Modelo de Ação Declaratória de Nulidade de Cláusulas Restritivas em Imóvel com Base no Código Civil e Constituição Federal

Publicado em: 25/11/2024 Civel
Peça processual apresentada perante o Juízo da Vara Cível, na qual o Autor requer a nulidade das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade constantes na escritura pública de doação de um imóvel. Fundamenta-se na ausência de justificativa atual para a manutenção das cláusulas, com base nos artigos 1.848 do Código Civil de 2002 e 5º, XXII e XXIII, da Constituição Federal, que garantem o direito de propriedade e sua função social. A peça aborda doutrina, jurisprudência e solicita tutela de urgência para alienação do imóvel, além da declaração de nulidade das cláusulas restritivas.

PEÇA PROCESSUAL

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de __________.

Processo nº: __________

Autor: __________

Réu: __________

O Autor, nome completo, estado civil, profissão, portador do CPF nº __________, residente e domiciliado na __________, endereço eletrônico __________, por intermédio de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULAS RESTRITIVAS

em face de nome completo, estado civil, profissão, portador do CPF nº __________, residente e domiciliado na __________, endereço eletrônico __________, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

O Autor é proprietário do imóvel localizado na __________, adquirido por meio de escritura pública de doação lavrada em cartório no ano de __________. No entanto, a referida escritura contém cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, que restringem o pleno exercício do direito de propriedade pelo Autor.

O imóvel encontra-se em estado de abandono e deterioração, sem condições de uso adequado. O Autor, que exerce a profissão de __________ e possui rendimentos modestos, identificou um interessado na aquisição do imóvel, o que possibilitaria a compra de outro imóvel para sua moradia.

As cláusulas restritivas foram impostas sob a vigência do Código Civil de 1916, sem qualquer justificativa atual que as mantenha. Dessa forma, o Autor busca a declaração de nulidade das referidas cláusulas, a fim de exercer plenamente seu direito de propriedade.

DO DIREITO

O direito de propriedade é garantido pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, XXII, que assegura a todos o direito à propriedade e sua função social. No caso em tela, as cláusulas restritivas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, previstas no CCB/2002, art. 1.848, devem ser analisadas sob a ótica da sua atual necessidade e finalidade.

O Código Civil de 2002, em seu art. 1.848, dispõe que as cláusulas restritivas podem ser afastadas quando não mais se justificarem, especialmente quando o propósito protecionista que as originou não mais subsiste. A doutrina e a jurisprudência têm reconhecido que tais cláusulas não podem ser perpetuadas de forma a prejudicar o exercício do direito de propriedade.

Ademais, o princípio da função social da propriedade, previsto no CF/88, art. 5º, XXIII, reforça a necessidade de que o imóvel seja utilizado de forma produtiva e em benefício de seu proprietário e da sociedade. No presente caso, a manutenção das cláusulas restritivas impede o Autor de dar ao imóvel a destinação que melhor atende às suas necessidades e à função social da propriedade.

Doutrina

...

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Informações complementares

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Relatório

Trata-se de Ação Declaratória de Nulidade de Cláusulas Restritivas, na qual o Autor requer a declaração de nulidade das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, impostas sobre o imóvel adquirido por escritura pública de doação.

O Autor alega que as cláusulas restritivas, impostas sob a vigência do Código Civil de 1916, não possuem mais justificativa atual, impedindo o pleno exercício do direito de propriedade. O imóvel encontra-se em estado de abandono e deterioração, e sua alienação seria a única solução para a aquisição de outra propriedade adequada para moradia.

O Réu, por sua vez, sustenta a validade das cláusulas restritivas, argumentando que estas foram impostas para proteção patrimonial e que sua remoção violaria a vontade do doador.

Voto

1. Fundamentação Fática e Jurídica

De início, é necessário destacar que a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, XXII, assegura o direito de propriedade, condicionando-o à sua função social (art. 5º, XXIII).

No caso em análise, as cláusulas restritivas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, previstas no Código Civil de 2002 (art. 1.848), podem ser afastadas quando não mais se justificarem. A manutenção dessas cláusulas, sem fundamento concreto e atual, compromete o direito do proprietário ao pleno exercício de sua propriedade.

O imóvel, atualmente em estado de deterioração, não cumpre sua função social, conforme preconizado pela Constituição. A alienação do bem, conforme pleiteada pelo Autor, viabilizaria a aquisição de outra propriedade com condições adequadas de uso, atendendo ao princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

2. Doutrina e Jurisprudência

Conforme a doutrina de Silvio de Salvo Venosa, "as cláusulas restritivas devem ser interpretadas restritivamente, admitindo-se o seu afastamento quando não mais se justificarem".

Na mesma linha, Maria Helena Diniz destaca que "a perpetuação de cláusulas restritivas viola o direito de propriedade, impedindo o proprietário de exercer plenamente seu direito sobre o bem".

A jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo reforça essa posição, reconhecendo o afastamento de cláusulas restritivas em casos semelhantes. Destaco, por exemplo, a Apelação Cível Acórdão/TJSP, na qual o tribunal autorizou a averbação judicial para afastar tais restrições quando estas se mostraram desnecessárias.

3. Conclusão

Diante do exposto, constato que as cláusulas restritivas impostas ao imóvel não possuem mais justificativa prática e estão em desacordo com os princípios do direito de propriedade e sua função social. A alienação do imóvel atende ao interesse do Autor e está em conformidade com preceitos constitucionais e legais.

Dispositivo

Com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige a devida fundamentação das decisões judiciais, julgo procedente o pedido formulado pelo Autor, nos seguintes termos:

  • Declaro a nulidade das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade constantes na escritura pública de doação;
  • Autorizo a alienação do imóvel descrito nos autos;
  • Determino a expedição de mandado ao cartório competente para a averbação da presente decisão na matrícula do imóvel;
  • Condeno o Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 85 do CPC/2015.

Por fim, deixo de designar audiência de conciliação, em razão da matéria de direito já posta e devidamente fundamentada, nos termos do art. 334, §4º, II, do CPC/2015.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data: __________.

Magistrado: ___________________________


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