Modelo de Apresentação de Alegações Finais na Forma de Memorial com Fundamentação Jurídica sobre Legítima Defesa e Ausência de Dolo em Caso de Lesão Corporal

Publicado em: 09/09/2024 Processo Civil Direito Penal Processo Penal
Documento elaborado para a 6ª Vara Criminal da Comarca de Santos/SP, contendo as alegações finais na forma de memorial em defesa de réu acusado de lesão corporal. O memorial fundamenta-se na excludente de ilicitude da legítima defesa, na ausência de dolo específico, na inexistência de interesse da vítima na responsabilização penal e na inaplicabilidade de agravantes. O documento também pleiteia a aplicação de medidas despenalizadoras, como a suspensão condicional do processo, com base no art. 89 da Lei nº 9.099/95.

MEMORIAL

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 6ª Vara Criminal da Comarca de Santos/SP

Processo nº: [inserir número do processo]

LUÍZ, já qualificado nos autos, por intermédio de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal (CPP), apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS NA FORMA DE MEMORIAL, nos termos que seguem:

PREÂMBULO

O presente memorial tem como objetivo demonstrar que a conduta do réu não configura o crime de lesão corporal previsto no CP, art. 129, §9º, considerando a ausência de dolo específico, a aplicação da excludente de ilicitude da legítima defesa e a ausência de interesse da vítima na responsabilização penal do acusado. Além disso, busca-se afastar a incidência da agravante prevista no CP, art. 61, I, e pleitear a aplicação de medidas despenalizadoras previstas na legislação.

DOS FATOS

Na madrugada do dia 1º de janeiro de 2020, durante a celebração de Ano Novo, o réu estava em sua residência com seus filhos e seu irmão, Igor. Em razão do acionamento de fogos de artifício, o telhado da casa começou a pegar fogo, causando pânico entre os presentes.

O réu, devido à sua idade avançada e dificuldade de locomoção, ficou por último na tentativa de evacuar o imóvel. Ao perceber que o fogo estava prestes a atingi-lo, desferiu um soco na cabeça de Igor, que estava à sua frente, para conseguir sair da residência. Igor conseguiu deixar o local, embora tenha sofrido uma lesão leve na cabeça.

Posteriormente, o réu levou o irmão para atendimento médico e arcou com todas as despesas do tratamento. Igor declarou não ter interesse em responsabilizar criminalmente o réu.

DO DIREITO

1. DA LEGÍTIMA DEFESA

Nos termos do CP, art. 25, considera-se em legítima defesa aquele que, "usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem".

No caso em tela, o réu agiu para proteger sua própria vida, diante do perigo iminente representado pelo incêndio que consumia a residência. A conduta foi proporcional e necessária para garantir sua sobrevivência, configurando a excludente de ilicitude da legítima defesa.

2. DA AUSÊNCIA DE DOLO

O tipo penal previsto no CP, art. 129, exige a presença de dolo, ainda que genérico, para sua configuração. No entanto, o réu não agiu com a intenção de lesionar seu irmão, mas sim com o objetivo de salvar sua própria vida. A ausência de dolo específico afasta a tipicidade da conduta.

3. DA AUSÊNCIA DE INTERESSE DA VÍTIMA

Conforme narrado nos autos, a vítim"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação penal em que o réu, Luiz, foi denunciado pela prática do crime de lesão corporal, tipificado no art. 129, §9º, do Código Penal (CP). A acusação baseia-se no evento ocorrido em 1º de janeiro de 2020, quando, diante de um incêndio em sua residência, o réu desferiu um soco na cabeça de seu irmão, Igor, para conseguir evacuar o imóvel. A vítima sofreu lesões leves e declarou não ter interesse em responsabilizar o acusado criminalmente.

Fundamentação

1. Dos Fatos e da Legítima Defesa

Conforme narrado nos autos, a conduta do réu foi motivada por uma situação de emergência, decorrente do incêndio que consumia sua residência. Ao desferir o golpe contra a vítima, o réu agiu para salvar a própria vida, diante do perigo iminente representado pelas chamas. Nos termos do art. 25 do Código Penal, configura-se legítima defesa quando o agente repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, utilizando-se moderadamente dos meios necessários.

No caso em tela, verifica-se que o réu utilizou meio proporcional ao risco enfrentado, não havendo excesso em sua conduta. Assim, resta configurada a excludente de ilicitude da legítima defesa, afastando-se a tipicidade penal do ato praticado.

2. Da Ausência de Dolo

O tipo penal do art. 129 do Código Penal exige a presença de dolo, ainda que genérico, para sua configuração. No entanto, os autos demonstram que o réu não agiu com a intenção de causar dano à vítima, mas sim para proteger a própria vida. A ausência de dolo específico afasta a tipicidade da conduta, reforçando a inexistência de crime.

3. Da Declaração da Vítima

A vítima, Igor, declarou expressamente não ter interesse em responsabilizar o réu criminalmente, o que reforça a ausência de necessidade de intervenção penal no caso em análise. O direito penal deve ser aplicado como última ratio, especialmente quando inexistem elementos que demonstrem a necessidade de repressão estatal.

4. Das Medidas Despenalizadoras

Ainda que se admitisse, em caráter subsidiário, a tipicidade da conduta, verifica-se que o réu faz jus à aplicação do benefício da suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei nº 9.099/95. Ressalta-se que o caso em tela não se enquadra nas hipóteses de violência doméstica ou familiar contra a mulher, previstas no art. 41 da Lei nº 11.340/06, não havendo óbice à concessão da medida.

5. Da Não Incidência da Agravante do Art. 61, I, do CP

O Ministério Público pleiteia a aplicação da agravante prevista no art. 61, I, do Código Penal, em virtude da idade avançada do réu. Contudo, tal agravante não se aplica ao caso em análise, pois a conduta do acusado foi motivada por uma situação de emergência, não havendo elementos que demonstrem maior reprovabilidade em seu comportamento.

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, voto por:

  • Conhecer do recurso interposto pelo Ministério Público;
  • Julgar improcedente a denúncia, reconhecendo a legítima defesa praticada pelo réu;
  • Subsidiariamente, afastar a tipicidade da conduta em virtude da ausência de dolo específico;
  • Rejeitar a aplicação da agravante prevista no art. 61, I, do Código Penal.

É como voto.

Santos/SP, 25 de janeiro de 2021.

[Assinatura do Magistrado]

Nome do Magistrado


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