Modelo de Alegações Finais de Defesa em Crime de Resistência - Absolvição por Insuficiência de Provas e Aplicação do Princípio do In Dubio Pro Reo

Publicado em: 07/04/2025 Direito Penal Processo Penal
Documento de alegações finais apresentado no Juizado Especial Criminal da Comarca da Capital - RJ, em defesa do acusado J. M. da S., denunciado pela prática do crime de resistência (CP, art. 329, caput). A defesa requer a absolvição com base na ausência de provas suficientes quanto à configuração de violência ou ameaça, sustentando a aplicação do princípio do in dubio pro reo e destacando as contradições nos depoimentos dos policiais. O documento também utiliza jurisprudências aplicáveis para reforçar a tese defensiva.

ALEGAÇÕES FINAIS – CRIME DE RESISTÊNCIA

PREÂMBULO

Processo nº: 0001234-56.2023.8.19.0001
Juizado Especial Criminal da Comarca da Capital – RJ

Acusado: J. M. da S.
Defensor: Dr. Fulano de Tal – OAB/RJ 000000

DOS FATOS

O Ministério Público ofereceu denúncia contra J. M. da S., imputando-lhe a prática do crime previsto no CP, art. 329, caput, sob a alegação de que, ao ser abordado por policiais militares em via pública, teria resistido à execução de ato legal, utilizando-se de violência.

Durante a instrução processual, foram ouvidos os policiais militares envolvidos na abordagem, bem como a testemunha de defesa. O acusado também foi interrogado, negando a prática de qualquer conduta violenta ou ameaçadora.

A defesa técnica, ora constituída, apresenta suas ALEGAÇÕES FINAIS, com base nos elementos constantes dos autos e na legislação aplicável, requerendo a absolvição do acusado pelas razões a seguir expostas.

DO DIREITO

O tipo penal descrito no CP, art. 329 exige, para sua configuração, que o agente se oponha à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça contra funcionário público ou quem lhe esteja prestando auxílio.

No presente caso, os elementos colhidos em juízo não demonstram de forma inequívoca a ocorrência de violência ou ameaça por parte do acusado. Os policiais ouvidos em juízo apresentaram versões vagas e contraditórias, não sendo capazes de descrever com precisão os atos imputados ao réu.

Conforme dispõe o CPP, art. 155, “o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação”. Assim, provas colhidas apenas na fase inquisitorial, desacompanhadas de confirmação em juízo, não podem sustentar um decreto condenatório.

Ainda que se admita alguma forma de oposição à abordagem, é necessário distinguir entre resistência ativa (com violência ou ameaça) e resistência passiva (mero não atendimento à ordem), sendo esta última insuficiente para configurar o delito em questão.

A jurisprudência é pacífica no sentido de que a simples resistência passiva, desacompanhada de violência ou ameaça, não configura o crime de resistência, conforme será demonstrado a seguir.

JURISPRUDÊNCIAS

1. TJRJ – PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL – APELAÇÃO 0000349-06.2019.8.19.0075

Em que pese o valor probatório dado por este Tribunal de Justiça aos depoimentos dos policiais, no caso em comento, não há como os mesmos sustentarem uma condenação contra o apelado. Constata-se que a única prova firme colhida acerca da autoria foi obtida somente na fase inquisitorial. [...] No que diz respeito ao crime de resistência, o tipo penal do CP, art. 329 exige que a ordem descumprida revista-se de legalidade. Ocorre que, para aferir tal qualidade, é necessário que a motivação do agente público para determinar a par"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de processo criminal nº 0001234-56.2023.8.19.0001, em trâmite no Juizado Especial Criminal da Comarca da Capital – RJ, no qual o acusado J. M. da S. foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta prática do crime de resistência, tipificado no CP, art. 329, caput, alegando que este teria se oposto à execução de ato legal de policiais militares, utilizando-se de violência.

Após regular instrução processual, com oitiva dos policiais militares que participaram da abordagem, testemunha de defesa e interrogatório do acusado que negou os fatos, foram apresentadas as alegações finais pela Defesa, requerendo a absolvição do réu por ausência de provas suficientes e baseando-se no princípio do in dubio pro reo.

Fundamentação

Para a configuração do crime previsto no CP, art. 329, é imprescindível que o agente se oponha à execução de ato legal, mediante o uso de violência ou ameaça contra funcionário público ou quem lhe preste auxílio.

Dispõe o CPP, art. 155 que “o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação”. Nesse sentido, a prova judicializada é indispensável para a formação de um juízo de condenação.

No caso em tela, os depoimentos dos policiais que participaram da abordagem apresentam contradições e falta de harmonia quanto à descrição dos atos atribuídos ao réu. Não se demonstrou de forma inequívoca o uso de violência ou ameaça por parte do acusado. O simples não atendimento à ordem ou resistência passiva, conforme entendimento pacífico da jurisprudência, não configura o crime de resistência.

A defesa apresentou jurisprudências que corroboram a necessidade de comprovação de violência ou ameaça para a caracterização do tipo penal. Inclusive, a aplicação do princípio do in dubio pro reo, previsto implicitamente no texto constitucional e no CPP, art. 386, VII, deve prevalecer diante da ausência de provas robustas.

Assim, o respeito aos princípios constitucionais do devido processo legal, da presunção de inocência e da ampla defesa, previstos na CF/88, art. 5º, incisos LIV e LV, impõe a absolvição do réu.

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, que exige que toda decisão judicial seja devidamente fundamentada, e no CPP, art. 386, VII, voto no sentido de:

  1. Julgar procedente o pedido da Defesa, para absolver o acusado J. M. da S., diante da ausência de provas suficientes para a condenação, aplicando-se o princípio do in dubio pro reo.
  2. Determinar o arquivamento do processo, com a devida baixa nos registros criminais do réu.

É como voto.

Conclusão

Desta forma, reafirmo a importância da análise cuidadosa das provas produzidas em juízo, respeitando os princípios constitucionais e processuais que regem o ordenamento jurídico brasileiro. A condenação não pode ser baseada em suposições ou provas frágeis, mas sim em elementos concretos e inequívocos que demonstrem a culpabilidade do acusado.

Rio de Janeiro, 10 de abril de 2024.

Magistrado
Juiz de Direito


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