Jurisprudência Selecionada

Doc. LEGJUR 504.5659.9364.8360

1 - TST RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. 1. HORAS IN ITINERE . SUPRESSÃO. EMBRAPA. PREVISÃO EM NORMA INTERNA. CONTRATO DE TRABALHO VIGENTE APÓS A LEI 13.467/2017. LIMITAÇÃO TEMPORAL DA CONDENAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA.

Considerando a existência de questão nova em torno da aplicação das alterações trazidas pela Lei 13.467/2017 (nova redação do CLT, art. 58, § 2º) e em virtude de estar essa matéria (aplicação da reforma trabalhista aos contratos anteriores à lei) pendente de uniformização pelo Pleno deste Tribunal Superior, deve ser reconhecida a transcendência jurídica da causa, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. 2. HORAS IN ITINERE . SUPRESSÃO. EMBRAPA. PREVISÃO EM NORMA INTERNA. CONTRATO DE TRABALHO VIGENTE APÓS A LEI 13.467/2017. LIMITAÇÃO TEMPORAL DA CONDENAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. NÃO CONHECIMENTO. Cinge-se a controvérsia ao exame quanto à possibilidade de incidência da nova redação do CLT, art. 58, § 2º (que excluiu o direito às horas in itinere ), conferida pela Lei 13.467/2017, aos contratos já em vigor quando à época de sua vigência. É cediço que, nos termos da Súmula 90, segundo a jurisprudência pacífica desta Corte Superior, o tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho, para fins de pagamento de horas in itinere . Ocorre que, com a vigência da Lei 13.467/2017, a denominada reforma trabalhista, o art. 58, em seu parágrafo 2º, da CLT recebeu nova redação passando a disciplinar que «o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador «. Com efeito, o art. 6º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro estabelece que a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Nessa linha de raciocínio, inclusive, o Excelso Supremo Tribunal Federal, em várias decisões (ADI 2.887, ADI Acórdão/STF, RE 211.304) e por aplicação analógica do Tema 24 da Tabela de Repercussão Geral do STF, firmou entendimento no sentido de que o ordenamento jurídico brasileiro não prevê a existência de direito adquirido a regime jurídico, aplicando-se as normas supervenientes de maneira imediata às situações consolidadas após a sua vigência. Tem-se, portanto, que as normas de direito material são aplicadas imediatamente, razão pela qual não há falar em direito adquirido. Dessa forma, em relação ao período contratual anterior à vigência do reportado diploma legal, que se deu em 11.11.2017, subsistem os ditames da Súmula 90. Para os fatos ocorridos após essa data, devem ser observadas as alterações materiais trazidas pela Lei 13.467/2017. Precedentes. Na hipótese dos autos, constou no acórdão regional que o direito às horas in itinere do reclamante decorreu de normativo interno da empresa - o Memorando DGP/CRT 1.109/2013 (ratificado pelo M. DGP/CRT 106/2014) -, quando se reduziu em uma hora a jornada de trabalho diária, para compensar o deslocamento dos empregados de suas residências para a empresa, já que esse tempo deveria ser computado na jornada diária. Na aludida norma, restou consignado que a redução da carga horária diária se dava de forma temporária e excepcional. Posteriormente, a EMBRAPA editou a Resolução normativa 22/2015, disciplinando em seu item 6.6 que « o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na sua jornada normal de trabalho, salvo quando, tratando-se de difícil acesso ou não servido por transporte público, a única opção de condução seja aquela fornecida pela Embrapa «. Todavia, a Corte Regional entendeu que, com a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, de aplicabilidade imediata aos contratos em curso, os referidos normativos foram revogados, ocasião, inclusive, em que a ré emitiu circular (Instrução de Serviço 1/2017), alterando a jornada para 8 horas diárias, por entender que não estava mais obrigada ao pagamento das horas in itinere . Nessa circular, a reclamada informou que, diante da nova redação da CLT, a partir de 13 de novembro, retornaria a jornada integral de 8 horas diárias. Nesse contexto, o egrégio Tribunal Regional reputou correta a conduta da reclamada, uma vez que, após a vigência da Lei 13.467/2017, não mais subsiste a obrigação de pagar horas in itinere . Estando o acórdão regional em consonância com o novo regramento jurídico do tema, não há falar em contrariedade a súmulas, tampouco em violações aptas à admissibilidade do apelo. Arestos oriundos de Turmas desta Corte não se amoldam à exigência do art. 896, «a, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece.... ()

(Íntegra e dados do acórdão exclusivo para clientes)
Plano mensal por R$ 19,90 veja outros planos
Cadastre-se e adquira seu pacote

Íntegra PDF