Modelo de Ação Revisional de Contrato Bancário: Contestação de Cláusulas Abusivas, Juros Capitalizados e Tarifas Indevidas

Publicado em: 29/04/2024 Consumidor
Este documento trata da propositura de uma Ação Revisional de Contrato Bancário por parte do Autor contra o Banco XYZ S.A., com o objetivo de revisar cláusulas contratuais abusivas e corrigir cobranças indevidas em contrato de financiamento/mútuo. Fundamenta-se nos princípios do equilíbrio contratual, boa-fé objetiva e proteção ao consumidor, com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC) e no Código Civil (CCB/2002). O Autor pleiteia a suspensão de parcelas vincendas, a exclusão de cláusulas abusivas, a devolução em dobro de valores cobrados de forma indevida e a condenação do Réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. Jurisprudências relevantes e requerimentos processuais específicos são apresentados para fortalecer os pedidos.

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de _____________.

A. J. dos S., brasileiro, estado civil _______, profissão _______, portador do RG nº _______ e inscrito no CPF sob o nº _______, residente e domiciliado à Rua _______, nº _______, Bairro _______, Cidade _______, Estado _______, CEP _______, endereço eletrônico _______, por intermédio de seu advogado infra-assinado, com escritório profissional localizado à Rua _______, nº _______, Bairro _______, Cidade _______, Estado _______, CEP _______, endereço eletrônico _______, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO

em face de BANCO XYZ S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº _______, com sede na Rua _______, nº _______, Bairro _______, Cidade _______, Estado _______, CEP _______, endereço eletrônico _______, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.

DOS FATOS

O Autor celebrou com o Réu contrato bancário de financiamento/mútuo no valor de R$ _______ em __/__/____, com prazo de pagamento de ___ meses e taxa de juros remuneratórios fixada em ___% ao mês. Contudo, ao longo da execução do contrato, o Autor verificou a ocorrência de cláusulas abusivas e encargos excessivos, como a cobrança de juros capitalizados de forma não pactuada, tarifas indevidas e taxas superiores à média de mercado.

Além disso, o Autor foi surpreendido com a inclusão de tarifas como a de cadastro e registro de contrato, sem qualquer comprovação de prestação dos serviços correspondentes, o que gerou desequilíbrio contratual e onerosidade excessiva, violando os princípios da boa-fé e da transparência.

Diante disso, busca-se a revisão judicial do contrato para adequá-lo aos parâmetros legais e jurisprudenciais, com a restituição dos valores cobrados indevidamente.

DO DIREITO

A presente demanda encontra fundamento nos princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual, previstos no CCB/2002, art. 421 e art. 422, bem como na proteção ao consumidor, conforme dispõe o CDC, art. 6º, IV e V. A revisão de cláusulas contratuais abusivas é garantida pelo CCB/2002, art. 478 e art. 479, especialmente em contratos de adesão, como no caso em tela.

Quanto à capitalização de juros, o STJ consolidou o entendimento de que sua prática é permitida apenas quando expressamente pactuada, conforme Súmula 541/STJ e Súmula 539/STJ. No caso em análise, não há comprovação de que o Autor tenha anuído com a capitalização de juros, tornando tal cobrança indevida.

Ademais, a cobrança de tarifas bancárias, como a de cadastro e registro de contrato, somente é válida se houver comprovação da prestação dos serviços correspondentes, conforme entendimento do STJ no julgamento do REsp 1.578.553/SP.

...

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RELATÓRIO

Trata-se de Ação Revisional de Contrato Bancário ajuizada por A. J. dos S. em face de BANCO XYZ S.A., objetivando a revisão de cláusulas contratuais que o Autor entende abusivas, especialmente no que tange à capitalização de juros e à cobrança de tarifas bancárias indevidas.

O Autor alega que as cláusulas contratuais impuseram encargos excessivos e desequilibraram a relação contratual, violando os princípios da boa-fé objetiva e da transparência. Requer a revisão do contrato, a restituição de valores cobrados indevidamente e a condenação do Réu nos termos do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

FUNDAMENTAÇÃO

Nos termos do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, passo a fundamentar o presente voto, com base nos fatos e nos fundamentos constitucionais e legais aplicáveis ao caso.

1. Da revisão de cláusulas contratuais

A análise do contrato bancário celebrado entre as partes revela a presença de cláusulas que podem ser consideradas abusivas, como a cobrança de juros capitalizados sem a devida pactuação expressa e a inclusão de tarifas bancárias sem a comprovação dos serviços correspondentes. A prática viola os princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual, previstos nos artigos 421 e 422 do Código Civil.

A revisão contratual, nos termos do artigo 6º, IV e V, do Código de Defesa do Consumidor, é medida que se impõe para garantir a proteção do consumidor e a adequação das cláusulas contratuais ao ordenamento jurídico.

2. Da capitalização de juros

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) consolidou o entendimento, por meio das Súmulas 539 e 541, de que a capitalização de juros é permitida em contratos celebrados com instituições financeiras, desde que expressamente pactuada. No caso em tela, não há comprovação de que o Autor tenha anuído com a capitalização de juros, tornando tal cobrança indevida.

3. Da cobrança de tarifas bancárias

Conforme entendimento pacífico do STJ, a cobrança de tarifas bancárias, como a de cadastro e registro de contrato, somente é válida se houver comprovação da prestação dos serviços correspondentes. Na ausência de tal comprovação, a cobrança deve ser considerada abusiva e indevida.

4. Da devolução em dobro

Nos termos do artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, a devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente é cabível, salvo hipótese de engano justificável. No presente caso, o Réu não demonstrou a existência de erro justificável, razão pela qual deve ser condenado à devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente.

5. Da jurisprudência aplicável

A jurisprudência do STJ e dos Tribunais Estaduais é clara no sentido de que cláusulas contratuais abusivas podem ser revistas pelo Poder Judiciário, especialmente em contratos de adesão celebrados entre consumidores e instituições financeiras. Destaco os seguintes precedentes:

"Ação revisional c/c repetição de indébito - Indeferimento da petição inicial e extinção do processo sem resolução do mérito, por entender o douto Juízo singular que a petição inicial não especificou as obrigações contratuais que se pretende controverter - [...] Procedência parcial decretada nesta instância ad quem - Recurso provido em parte." (TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP, Rel. Des. Correia Lima, j. 28/06/2024)

"É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00) desde que expressamente pactuada." (STJ, Súmula 539)

DISPOSITIVO

Diante do exposto, voto no sentido de JULGAR PROCEDENTE o pedido formulado pelo Autor, para:

  1. Determinar a revisão do contrato bancário celebrado entre as partes, excluindo as cláusulas abusivas, especialmente no que tange à capitalização de juros não pactuada e à cobrança de tarifas indevidas;
  2. Condenar o Réu à devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente, com base no artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor;
  3. Condenar o Réu ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 15% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil.

É como voto.


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