercitivas atípicas no âmbito das execuções fiscais. Sua relevância está na busca por um modelo de cobrança mais célere e eficiente, mas que respeite os direitos do devedor. Em termos futuros, a uniformização dessa tese pode influenciar a adoção de outras medidas coercitivas atípicas, como a suspensão de passaporte ou CNH, ampliando as ferramentas à disposição do credor estatal e reforçando a jurisprudência sobre a eficiência processual.
ANÁLISE CRÍTICA
A decisão do STJ equilibra interesses conflitantes ao permitir a inscrição de devedores em cadastros de inadimplentes, desde que mediante decisão judicial. Enquanto o Estado busca a efetividade na cobrança de créditos fiscais, é essencial garantir que os direitos fundamentais do devedor sejam preservados, especialmente no que tange à honra e à privacidade. A exigência de controle jurisdicional é um ponto positivo, mas a aplicação prática dessa medida pode enfrentar desafios, como a necessidade de celeridade no trâmite judicial e dificuldades na fiscalização de abusos. Além disso, a inclusão como recurso repetitivo contribui para a segurança jurídica, mas reforça a necessidade de critérios claros para a aplicação proporcional da medida em cada caso concreto. A decisão tem potencial de impactar de forma significativa a dinâmica do processo executivo fiscal, exigindo atenção dos operadores do direito quanto à sua implementação e monitoramento.
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