Modelo de Apresentação de Alegações Finais em Ação Penal por Acidente de Trânsito com Pedido de Absolvição ou Perdão Judicial

Publicado em: 12/12/2024 Direito Penal Processo Penal Trânsito
Alegações finais em processo criminal envolvendo crime de trânsito, em que o acusado é defendido quanto à ausência de provas técnicas suficientes para a condenação pelos crimes previstos nos artigos 302 e 303 do Código de Trânsito Brasileiro. O documento explora a inexistência de laudos periciais, violação ao contraditório, aplicação do princípio da presunção de inocência e solicita a absolvição do acusado ou, subsidiariamente, o perdão judicial com base no artigo 121, §5º, do Código Penal.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO FÉLIX DO XINGU – ESTADO DO PARÁ

Processo nº 0010768-63.2017.8.14.0053

PREÂMBULO

A. J. dos S., já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, nos termos do art. 403, §3º, do Código de Processo Penal (CPP, art. 403, §3º), pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

DOS FATOS

No dia 18 de dezembro de 2016, pela manhã, na zona rural do município de Tucumã, Estado do Pará, ocorreu um acidente de trânsito envolvendo o veículo conduzido pelo acusado, A. J. dos S., e uma motocicleta ocupada por duas vítimas, sendo o condutor da motocicleta (que veio a óbito) e o garupa (que sofreu lesões corporais leves).

O acidente ocorreu em uma estrada de chão, sem sinalização, em condições adversas devido às chuvas que deixaram o solo escorregadio. A colisão aconteceu em uma curva, onde a motocicleta colidiu lateralmente com a caminhonete conduzida pelo acusado, quebrando o retrovisor do lado do passageiro.

As vítimas não utilizavam capacetes no momento do acidente, e tudo indica que o condutor da motocicleta perdeu o controle na curva, resultando na colisão. Não há laudo pericial ou provas técnicas que confirmem a dinâmica do acidente, sendo a acusação baseada apenas no depoimento de uma testemunha ouvida na delegacia, que afirmou ter visto o acusado em alta velocidade antes do acidente, mas que não presenciou o ocorrido.

Após o acidente, o acusado parou o veículo, mas não prestou socorro às vítimas, temendo represálias, considerando o histórico de violência no município. Ele tentou pedir ajuda pelo celular, mas não havia sinal de internet. Ressalta-se que o acusado é primário, possui bons antecedentes e demonstrou profundo abalo emocional com o ocorrido.

DO DIREITO

Inicialmente, cumpre destacar que o acusado está sendo processado pelos crimes previstos nos arts. 302, inciso III, e 303 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Contudo, a análise dos elementos probatórios constantes nos autos revela a inexistência de provas suficientes para a condenação.

O art. 302 do CTB dispõe sobre o homicídio culposo na direção de veículo automotor, enquanto o art. 303 trata das lesões corporais culposas. Ambos os tipos penais exigem a demonstração de culpa em uma de suas modalidades (negligência, imprudência ou imperícia), bem como o nexo causal entre a conduta do agente e o resultado. No caso em tela, não há elementos técnicos ou periciais que comprovem a culpa do acusado.

A única prova apresentada pela acusação é o depoimento de uma testemunha ouvida apenas na fase policial, sem contraditório e ampla defesa, o que viola o disposto no art. 5º, LV, da Constituição Federal de 1988 (CF/88, art. 5º, LV). Além disso, tal testemunha não presenciou o acidente, limitando-se a afirmar que viu o acusado em alta velocidade antes do ocorrido, o que não é suficien"'>...

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RELATÓRIO

Trata-se de julgamento do processo nº Acórdão/TJSP, movido em face do acusado A. J. dos S., pelos crimes previstos nos artigos 302, inciso III, e 303 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Os fatos ocorreram no dia 18 de dezembro de 2016, em acidente de trânsito envolvendo o veículo do acusado e uma motocicleta, resultando na morte do condutor desta e lesões leves em seu garupa.

Em síntese, o Ministério Público sustenta a culpa do acusado, enquanto a defesa alega a inexistência de provas suficientes, levantando ainda a possibilidade de fatores externos interferentes no evento danoso. Tais elementos serão analisados à luz do direito e da Constituição Federal.

FUNDAMENTAÇÃO

1. Da Presunção de Inocência e Ônus da Prova

De início, vale destacar que o princípio da presunção de inocência, consagrado no art. 5º, LVII, da Constituição Federal de 1988 (CF/88), estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Assim, cabe ao Ministério Público o ônus de demonstrar, de forma inequívoca, a culpa do acusado.

No caso em análise, a acusação se baseia unicamente no depoimento de uma testemunha ouvida na fase policial, sem contraditório e sem presenciar diretamente o acidente. Não foram produzidas provas técnicas ou periciais que pudessem corroborar o relato apresentado, o que fragiliza sobremaneira a tese acusatória.

2. Da Análise dos Fatos e da Culpa

A dinâmica do acidente demonstra que as condições adversas da estrada, aliadas à ausência de sinalização e ao fato de as vítimas não estarem utilizando capacetes, configuram fatores externos que contribuíram para o evento. Tais elementos rompem o nexo causal direto entre a condução do veículo pelo acusado e os resultados danosos.

Ademais, a ausência de provas técnicas que atestem a suposta alta velocidade do veículo conduzido pelo acusado e a inexistência de elementos que demonstrem negligência, imprudência ou imperícia inviabilizam a configuração de culpa nos moldes exigidos pelos arts. 302 e 303 do Código de Trânsito Brasileiro.

3. Do Perdão Judicial

Subsidiariamente, caso se entenda pela condenação do acusado, é cabível a aplicação do perdão judicial, nos termos do art. 121, §5º, do Código Penal, considerando o abalo emocional sofrido pelo réu em razão do acidente e a ausência de dolo em sua conduta. Tal medida encontra respaldo na jurisprudência e na função humanizadora do Direito Penal.

4. Precedentes Jurisprudenciais

A jurisprudência pátria exige provas robustas para a responsabilização penal em crimes culposos no trânsito. No presente caso, a ausência de laudos técnicos e a fragilidade das provas apresentadas pela acusação reforçam a necessidade de absolvição, em consonância com decisões recentes:

  • TJSP - Apelação Criminal Acórdão/TJSP: "A condenação foi mantida com base em provas técnicas e periciais, o que não ocorre no presente caso."
  • TJSP - Apelação Criminal Acórdão/TJSP: "Ausência de provas robustas inviabiliza a condenação do acusado."

DISPOSITIVO

Ante o exposto, em respeito ao princípio da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) e à ausência de provas suficientes para a condenação, JULGO IMPROCEDENTE o pedido acusatório e ABSOLVO o réu A. J. dos S., com fulcro no art. 386, incisos III e VII, do Código de Processo Penal.

Subsidiariamente, caso se entenda pela condenação, determino a aplicação do perdão judicial, nos termos do art. 121, §5º, do Código Penal, em razão do abalo emocional do acusado e da ausência de dolo.

São Félix do Xingu, ___ de __________ de 2024.

___________________________________
Magistrado


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