Modelo de Contestação à Responsabilidade do Município de Porto Alegre por Enchentes de Maio de 2024

Publicado em: 21/10/2024 AdministrativoCivel
Contestação apresentada no âmbito de ação contra o Município de Porto Alegre, RS, em que as autoras pleiteiam indenizações por danos materiais e morais em virtude de enchentes ocorridas em maio de 2024. O documento aborda preliminares como a legitimidade passiva do Município, do Estado do RS e da União, além da competência da Justiça Estadual. No mérito, fundamenta a responsabilidade objetiva do Município pela omissão na manutenção do sistema de drenagem e adoção de medidas preventivas, afastando a tese de força maior. Inclui referências à Constituição Federal, Código de Processo Civil e jurisprudências relevantes.

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE PORTO ALEGRE – RS

PROCESSO Nº: 5005237-63.2024.8.21.5001

1. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DO PROCESSO

AUTORAS: A. de V. de O. e outros

RÉU: Município de Porto Alegre

2. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO

O Município de Porto Alegre apresentou contestação na qual sustenta, em síntese, a inexistência de responsabilidade civil em razão das enchentes ocorridas em maio de 2024, alegando tratar-se de evento de força maior. Aponta ainda a ilegitimidade passiva do Município, do Estado do RS e da União, bem como a incompetência da Justiça Estadual. Impugna o pedido de justiça gratuita e o valor atribuído à causa.

3. PRELIMINARES

3.1. IMPUGNAÇÃO À ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE

O Município é parte legítima para figurar no polo passivo da presente demanda, pois é o ente federativo responsável pela manutenção do sistema de drenagem urbana e pela adoção de medidas preventivas para evitar alagamentos. A responsabilidade do Município decorre do CF/88, art. 30, I e V, que lhe atribui competência para legislar sobre assuntos de interesse local e prestar serviços públicos de interesse local, como saneamento básico e drenagem urbana.

3.2. IMPUGNAÇÃO À ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DO ESTADO DO RS

O Estado do RS também é parte legítima, nos termos da Lei 12.608/2012, art. 7º, que lhe impõe o dever de executar a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil em seu território, coordenando ações com a União e os Municípios. A omissão estatal na adoção de medidas preventivas e de resposta contribuiu para a ocorrência dos danos.

3.3. IMPUGNAÇÃO À ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO

A União pode ser incluída no polo passivo, mas sua ausência não impede o prosseguimento da demanda contra os demais entes. A jurisprudência admite a responsabilização solidária dos entes federativos, conforme o CF/88, art. 37, §6º. A ausência da União não acarreta a incompetência da Justiça Estadual, conforme entendimento consolidado do STJ.

3.4. IMPUGNAÇÃO À ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL

Não há litisconsórcio passivo necessário entre os entes federativos. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a presença da União no polo passivo não é obrigatória para o processamento da demanda contra o Município. Assim, a Justiça Estadual é competente para julgar a presente ação, nos termos do CF/88, art. 109, I, que exige a presença da União como parte para atrair a competência da Justiça Federal, o que não é o caso.

3.5. IMPUGNAÇÃO À IMPUGNAÇÃO DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

Os autores juntaram declarações de hipossuficiência e documentos que demonstram sua condição econômica. A jurisprudência é pacífica no sentido de que a simples declaração de hipossuficiência goza de presunção relativa de veracidade (CPC/2015, art. 99, §3º). O Município não apresentou prova suficiente para afastar essa presunção.

3.6. IMPUGNAÇÃO À IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

O valor da causa foi corretamente atribuído com base no valor individual de cada pedido, conforme o CPC/2015, art. 292, VI. Em litisconsórcio ativo facultativo, o valor da causa deve ser considerado individualmente para cada autor, não havendo soma dos pedidos para fins de fixação da competência ou admissibilidade.

4. DO MÉRITO

4.1. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE

O Município responde objetiva"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Processo nº: 5005237-63.2024.8.21.5001

Autor(es): A. de V. de O. e outros

Réu: Município de Porto Alegre

I – Relatório

Trata-se de ação indenizatória por danos materiais e morais proposta por A. de V. de O. e demais autores em face do Município de Porto Alegre, em razão de prejuízos decorrentes de alagamentos ocorridos no mês de maio de 2024.

O Município apresentou contestação, alegando, em síntese, força maior, ilegitimidade passiva, incompetência da Justiça Estadual, impugnação ao pedido de justiça gratuita e ao valor da causa.

II – Fundamentação

A) Das Preliminares

Rejeito todas as preliminares suscitadas pelo réu:

1. Ilegitimidade Passiva: O Município de Porto Alegre é parte legítima, conforme o art. 30, incisos I e V da Constituição Federal, sendo responsável pela prestação de serviços públicos locais, como drenagem urbana.

2. Incompetência da Justiça Estadual: A ausência da União no polo passivo afasta a competência da Justiça Federal, conforme art. 109, I da CF/88. A jurisprudência do STJ é pacífica nesse sentido.

3. Justiça Gratuita: Os autores apresentaram declaração de hipossuficiência, presumida verdadeira conforme art. 99, §3º do CPC/2015. O Município não apresentou prova suficiente para afastar tal presunção.

4. Valor da Causa: Nos termos do art. 292, VI do CPC/2015, o valor da causa foi corretamente atribuído de forma individual para cada autor, sendo facultativo o litisconsórcio ativo.

B) Do Mérito

Responsabilidade Objetiva: O Município de Porto Alegre responde objetivamente pelos danos causados, conforme art. 37, §6º da Constituição Federal, quando há omissão na manutenção do sistema de drenagem urbana.

Força Maior Afastada: O fenômeno climático, embora intenso, era previsível e recorrente, não podendo ser considerado força maior. A omissão administrativa rompe o nexo causal.

Nexo de Causalidade: Comprovado o nexo entre a omissão do ente público e os danos sofridos, sendo que a ausência de medidas preventivas e de manutenção contribuiu diretamente para o evento danoso.

Danificação e Dano Moral: Restou evidenciado que os autores sofreram danos materiais e morais em decorrência da inundação, com perda de bens e violação à dignidade. A jurisprudência pátria reconhece tal situação como ensejadora de indenização.

Aplicação do Direito: Nos termos do art. 37, §6º da CF/88 e art. 927, parágrafo único do Código Civil, a responsabilidade é objetiva e independe de culpa, bastando a demonstração do dano e do nexo causal.

III – Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX da Constituição Federal, que exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, julgo procedente o pedido para:

  • Confirmar a legitimidade passiva do Município de Porto Alegre;
  • Reconhecer a competência da Justiça Estadual;
  • Conceder o benefício da justiça gratuita aos autores;
  • Manter o valor da causa atribuído na inicial;
  • Condenar o Município de Porto Alegre ao pagamento de indenização por danos materiais e morais aos autores, em valores a serem apurados em liquidação de sentença, observando-se os parâmetros jurisprudenciais;
  • Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º do CPC.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Porto Alegre, 30 de setembro de 2024.

Juiz(a) de Direito
Juizado Especial da Fazenda Pública – Porto Alegre/RS


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Modelo de Réplica à Contestação em Ação Indenizatória por Danos Morais e Materiais contra o Município de Porto Alegre devido a Enchentes de Maio/2024

Modelo de Réplica à Contestação em Ação Indenizatória por Danos Morais e Materiais contra o Município de Porto Alegre devido a Enchentes de Maio/2024

Publicado em: 14/10/2024 AdministrativoCivel

A presente peça processual trata-se de uma réplica à contestação apresentada pelo Município de Porto Alegre em uma Ação Indenizatória movida por Anaderge D. de L. e outros. O documento refuta preliminares como ilegitimidade passiva, incompetência da Justiça Estadual, e ausência de responsabilidade municipal pelos danos causados pelas enchentes ocorridas em maio de 2024. Fundamentos jurídicos incluem a responsabilidade objetiva do Município por omissão no dever de manutenção do sistema de drenagem urbana, conforme a Constituição Federal de 1988, artigos 30 e 37, além de jurisprudências consolidadas do STJ e de tribunais estaduais. O pedido contraposto do réu também é combatido, reforçando o direito dos autores à indenização por danos morais e materiais. A peça conclui requerendo o afastamento das preliminares, o reconhecimento das responsabilidades do Município e a procedência integral dos pedidos de indenização.

Acessar

Modelo de Réplica à Contestação do Município de Porto Alegre/RS em Ação de Indenização por Danos Decorrentes de Enchentes

Modelo de Réplica à Contestação do Município de Porto Alegre/RS em Ação de Indenização por Danos Decorrentes de Enchentes

Publicado em: 14/03/2025 AdministrativoCivel

Réplica apresentada pelos autores BRUNA DE LIMA SOARES, JULIANA DIAS ALVES DA SILVA, MAICO FELIX AVILA, MAURÍCIO OLIVEIRA MANGANELLI e VICTORIA SILVA DE AVILA à contestação do Município de Porto Alegre/RS, em ação judicial que busca indenização por danos materiais e morais causados por enchentes no Rio Grande do Sul, em maio de 2024. O documento refuta a alegação de ausência de comprovação de residência, reafirma a responsabilidade objetiva do ente público com base no art. 37, §6º, da CF/88, e apresenta provas documentais atualizadas, bem como fundamentações legais e jurisprudenciais que demonstram negligência na adoção de medidas preventivas.

Acessar

Modelo de Réplica em Ação Indenizatória - Enchentes de Maio/2024

Modelo de Réplica em Ação Indenizatória - Enchentes de Maio/2024

Publicado em: 04/11/2024 AdministrativoCivel

Este modelo refere-se a uma réplica apresentada pela parte autora em uma ação indenizatória contra o Município de Porto Alegre. O documento busca responder aos argumentos da contestação, especialmente em relação à alegação ofensiva sobre a petição inicial e à necessidade de litisconsórcio facultativo, além de reforçar a responsabilidade do Município pelos danos causados pelas enchentes de maio de 2024.

Acessar

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.