Modelo de Alegações Finais em Processo Penal: Pedido de Absolvição com Base na Insuficiência Probatória e Princípio do In Dubio Pro Reo

Publicado em: 19/03/2025 Direito Penal Processo Penal
Documento legal que apresenta as alegações finais no âmbito de um processo penal, no qual o acusado foi denunciado por lesão corporal no contexto da Lei Maria da Penha. A defesa argumenta pela absolvição com fundamento na insuficiência probatória, contradições nos depoimentos da vítima e aplicação do princípio do in dubio pro reo, conforme o CPP, art. 386, VII. Alternativamente, pleiteia a desclassificação da conduta para contravenção penal e a cessação de medidas cautelares, com base em jurisprudências pertinentes.

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _____________

Processo nº _____________

ALEGAÇÕES FINAIS

Por intermédio de seu advogado, devidamente constituído nos autos, vem o acusado, F. A. de S., à presença de Vossa Excelência, nos termos do CPP, art. 403, § 3º, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

PREÂMBULO

O acusado foi denunciado como incurso nas penas do CP, art. 129, § 9º, combinado com a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em razão de suposta prática de lesão corporal no âmbito doméstico e familiar contra a vítima, sua companheira, Sra. M. C. de S..

Contudo, conforme será demonstrado, a fragilidade do conjunto probatório, marcada por contradições entre os depoimentos da vítima na fase policial e em juízo, impõe a absolvição do acusado, com fundamento no princípio do in dubio pro reo e no CPP, art. 386, VII.

DOS FATOS

Consta na denúncia que, no dia __/__/____, o acusado teria agredido fisicamente a vítima, causando-lhe lesões corporais leves. Segundo o relato da vítima em sede policial, o acusado teria, sem qualquer provocação, desferido golpes que resultaram em hematomas em seu braço.

Entretanto, em juízo, sob o crivo do contraditório, a própria vítima apresentou versão completamente diversa, afirmando que a lesão decorreu de uma discussão acalorada, com troca de empurrões mútuos, sem que houvesse intenção do acusado em causar-lhe qualquer dano físico. A vítima ainda declarou que não deseja a condenação do réu e que os fatos foram mal interpretados no calor do momento.

Além disso, não há testemunhas presenciais que corroborem a versão inicial apresentada pela vítima, tampouco elementos probatórios que demonstrem, de forma inequívoca, o dolo do acusado em lesionar a ofendida.

DO DIREITO

O CP, art. 129, § 9º, exige, para a configuração do delito, a demonstração inequívoca do dolo específico de lesionar a vítima no âmbito das relações domésticas. No presente caso, a ausência de elementos probatórios consistentes e a contradição nos depoimentos da vítima inviabilizam a condenação do acusado.

Nos termos do CPP, art. 155, "o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação". Assim, o depoimento prestado pela vítima na fase policial, isolado e contraditório em relação ao prestado em juízo, não pode servir de base para um decreto condenatório.

Ademais, o princípio do in dubio pro reo, consagrado na CF/88, art. 5º, LVII, determina que, na ausência de"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Excelentíssimo Senhor Juiz

Processo nº _____________

Voto do Magistrado

Em análise do presente caso, em que o acusado F. A. de S. é imputado como incurso nas penas do CP, art. 129, § 9º, combinado com a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), cabe a este magistrado manifestar-se sobre os fatos e fundamentos apresentados, em atenção ao disposto na CF/88, art. 93, IX.

Dos Fatos

Os autos relatam que o acusado teria agredido fisicamente a vítima, sua companheira M. C. de S., causando-lhe lesões corporais leves. Contudo, em juízo, a vítima apresentou versão distinta daquela declarada na fase policial, relatando que a lesão decorreu de uma troca de empurrões mútuos durante uma discussão, sem intenção específica do acusado de causar dano.

Adicionalmente, não há testemunhas presenciais ou elementos probatórios que confirmem, de forma inequívoca, a prática dolosa do acusado.

Da Fundamentação Jurídica

Em conformidade com o CPP, art. 155, o juiz deve formar sua convicção pela análise da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente em elementos colhidos na investigação preliminar. No caso concreto, o depoimento prestado pela vítima na fase policial contrasta com seu relato em juízo, tornando insuficientes as provas para embasar uma condenação.

O princípio constitucional do in dubio pro reo, previsto na CF/88, art. 5º, LVII, estabelece que, na ausência de provas cabais e inequívocas, deve-se decidir em favor do réu. Ademais, conforme o CPP, art. 386, VII, a absolvição é a solução cabível quando não há prova suficiente para a condenação.

Da Jurisprudência

Casos similares foram analisados pelos tribunais, reforçando o entendimento de que a insuficiência probatória e a ausência de dolo específico justificam a absolvição do acusado:

  • TJRJ (OITAVA CÂMARA CRIMINAL) - Apelação Acórdão/TJRJ: Absolvição baseada no princípio do in dubio pro reo. Contradições no depoimento da vítima e ausência de dolo específico.
  • TJRJ (SÉTIMA CÂMARA CRIMINAL) - Apelação Acórdão/TJRJ: Insuficiência probatória e aplicação do princípio do in dubio pro reo. Absolvição decretada.
  • TJRJ (SEXTA CÂMARA CRIMINAL) - Apelação Acórdão/TJRJ: Violência doméstica. Insuficiência probatória. Sentença absolutória mantida.

Conclusão

Ante o exposto, considerando a fragilidade do conjunto probatório e em observância aos princípios constitucionais e legais aplicáveis, voto pela absolvição do acusado F. A. de S., com fulcro no CPP, art. 386, VII.

Ressalto que a dúvida razoável deve sempre beneficiar o réu, conforme o princípio do in dubio pro reo, e que a ausência de dolo específico inviabiliza a subsunção da conduta ao tipo penal imputado.

Assim, julgo procedente o pedido de absolvição e determino, caso haja restrições à liberdade do acusado, a cessação imediata de medidas cautelares impostas, ou a expedição de alvará de soltura, se for o caso.

Termos em que voto,

Pede deferimento.

Magistrado: ____________________________

Data: __/__/____


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