Modelo de Sustentação Oral em Defesa de Acusado por Crime de Roubo - Ausência de Provas de Autoria e Materialidade

Publicado em: 29/01/2025 Direito Penal Processo Penal
Sustentação oral apresentada em caso de crime de roubo, argumentando a ausência de provas concretas de autoria e materialidade do delito. O documento busca a absolvição do acusado com base no princípio do in dubio pro reo e na insuficiência de elementos probatórios. São utilizados fundamentos jurídicos sólidos, incluindo dispositivos do Código de Processo Penal e da Constituição Federal, além de jurisprudências relevantes que reforçam a necessidade de provas idôneas para condenação.

SUSTENTAÇÃO ORAL

CRIME DE ROUBO - AUSÊNCIA DE PROVAS DE AUTORIA E MATERIALIDADE

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ___

Processo nº: ___

Nome do Acusado: A. J. dos S.

Por intermédio de seu advogado, devidamente constituído nos autos, vem, respeitosamente, apresentar sua sustentação oral em defesa do acusado, com base nos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos.

DOS FATOS

O acusado, A. J. dos S., foi condenado à pena de 10 (dez) anos de reclusão pela suposta prática do crime de roubo, sem que houvesse provas concretas de autoria e materialidade. Não houve flagrante delito, tampouco reconhecimento pelas vítimas. O inquérito policial, conduzido pela autoridade competente, limitou-se a apontar "fortes indícios" de participação do acusado, sem qualquer comprovação efetiva de sua autoria no delito.

Ademais, a condenação foi proferida com base em elementos frágeis e insuficientes, contrariando o princípio do in dubio pro reo, que exige a absolvição do réu em caso de dúvida razoável quanto à sua culpabilidade.

DO DIREITO

Conforme preconiza o CPP, art. 155, a condenação criminal deve ser fundamentada em provas concretas e inequívocas, produzidas sob o crivo do contraditório. No presente caso, não há elementos probatórios que demonstrem, de forma segura, a participação do acusado no crime de roubo.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, LVII, estabelece que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Tal princípio reforça a necessidade de provas robustas e irrefutáveis para a condenação, o que não se verifica nos autos.

Além disso, o princípio do in dubio pro reo, consagrado no CPP, art. 386, VII, determina que, na ausência de provas suficientes, a dúvida deve ser interpretada em favor do réu. A condenação baseada em meros indícios ou presunções viola frontalmente esse princípio.

Doutrinadores renomados, como Guilherme de Souza Nucci, destacam que "o processo penal deve buscar a verdade real, mas sem jamais prescindir das garantias fundamentais do acusado, sendo inadmissível a condenação sem provas suficientes e idôneas".

Ademais, a ausência de reconhecimento formal do acusado pelas vítimas e a inexistência de flagrante delito tornam ainda mais frágeis os fundamentos da condenação, conforme e"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de recurso interposto pela defesa do acusado, A. J. dos S., contra a sentença proferida pelo juízo da ___ Vara Criminal da Comarca de ___, que condenou o réu à pena de 10 (dez) anos de reclusão pela prática do crime de roubo, sem que houvesse provas concretas de autoria e materialidade. A defesa alega insuficiência de provas e requer a aplicação do princípio do in dubio pro reo, bem como a absolvição do réu ou a realização de nova instrução processual.

II. Fundamentação

2.1. Dos Fatos

Os autos demonstram que a condenação do acusado foi sustentada em “fortes indícios” de sua participação no delito. Contudo, não houve flagrante delito, tampouco reconhecimento pelas vítimas, e nenhum elemento probatório concreto foi produzido para comprovar a autoria ou a materialidade do crime imputado ao réu.

O Código de Processo Penal (CPP), em seu art. 155, dispõe que \"o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial\". No presente caso, a ausência de provas concretas compromete gravemente a validade da condenação.

2.2. Do Direito

Conforme o art. 5º, LVII, da Constituição Federal de 1988 (CF/88), \"ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória\". Esse princípio de presunção de inocência exige que a condenação seja lastreada em provas robustas e inequívocas, o que não ocorre nos presentes autos.

Além disso, a aplicação do princípio do in dubio pro reo, previsto no CPP, art. 386, VII, é obrigatória em casos onde há dúvida razoável quanto à culpabilidade do acusado. A jurisprudência pátria reafirma que, na ausência de provas suficientes, a dúvida deve ser interpretada em favor do réu.

Doutrinadores, como Guilherme de Souza Nucci, destacam que \"o processo penal deve buscar a verdade real, mas sem jamais prescindir das garantias fundamentais do acusado, sendo inadmissível a condenação sem provas suficientes e idôneas\".

2.3. Da Jurisprudência

Cito, por oportuno, precedentes judiciais que corroboram a necessidade de provas concretas para a condenação:

  1. TJSP (7ª Câmara de Direito Criminal) - Apelação Criminal Acórdão/TJSP: Em caso análogo, o Tribunal absolveu o réu por insuficiência de provas, destacando que \"não se despreza a palavra do ofendido, mas ela não é suficiente para a segura condenação do ora recorrente\".
  2. STJ (2ª Turma) - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2.123.334 - MG: O Superior Tribunal de Justiça reafirmou que a confissão extrajudicial, por si só, não é suficiente para embasar uma condenação, sendo necessária a existência de outras provas que corroborem a hipótese acusatória.
  3. TJSP (13ª Câmara de Direito Criminal) - Apelação Criminal Acórdão/TJSP: O Tribunal reforçou que dúvidas razoáveis quanto à autoria devem ser interpretadas em favor do réu, ressaltando que \"a condenação não pode se basear exclusivamente em elementos indiciários\".

III. Conclusão

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige a devida fundamentação das decisões judiciais, e considerando a ausência de provas concretas nos autos, voto no sentido de dar provimento ao recurso interposto pela defesa, para:

  1. Absolver o réu, com fundamento no CPP, art. 386, VII, em razão da inexistência de provas suficientes de autoria e materialidade;
  2. Subsidiariamente, determinar a realização de nova instrução processual, com a devida produção de provas idôneas sob o crivo do contraditório;
  3. Reconhecer e aplicar o princípio do in dubio pro reo, em respeito às garantias constitucionais do acusado.

IV. Dispositivo

Diante do exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento para absolver o réu, com fulcro no art. 386, VII, do Código de Processo Penal. Determino, ainda, que sejam expedidas as comunicações necessárias para o cumprimento desta decisão.

É como voto.

Local e Data

__________________________________________

Magistrado


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