Modelo de Recurso Administrativo contra dupla autuação por infração de trânsito em intervalo de 1 minuto com pedido de nulidade por bis in idem perante JARI do DETRAN/SP

Publicado em: 22/04/2025 Administrativo Trânsito
Modelo de recurso administrativo dirigido à Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI) do DETRAN/SP, no qual o motorista recorrente impugna duas autuações por excesso de velocidade aplicadas em intervalo de 1 minuto no mesmo local, alegando bis in idem, ausência de razoabilidade e ilegalidade na aplicação de penalidades múltiplas. Fundamenta-se nos princípios da legalidade, devido processo administrativo, proporcionalidade, individualização da pena e proibição de dupla punição, requerendo a anulação de uma das multas e o cancelamento dos pontos correspondentes. Contém exposição dos fatos, fundamentos jurídicos, jurisprudência e pedidos detalhados.

RECURSO ADMINISTRATIVO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO

1. ENDEREÇAMENTO

À JUNTA ADMINISTRATIVA DE RECURSOS DE INFRAÇÕES – JARI
do Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo – DETRAN/SP

2. QUALIFICAÇÃO DO RECORRENTE

Recorrente: A. J. dos S.
Estado Civil: Solteiro
Profissão: Motorista
CPF: 123.456.789-00
Endereço: Rua das Flores, 123, Bairro Centro, CEP 01000-000, São Paulo/SP
Endereço Eletrônico: ajdoss@email.com
Domicílio e Residência: Conforme endereço acima

3. DOS FATOS

O Recorrente foi autuado por suposta infração de trânsito em duas oportunidades distintas, ambas ocorridas na data de 09/01/2025, com intervalo de apenas 1 (um) minuto entre as autuações. A primeira autuação ocorreu às 05h38, registrando a velocidade de 68 km/h, e a segunda, às 05h39, com velocidade de 84 km/h, sendo que o limite regulamentar para o local era de 60 km/h.

Ambas as autuações foram lavradas no mesmo trecho de via, em circunstâncias idênticas, sem que o Recorrente tivesse a possibilidade de ser advertido ou corrigir sua conduta entre uma autuação e outra. Ressalta-se que o intervalo exíguo de tempo entre as infrações evidencia a ocorrência de um único contexto fático, não havendo razoabilidade na aplicação de penalidades múltiplas para condutas que, na prática, configuram continuidade.

A narrativa dos fatos demonstra que o Recorrente não agiu com dolo ou má-fé, tampouco teve a intenção de reiterar a infração, sendo surpreendido por dois registros automáticos em sequência, sem qualquer possibilidade de defesa ou correção imediata. Tal situação enseja a análise sob o prisma do princípio da razoabilidade e da proibição do bis in idem.

Em suma, o Recorrente busca a anulação de uma das autuações, por entender que ambas decorreram do mesmo contexto fático, devendo prevalecer a aplicação de uma única penalidade, sob pena de violação aos princípios constitucionais e administrativos.

4. DO DIREITO

4.1. DA LEGALIDADE E DO DEVIDO PROCESSO ADMINISTRATIVO

O princípio da legalidade (CF/88, art. 37, caput) impõe à Administração Pública o dever de agir estritamente conforme a lei, vedando a imposição de sanções sem respaldo legal ou em afronta aos direitos fundamentais do administrado. Ademais, o devido processo administrativo (CF/88, art. 5º, LIV e LV) assegura ao recorrente a ampla defesa e o contraditório, exigindo que a aplicação de penalidades observe critérios de proporcionalidade e razoabilidade.

4.2. DA CONTINUIDADE DA CONDUTA E DA PROIBIÇÃO DO BIS IN IDEM

O bis in idem consiste na vedação de punição múltipla pelo mesmo fato, princípio consagrado no ordenamento jurídico brasileiro e reconhecido pela doutrina e jurisprudência. No caso em tela, as autuações decorreram de um mesmo contexto fático, com intervalo de apenas um minuto, sem que o Recorrente pudesse ser advertido ou modificar sua conduta entre as infrações.

O Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) prevê, em seu art. 281, parágrafo único, II, que o auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente se houver duplicidade de infração. Ainda, o art. 282 do CTB disciplina o procedimento de notificação e aplicação das penalidades, exigindo observância ao contraditório e à ampla defesa.

A aplicação de duas penalidades em sequência, sem possibilidade de correção de conduta, afronta o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, previstos implicitamente na CF/88, art. 5º, LIV, e expressamente reconhecidos pela jurisprudência pátria.

O princípio da individualização da pena (CF/88, art. 5º, XLVI) também deve ser observado, de modo a evitar sanções desproporcionais e injustas, especialmente quando decorrentes de um mesmo contexto fático.

4.3. DA PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO E ÔNUS DA PROVA

Embora o ato administrativo goze de presunção relativa de veracidade, tal presunção pode ser elidida por provas em contrário, como no presente caso, em que se demonstra a impossibilidade material de ocorrência de duas infrações autônomas em intervalo tão exíguo. O ônus da prova, nos termos do CPC/2015, art. 373, I, cabe ao recorrente quanto ao fato constitutivo de seu direito, o que se faz presente na demonstração do contexto fático único.

Assim, a manutenção de ambas as penalida"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de recurso administrativo interposto por A. J. dos S., motorista, em face de duas autuações por infração de trânsito lavradas em 09/01/2025, nos horários de 05h38 e 05h39, ambas no mesmo trecho de via e decorrentes de excesso de velocidade, conforme relatado nos autos. O recorrente sustenta que as autuações decorreram de um único contexto fático, sem possibilidade de advertência ou correção de conduta entre as infrações, postulando a anulação de uma das penalidades sob o fundamento de bis in idem, além de invocar os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e legalidade.

Voto

1. Fundamentação Fática e Jurídica

Inicialmente, cumpre destacar que o art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988 impõe ao magistrado o dever de fundamentar suas decisões, em atenção à transparência e à segurança jurídica. No caso sob análise, verifica-se que o recorrente foi autuado em intervalo de apenas um minuto, no mesmo trecho de via, por infração de excesso de velocidade, sem que houvesse, no interregno, qualquer advertência ou possibilidade concreta de alteração de conduta.

A análise do contexto evidencia que ambas as autuações são consequência de um único comportamento contínuo, caracterizando, portanto, situação de continuidade da conduta. A aplicação de penalidades múltiplas, nesse contexto, revela-se desproporcional, afrontando o princípio da razoabilidade (CF/88, art. 5º, LIV) e da proporcionalidade, além de configurar bis in idem, vedado pelo ordenamento jurídico pátrio.

O Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 281, parágrafo único, II, determina o arquivamento do auto de infração no caso de duplicidade de infração. Ademais, a doutrina e a jurisprudência pátrias reconhecem que, quando se tratar de fatos conexos e contínuos, deve prevalecer a aplicação de uma única penalidade, especialmente quando não houver possibilidade de ciência ou defesa imediata pelo autuado.

Ressalte-se que a presunção de veracidade do ato administrativo é relativa e pode ser elidida por provas em contrário, como na hipótese em apreço, na qual restou demonstrado pelo recorrente o contexto fático único e a impossibilidade material de ocorrência de duas infrações autônomas em tão exíguo intervalo de tempo.

Embora existam precedentes que reconhecem a autonomia de condutas quando distintos os fatos geradores das infrações, no presente caso, entendo que a ausência de possibilidade de correção de conduta e o curto intervalo entre as autuações autorizam o reconhecimento da continuidade, sob pena de violação ao princípio da individualização da pena (CF/88, art. 5º, XLVI) e de excesso punitivo.

2. Jurisprudência Aplicável

Embora haja julgados em sentido contrário, que reconhecem a autonomia de infrações ocorridas em sequência, mesmo no mesmo dia e local, tais precedentes referem-se a condutas distintas e não à repetição de um mesmo comportamento em intervalo exíguo. No presente caso, a similitude fática e a ausência de possibilidade de advertência imediata justificam o reconhecimento do bis in idem, conforme doutrina e decisões que prestigiam os princípios constitucionais da razoabilidade e proporcionalidade.

3. Conclusão

Diante do exposto, conheço do recurso administrativo, por preencher os requisitos de admissibilidade, e julgo-o procedente, para determinar a anulação de uma das autuações lavradas em 09/01/2025, por configurarem ambas um único contexto fático, vedando-se a aplicação de penalidade múltipla (bis in idem), em consonância com os princípios constitucionais do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV), da razoabilidade, da proporcionalidade e da individualização da pena.

Determino, ainda, a comunicação à autoridade administrativa competente para que proceda ao cancelamento dos pontos e da multa correspondente à autuação anulada, cientificando-se o recorrente da presente decisão.

4. Dispositivo

Ante o exposto, dou provimento ao recurso administrativo, para anular uma das autuações de trânsito lavradas em desfavor do recorrente em 09/01/2025, por reputar caracterizada a continuidade da conduta e o bis in idem, determinando o cancelamento da penalidade correspondente.

É como voto.

São Paulo, 10 de janeiro de 2025.

Juiz Relator


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