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Acúmulo de Funções e Jus Variandi

Publicado em: 23/10/2024 Trabalhista
Análise sobre o acúmulo de funções e o poder diretivo do empregador (jus variandi), especialmente quando não há demonstração de maior complexidade ou responsabilidade nas funções adicionais desempenhadas pelo empregado.

O acúmulo de funções não se caracteriza quando as atividades desempenhadas são compatíveis com a função contratada e não demonstram maior complexidade ou responsabilidade. O jus variandi do empregador permite variações nas atribuições, desde que sejam compatíveis com a condição pessoal do empregado, sem violar o contrato inicial.

Súmulas:

  • Súmula 126/TST: Veda o reexame de fatos e provas em sede de recurso de revista.
  • Súmula 91/TST: Define que o simples acúmulo de funções, sem maior responsabilidade ou complexidade, não justifica adicional.

Legislação:

 


- CLT, art. 468. Regula a alteração das condições contratuais e o acúmulo de funções. - CCB/2002, art. 884. Estabelece que ninguém deve se enriquecer ilicitamente às custas de outrem. - CPC/2015, art. 1.021. Dispõe sobre os recursos e os efeitos de suas decisões no processo civil.

 


Informações complementares

TÍTULO:
ANÁLISE SOBRE O ACÚMULO DE FUNÇÕES E O PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR (JUS VARIANDI)



1. Introdução
No âmbito do direito trabalhista, o acúmulo de funções e o poder diretivo do empregador, conhecido como jus variandi, são temas que geram debates. O empregador tem a prerrogativa de organizar e modificar a forma como o trabalho é executado, desde que isso não cause prejuízos ao empregado e respeite os limites do contrato de trabalho. Entretanto, quando o empregado alega acúmulo de funções, é necessário verificar se houve aumento significativo da complexidade ou da responsabilidade nas novas tarefas. Caso contrário, a alteração pode ser considerada dentro do poder diretivo do empregador, sem que haja direito a remuneração adicional.

Legislação:



CF/88, art. 7º, VI - Proíbe a redução salarial, exceto se pactuada por acordo ou convenção coletiva.

CLT, art. 468 - Dispõe que só é lícita a alteração das condições de trabalho por mútuo consentimento, e desde que não resulte, direta ou indiretamente, em prejuízos ao empregado.

CCB/2002, art. 421-A - Assegura a livre iniciativa nas relações contratuais, desde que respeitados os princípios de boa-fé e função social do contrato.

Jurisprudência:



Acúmulo de Funções

Jus Variandi

Alteração Contratual - Prejuízo ao Trabalhador


2. Acúmulo de Funções
O acúmulo de funções ocorre quando o empregado passa a desempenhar tarefas adicionais que não estavam previstas no contrato original, sem que haja, necessariamente, alteração salarial. O reconhecimento do acúmulo e o direito a uma contraprestação adicional dependem da demonstração de que essas novas funções são de maior complexidade ou exigem mais responsabilidades do que as originalmente pactuadas. O simples fato de o empregado executar novas tarefas não é suficiente para caracterizar o acúmulo de funções, sendo necessária a prova de maior onerosidade ou qualificação das atividades.

Legislação:



CLT, art. 456, parágrafo único - Prevê que, na falta de especificação no contrato de trabalho, entende-se que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.

CCB/2002, art. 421-A - Consolida a autonomia contratual nas relações de trabalho, desde que respeitados os princípios de boa-fé e função social.

CF/88, art. 7º, VI - Estabelece o princípio da irredutibilidade salarial, exceto por convenção coletiva.

Jurisprudência:



Acúmulo de Funções - Salário

Acúmulo de Atividades

Acúmulo de Funções e Responsabilidade


3. Jus Variandi
O jus variandi é o poder conferido ao empregador de alterar determinadas condições de trabalho dentro de certos limites. O exercício desse poder não pode ser arbitrário, devendo respeitar os direitos fundamentais do trabalhador. Mudanças na função ou nas atividades podem ser realizadas, desde que sejam compatíveis com as qualificações do empregado e não impliquem redução salarial ou prejuízos a ele. No entanto, caso a alteração seja abusiva, o empregado pode buscar na Justiça a correção da alteração, exigindo compensação ou mesmo a restituição da função original.

Legislação:



CLT, art. 468 - Dispõe que só é válida a alteração das condições de trabalho com o consentimento do empregado e desde que não cause prejuízos a ele.

CCB/2002, art. 422 - As partes devem respeitar os princípios da boa-fé e da lealdade nas relações contratuais.

CF/88, art. 5º, II - Estabelece o princípio da legalidade, segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei.

Jurisprudência:



Jus Variandi - Empregador

Poder Diretivo do Empregador

Alteração de Funções do Empregado


4. Complexidade de Funções
Para que o acúmulo de funções seja considerado passível de indenização ou reajuste salarial, deve ser comprovado que as novas tarefas desempenhadas exigem maior complexidade, conhecimento especializado ou maior responsabilidade. A mera adição de tarefas triviais ou correlatas às funções originais, desde que compatíveis com a qualificação do empregado, não enseja o pagamento de valores adicionais. O princípio que rege essa questão é que as funções devem ser comparadas em termos de dificuldade técnica, risco ou responsabilidade envolvida.

Legislação:



CLT, art. 456, parágrafo único - Prevê que o empregado pode ser solicitado a desempenhar funções compatíveis com sua condição pessoal.

CF/88, art. 7º, VI - Dispõe sobre a irredutibilidade do salário, salvo negociação coletiva.

CCB/2002, art. 421-A - Assegura a liberdade contratual, desde que respeitada a boa-fé objetiva.

Jurisprudência:



Complexidade de Funções

Acúmulo de Funções e Responsabilidade

Dificuldade Técnica das Funções


5. Direito Trabalhista
O Direito Trabalhista prevê mecanismos para proteger o empregado contra alterações contratuais abusivas. O empregador tem o poder de organizar as atividades empresariais, mas o jus variandi deve ser exercido dentro dos limites legais e contratuais. Alterações unilaterais que impliquem prejuízo ao empregado, seja por meio de redução salarial ou pelo acúmulo de funções que exijam maior responsabilidade sem a devida compensação, podem ser anuladas judicialmente. O trabalhador, diante de abusos, pode invocar o princípio da irredutibilidade salarial e a proteção contra alterações lesivas.

Legislação:



CLT, art. 468 - Garante que qualquer alteração nas condições contratuais deve ser feita com mútuo consentimento e não pode causar prejuízos ao empregado.

CF/88, art. 7º, VI - Assegura o princípio da irredutibilidade salarial.

CLT, art. 457 - Define o que compõe a remuneração do empregado, incluindo todos os adicionais de funções.

Jurisprudência:



Alteração Contratual - Direito Trabalhista

Irredutibilidade Salarial

Jus Variandi - Trabalhista


6. Alteração Contratual
A alteração contratual unilateral por parte do empregador, quando realizada de forma abusiva, é nula. A CLT, art. 468, regula que as modificações contratuais não podem prejudicar o empregado, nem ser implementadas sem o seu consentimento. A jurisprudência trabalhista brasileira tem reforçado essa proteção ao trabalhador, estabelecendo limites claros ao poder de modificação do empregador. No caso de acúmulo de funções, é essencial demonstrar que as novas atividades representam um aumento substancial de complexidade e responsabilidade, o que não pode ser feito arbitrariamente.

Legislação:



CLT, art. 468 - Proíbe a alteração contratual que cause prejuízo ao trabalhador sem o seu consentimento.

CF/88, art. 7º, VI - Dispõe sobre a irredutibilidade salarial.

CCB/2002, art. 421-A - Garante a liberdade contratual respeitando a boa-fé objetiva.

Jurisprudência:



Alteração Contratual Abusiva

Alteração Contratual - Empregado

CLT - Alteração Contratual com Prejuízo


7. Considerações Finais
O acúmulo de funções e o jus variandi são temas intrinsecamente relacionados à dinâmica das relações de trabalho. O empregador possui o poder de dirigir e reorganizar o trabalho, mas deve fazê-lo dentro dos limites legais, sem causar prejuízos ao empregado ou impor novas responsabilidades sem a devida compensação. A proteção do trabalhador contra abusos é um princípio fundamental do Direito Trabalhista, e a jurisprudência tem consolidado o entendimento de que mudanças que resultem em maiores responsabilidades ou complexidade devem ser adequadamente remuneradas.



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