Modelo de Ação Declaratória e Indenizatória por Desvio de Função e Jornada Excessiva em Estágio: Estudante Universitário contra Empresa por Violação da Lei do Estágio

Publicado em: 15/04/2025 CivelProcesso Civil Trabalhista
Modelo de petição inicial de Ação Declaratória e Indenizatória, na qual estudante universitário, na condição de estagiário, propõe demanda contra empresa e seu proprietário em razão de desvio de função e imposição de jornada superior ao limite legal previsto na Lei 11.788/2008 (Lei do Estágio). O documento detalha a qualificação das partes, exposição dos fatos sobre a exigência de atividades alheias ao estágio, fundamentação jurídica baseada na legislação e princípios constitucionais, pedidos de declaração de nulidade das condições abusivas, indenização por danos morais e materiais, e demais requerimentos processuais. Inclui jurisprudência correlata, rol de provas e valor da causa.

1. ENDEREÇAMENTO

AO JUÍZO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE [CIDADE][UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, estudante, portador do CPF nº 123.456.789-00, RG nº 12.345.678-9, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade]/[UF], por seu advogado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA E INDENIZATÓRIA

em face de B. F. de S. L., brasileiro, casado, empresário, portador do CPF nº 987.654.321-00, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Avenida das Palmeiras, nº 200, Bairro Jardim, CEP 11111-111, [Cidade]/[UF], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Autor, A. J. dos S., é estudante universitário e, em razão de estágio supervisionado, foi designado para desenvolver atividades junto à empresa de propriedade do Réu, B. F. de S. L.. O estágio foi formalizado por meio de termo de compromisso, com início em 01/03/2024 e término previsto para 31/08/2024.

Durante o período do estágio, o Autor desempenhou suas funções de acordo com as orientações recebidas, cumprindo carga horária e atividades compatíveis com sua formação acadêmica. Contudo, a partir de 01/06/2024, o Réu passou a exigir do Autor tarefas alheias ao escopo do estágio, como serviços de limpeza, transporte de mercadorias e atendimento externo, em evidente desvio de função.

Além disso, o Autor foi submetido a jornadas superiores ao limite legal de 6 (seis) horas diárias, chegando a trabalhar até 10 (dez) horas por dia, sem a devida contraprestação ou compensação, em afronta à legislação vigente.

Em razão do descumprimento das normas legais e contratuais, o Autor buscou, por diversas vezes, solucionar a situação de forma amigável, sem êxito. Diante da continuidade das irregularidades, não restou alternativa senão recorrer ao Judiciário para ver reconhecidos seus direitos.

Resumo: O Autor, estagiário, foi submetido a desvio de função e jornada excessiva, violando-se as normas do estágio e seus direitos fundamentais, o que enseja a presente demanda.

4. DO DIREITO

A relação de estágio é regida pela Lei 11.788/2008, art. 3º, que o estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que observados os requisitos legais, dentre eles a compatibilidade das atividades com a formação acadêmica e a limitação da jornada.

Nos termos da CF/88, art. 7º, XVI, é direito do trabalhador a duração do trabalho não superior a 6 (seis) horas diárias para estudantes, sendo vedada a extrapolação desse limite sem a devida contraprestação.

O CPC/2015, art. 319, exige que a petição inicial contenha a exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos do pedido, o que se observa no presente caso.

O desvio de função e a imposição de jornada excessiva configuram abuso de direito por parte do Réu, em afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e ao princípio da legalidade (CF/88, art. 5º, II).

A jurisprudência pátria tem reconhecido que a violação das normas do estágio enseja o reconhecimento de vínculo empregatício e o direito à indenização por danos morais e materiais. O abuso do direito de litigar, por sua vez, é coibido pelo CPC/2015, art. 139, III, que impõe ao juiz o dever de prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça.

Resumo: O Réu violou normas legais e constitucionais, submetendo o Autor a condições irregulares de estágio, o que justifica a tutela jurisdicional para declaração de direitos e indenização.

5. JURISPRUDÊNCIAS

TJSP (19ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível 1003170-78.2024.8.26.0306 - José Bonifácio - Rel.: Des. João Camillo de Almeida Prado Costa - J. em 20/01/2025 - DJ 20/01/2025
“Ação declaratória e indenizatória. Hipótese em que sérios indícios de abuso do direito de litigar vêm sendo constatados, a consubstanciar a denominada advocacia predatória (ajuizamento de demandas massificadas com a utilização de procuração genérica) e a justificar a adoção das orientações estabelecidas nos Comunicados CG 02/2017 e CG 456/2022, do Núcleo de Monitoramento de Perfis de Demandas e Estatística - Numopede, da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo, que, aliás, estão em consonância com o que preconiza o CPC/2015, art. 139, III, no sentido de que incumbe ao juiz «prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias», consubstanciando medida imprescindível para prevenir fraudes na propositura de ações judiciais. Correção do decreto de extinção do processo, nos termos do CPC/2015, art. 485, VI. Recurso provido em parte e apenas para conceder o "'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Relatório

Trata-se de Ação Declaratória e Indenizatória ajuizada por A. J. dos S. em face de B. F. de S. L., na qual o Autor alega desvio de função e imposição de jornada excessiva durante estágio supervisionado, em desconformidade com a Lei 11.788/2008 e normas constitucionais, postulando a declaração de nulidade das condições impostas, bem como indenização por danos morais e materiais.

É o relatório. Passo ao voto.

1. Fundamentação

1.1 Dos Fatos

Consta dos autos que o Autor, estudante universitário, celebrou termo de compromisso de estágio com a empresa do Réu, com período determinado. Durante o estágio, conforme documentação apresentada, o Autor desempenhou funções compatíveis com sua formação até 01/06/2024, quando passou a ser compelido a exercer tarefas estranhas ao escopo do estágio, como serviços de limpeza, transporte de mercadorias e atendimento externo, além de cumprir jornadas superiores ao limite legal de 6 (seis) horas diárias, chegando a 10 (dez) horas por dia, sem contraprestação.

O Réu, embora regularmente citado, limitou-se a negar genericamente as alegações, sem produzir prova capaz de infirmar os documentos e os depoimentos colacionados pelo Autor.

1.2 Do Direito

A Lei 11.788/2008, art. 3º que a validade do estágio depende da observância de requisitos, entre eles a compatibilidade das atividades exercidas com a formação acadêmica do estagiário e a limitação da jornada a 6 (seis) horas diárias, salvo exceções inexistentes no presente caso.

A CF/88, art. 7º, XVI, prevê, como direito do trabalhador estudante, a duração do trabalho não superior a 6 horas diárias, sendo vedada a extrapolação deste limite sem devida compensação ou contraprestação.

O desvio de função e a imposição de jornada superior à permitida constituem abuso de direito, afrontando o princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e o princípio da legalidade (CF/88, art. 5º, II).

Além disso, a jurisprudência consolidada, como se vê dos julgados do TJSP apresentados nos autos, reconhece que a violação das normas do estágio pode ensejar a declaração de nulidade das condições impostas e a responsabilidade civil do empregador pela reparação dos danos causados ao estagiário.

TJSP (19ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP
“Ação declaratória e indenizatória. Hipótese em que sérios indícios de abuso do direito de litigar vêm sendo constatados (...).\\\"

Importante ressaltar que a CF/88, art. 93, IX, exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, sob pena de nulidade, o que ora se observa.

Não há nos autos qualquer indício de litigância de má-fé por parte do Autor, tampouco de abuso do direito de ação, razão pela qual não se aplicam as sanções previstas no CPC/2015, art. 139, III.

1.3 Do Pedido

O Autor requer, dentre outros pedidos, a declaração de nulidade das condições impostas em desvio de função e jornada excessiva, o reconhecimento da violação à Lei 11.788/2008 e à CF/88, bem como a condenação do Réu ao pagamento de indenização por danos morais e materiais.

2. Decisão

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, com fulcro na CF/88, art. 1º, III; CF/88, art. 5º, II; CF/88, art. 7º, XVI; CF/88, art. 93, IX e na Lei 11.788/2008, para:

  1. Declarar a nulidade das condições impostas ao Autor em desvio de função e jornada excessiva;
  2. Reconhecer a violação à legislação de estágio e aos princípios constitucionais aplicáveis;
  3. Condenar o Réu ao pagamento de indenização por danos morais e materiais, cujo valor deverá ser arbitrado em fase de liquidação, considerando-se a extensão do dano e a duração das irregularidades;
  4. Conceder ao Autor os benefícios da justiça gratuita, nos termos do CPC/2015, art. 98, diante da hipossuficiência comprovada;
  5. Condenar o Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 15% sobre o valor da condenação, nos termos do CPC/2015, art. 85, § 2º;
  6. Determinar a produção das provas requeridas, caso haja necessidade para a fase de liquidação ou impugnação dos valores;
  7. Homologo, desde já, eventual acordo que venha a ser celebrado entre as partes em audiência de conciliação.

3. Dispositivo

Ante o exposto, conheço do pedido e julgo-o procedente, nos termos acima, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, assegurando-se a motivação e a publicidade da decisão.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

 

[Cidade], [data].

 

Magistrado(a)
Juiz(a) de Direito


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