Modelo de Contra Parecer em Memorial com Fundamentação na Inexigibilidade de Conduta Diversa e Discussão sobre Dolo e Constitucionalidade no FUNRURAL
Publicado em: 30/01/2025 Direito Penal Processo Penal TributárioCONTRA PARECER
MEMORIAL
Processo nº: [INSERIR NÚMERO DO PROCESSO]
Apelante: R. das C.
Apelado: Ministério Público Federal
PREÂMBULO
Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator,
R. das C., já qualificado nos autos, por meio de seu advogado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar o presente CONTRA PARECER, em forma de memorial, em face do parecer apresentado pelo Ministério Público Federal, nos termos do art. 10, §1º da CF/88 e demais dispositivos aplicáveis, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
DOS FATOS
O apelante foi condenado pela prática dos crimes previstos no art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90 e no art. 337-A do CP, sob o fundamento de que teria suprimido tributos mediante omissão de informações ao fisco. A sentença fixou pena privativa de liberdade de 5 anos e 10 meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, além de multa.
Em sua apelação, o acusado alegou a inexigibilidade de conduta diversa, em razão de grave crise econômico-financeira enfrentada pela empresa à época dos fatos, priorizando o pagamento de fornecedores e salários de empregados. Ademais, apontou a inconstitucionalidade da sub-rogação na contribuição ao FUNRURAL, conforme entendimento do STF na ADI nº 4395.
O Ministério Público Federal, em parecer, manifestou-se pelo não provimento do recurso, sustentando que não restou comprovada a impossibilidade de cumprimento das obrigações tributárias e que a tese de inexigibilidade de conduta diversa não se aplica ao caso.
DO DIREITO
O presente memorial visa demonstrar que a tese de inexigibilidade de conduta diversa, sustentada pelo apelante, encontra respaldo no ordenamento jurídico e na doutrina, sendo aplicável ao caso concreto.
1. DA INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
A inexigibilidade de conduta diversa é uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade, aplicável quando o agente, diante de circunstâncias excepcionais, não possui condições de agir de maneira diversa da que agiu. Trata-se de um princípio basilar do Direito Penal, que visa garantir a justiça e a proporcionalidade na aplicação da norma penal.
No caso em tela, o apelante demonstrou que a empresa enfrentava uma grave crise financeira, decorrente de fatores externos, como intempéries climáticas e dificuldades no mercado de comercialização de gado. Tais circunstâncias obrigaram a priorização de pagamentos essenciais, como salários e encargos sociais, em detrimento do recolhimento de tributos.
O art. 337-A do CP e o art. 1º da Lei nº 8.137/90 exigem dolo na conduta do agente. No entanto, a situação enfrentada pelo apelante revela a ausência de dolo específico, uma vez que sua conduta foi motivada pela necessidade de preservar a continuidade das atividades empresariais e os empregos de seus funcionários.
2. DA AUSÊNCIA DE PROVAS CABAIS SOBRE O DOLO
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