Modelo de Ação Declaratória de Nulidade de Negócio Jurídico: Fraude em Transferência de Imóvel e Pedido de Reintegração de Posse
Publicado em: 14/01/2024 Civel Direito ImobiliárioAÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO
PREÂMBULO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ___.
A. S. de S., viúva, portadora do CPF nº ___, residente e domiciliada na cidade de ___, vem, por meio de seu advogado infra-assinado, com endereço profissional na Rua ___, nº ___, Bairro ___, Cidade ___, Estado ___, endereço eletrônico ___, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO, com fundamento nos artigos 166 e 171 do Código Civil Brasileiro e demais dispositivos aplicáveis, em face de D. M., A. C. e Imobiliária ___, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
DOS FATOS
A autora, viúva e residente em outro estado, recebeu uma proposta de compra e venda de sua residência com porteira fechada pelo valor de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). Os compradores ofereceram parte do pagamento em pedras preciosas e o restante em dinheiro, mas não definiram a proporção entre os valores.
Por estar distante e confiar nos compradores, a autora outorgou uma procuração em nome da esposa de um dos compradores para resolver pendências relacionadas ao imóvel, como restrições trabalhistas, IPTU atrasado e outras exigências do cartório. Contudo, os compradores, alegando desistência do negócio devido às restrições do imóvel, devolveram apenas um molho de chaves e informaram que a procuração estaria vencida.
Antes disso, os compradores solicitaram que a autora depositasse valores para quitar o IPTU atrasado, o que foi feito, mas os débitos não foram pagos. Posteriormente, a procuração foi substabelecida para a proprietária de uma imobiliária, que adquiriu o imóvel por um valor vil de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), mesmo sem contrato de compra e venda assinado.
O imóvel foi transferido para o nome da imobiliária, apesar das restrições que anteriormente impediam a transferência. A autora, ao descobrir a fraude, já não era mais proprietária do imóvel, que havia sido vendido e transferido para terceiros.
DO DIREITO
O caso em tela configura evidente fraude e vício de consentimento, sendo cabível a declaração de nulidade do negócio jurídico. Nos termos do CCB/2002, art. 166, o negócio jurídico é nulo quando for simulado, como ocorre na presente situação, em que a transferência do imóvel foi realizada mediante artifício fraudulento.
Ademais, o CCB/2002, art. 171, prevê que é anulável o negócio jurídico quando houver erro, dolo, coação ou simulação, elementos presentes no caso em análise. A autora foi induzida a erro pelos réus, que utilizaram de má-fé para obter a propriedade do imóvel por valor irrisório.
O princípio da boa-fé objetiva, consagrado no CCB/2002, art. 422, também foi violado, uma vez que os réus agiram de forma desleal e contrária aos deveres de honestidade e transparência.
Por fim, a transferência do imóvel para a imobiliária, mesmo havendo restrições impeditivas, afronta o CCB/2002, art. 167, que trata da nulidade dos negócios jurídicos simulados.