Modelo de Impugnação ao Laudo Pericial em Ação de Usucapião Requerendo Nova Perícia e Garantia do Contraditório

Publicado em: 25/02/2025 CivelProcesso Civil Direito Imobiliário Sucessão
Documento jurídico que apresenta impugnação a um laudo pericial em ação de usucapião, fundamentado no CPC/2015, art. 466, §2º. A impugnação é motivada por falhas no laudo que desconsideram a divisão patrimonial previamente adjudicada e a análise de documentos comprobatórios da titularidade do imóvel. O requerente solicita a nulidade do laudo, a realização de nova perícia com perito imparcial e a garantia do contraditório e ampla defesa, além da condenação da parte autora ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios.

IMPUGNAÇÃO AO LAUDO PERICIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________

Processo nº ____________

A. J. dos S., já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no CPC/2015, art. 466, §2º, apresentar a presente IMPUGNAÇÃO AO LAUDO PERICIAL, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

Trata-se de ação de usucapião ajuizada por M. F. da S., companheira do falecido pai do impugnante, na qual pleiteia o reconhecimento da posse exclusiva sobre a totalidade do imóvel em questão. Contudo, a parte autora busca usucapir a fração do imóvel pertencente aos herdeiros do falecido, ignorando o fato de que a outra metade do imóvel já foi adjudicada ao filho da autora, conforme decisão judicial transitada em julgado.

Durante o curso do processo, foi realizado laudo pericial, o qual, no entanto, apresenta graves falhas, pois desconsidera a divisão patrimonial existente e não analisa adequadamente os documentos que comprovam a titularidade da fração pertencente aos herdeiros. Tal omissão compromete a imparcialidade e a validade do laudo, prejudicando os direitos dos herdeiros.

DO DIREITO

A impugnação ao laudo pericial fundamenta-se no CPC/2015, art. 466, §2º, que exige que o perito observe os elementos constantes nos autos e fundamente adequadamente suas conclusões. No caso em tela, o laudo pericial não considerou a adjudicação da metade do imóvel ao filho da autora, tampouco analisou os documentos que comprovam a titularidade da fração pertencente aos herdeiros.

Ademais, o princípio do contraditório, previsto no CPC/2015, art. 7º, foi violado, uma vez que o laudo pericial não foi elaborado de forma a permitir a efetiva participação das partes interessadas, especialmente no que diz respeito à análise dos documentos comprobatórios.

O princípio da imparcialidade, basilar no processo civil, também foi comprometido, pois o perito deixou de considerar elementos essenciais para a correta avaliação da controvérsia, o que configura prejuízo"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de impugnação ao laudo pericial apresentada por A. J. dos S., no curso de ação de usucapião ajuizada por M. F. da S., companheira do falecido pai do impugnante, que pleiteia o reconhecimento da posse exclusiva sobre a totalidade do imóvel. O impugnante alega que o laudo pericial apresenta graves falhas ao desconsiderar a divisão patrimonial existente e os documentos comprobatórios da titularidade dos herdeiros.

O objeto da presente análise consiste na apreciação da nulidade do laudo pericial, com fundamento no art. 466, §2º, do CPC/2015, e na possibilidade de realização de nova perícia, diante das alegações de parcialidade e violação do princípio do contraditório.

II. Fundamentação

1. Dos Fatos e dos Fundamentos Jurídicos

Conforme narrado nos autos, o laudo pericial não analisou adequadamente os documentos que comprovam a titularidade da fração pertencente aos herdeiros, tampouco considerou a adjudicação de metade do imóvel ao filho da autora. Tal situação configura flagrante violação ao art. 466, §2º, do CPC/2015, que exige que o perito observe os elementos constantes nos autos e fundamente adequadamente suas conclusões.

Ainda, o princípio do contraditório, consagrado no art. 7º do CPC/2015 e no art. 5º, LV, da Constituição Federal, foi prejudicado, uma vez que as partes interessadas não tiveram a oportunidade de participar de forma efetiva na elaboração do laudo pericial.

Ademais, a imparcialidade, princípio basilar do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF/88), foi comprometida, dado que o perito desconsiderou elementos essenciais à solução da controvérsia. A ausência de análise técnica adequada gera prejuízo evidente à parte impugnante.

2. Jurisprudência Aplicável

A jurisprudência consolidada nos Tribunais reforça a necessidade de análise técnica e imparcial do laudo pericial, sob pena de nulidade. Destaco os seguintes precedentes:

TJSP, Agravo de Instrumento 2230899-60.2023.8.26.0000: \"Não se declara nulidade de prova pericial quando o agravante não demonstra prejuízo concreto decorrente do procedimento adotado, especialmente quando teve a oportunidade de impugná-lo e não o fez.\" (Rel. Des. Achile Alesina, julgado em 14/10/2024)
TJSP, Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP: \"A avaliação de bens penhorados, quando impugnada e diante da necessidade de conhecimento técnico especializado, deve ser realizada por perito nomeado pelo juízo, nos termos do art. 870, parágrafo único, do CPC.\" (Rel. Des. Achile Alesina, julgado em 14/10/2024)

Ambos os precedentes demonstram a indispensabilidade de observância ao contraditório e de análise técnica imparcial, especialmente em casos que envolvem direitos patrimoniais.

3. Da Aplicação do Direito ao Caso Concreto

No caso em tela, resta evidente que o laudo pericial não observou os ditames legais e constitucionais aplicáveis, comprometendo a validade do ato processual. O prejuízo concreto é inequívoco, visto que a omissão do perito prejudicou a análise da divisão patrimonial existente e dos documentos comprobatórios apresentados pelos herdeiros.

Assim, há fundamento para a declaração de nulidade do laudo pericial, com base no art. 466, §2º, do CPC/2015, e para a determinação de nova perícia, a ser realizada por perito imparcial e qualificado, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa.

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, julgo procedente o pedido de impugnação ao laudo pericial, para reconhecer sua nulidade e determinar a realização de nova perícia, observando-se as seguintes diretrizes:

  1. A nomeação de novo perito imparcial e tecnicamente qualificado;
  2. A análise detalhada dos documentos constantes nos autos que comprovam a titularidade dos herdeiros;
  3. A garantia do contraditório e da ampla defesa, nos termos do art. 7º do CPC/2015;
  4. Afastar qualquer possibilidade de prejuízo às partes interessadas.

Intimem-se as partes para ciência e cumprimento desta decisão. Custas processuais e honorários advocatícios ficam reservados para apreciação em momento oportuno.

É como voto.

Local e data: ____________

___________________________________
Nome do Magistrado
Cargo


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