Modelo de Alegações Finais em Defesa de Réu Acusado de Estupro de Vulnerável com Pedido de Absolvição por Insuficiência de Provas

Publicado em: 29/09/2023 Direito Penal Processo Penal
Documento de alegações finais apresentado à ___ Vara Criminal, em defesa do réu R. A. de S., acusado pelo Ministério Público de prática de crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). A defesa argumenta a inexistência de provas suficientes para condenação, invocando o princípio do in dubio pro reo, a ausência de dolo específico e a necessidade de observância da presunção de inocência. São citados fundamentos jurídicos, doutrinas e jurisprudências para embasar o pedido de absolvição, ou, subsidiariamente, aplicação de penas no mínimo legal.

ALEGAÇÕES FINAIS

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ____________.

Processo nº _____________

Nome do Réu: R. A. de S.

Por intermédio de seu advogado regularmente constituído, conforme procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, nos termos do artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal (CPP), em razão da acusação de prática de crime de abuso de menor, nos seguintes termos:

DOS FATOS

O réu, R. A. de S., foi denunciado pelo Ministério Público por suposta prática do crime de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal (CP), sob a alegação de que teria praticado atos libidinosos contra a menor M. F. de S., de apenas 10 anos de idade.

Segundo a denúncia, os atos teriam ocorrido em diversas ocasiões, sendo que, em uma delas, o réu teria filmado a vítima em situações constrangedoras. Durante a instrução processual, foram colhidos depoimentos da vítima e de testemunhas, além de perícias realizadas em dispositivos eletrônicos do réu.

Entretanto, a defesa sustenta que a acusação carece de provas suficientes para embasar uma condenação, sendo imperiosa a aplicação do princípio do in dubio pro reo.

DO DIREITO

O crime de estupro de vulnerável está previsto no artigo 217-A do Código Penal, que dispõe: "Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos". Trata-se de crime de natureza formal, que exige a demonstração inequívoca do dolo específico de satisfazer a lascívia.

No caso em tela, a defesa sustenta que não há provas suficientes para comprovar a prática do ato libidinoso, tampouco o dolo específico exigido pelo tipo penal. A ausência de depoimento especial da vítima, conforme previsto no artigo 12 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), compromete a validade das provas apresentadas.

Ademais, o princípio da presunção de inocência, consagrado no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal de 1988 (CF/88), estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Nesse sentido, a dúvida deve sempre beneficiar o réu.

Doutrina

Segundo Genival Veloso de França, em sua obra "Medicina Legal", o abuso sexual infantil é definido como "toda e qualqu"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Preâmbulo

Excelentíssimos Senhores Desembargadores, integrantes da ___ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de ____________.

Processo nº _____________

Apelante: Ministério Público

Apelado: R. A. de S.

Relatório

Trata-se de apelação interposta pelo Ministério Público contra a sentença proferida pelo Juízo da ___ Vara Criminal da Comarca de ____________, que absolveu o réu R. A. de S. da acusação de prática do crime previsto no artigo 217-A do Código Penal (estupro de vulnerável), com fundamento no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.

O Ministério Público sustenta, em suas razões recursais, que há provas suficientes para a condenação do apelado, notadamente os depoimentos da vítima, das testemunhas e os laudos periciais. Requer, portanto, a reforma da sentença para condenar o réu nas penas do artigo 217-A do Código Penal.

A defesa apresentou contrarrazões, requerendo a manutenção da sentença de absolvição, sob o argumento de insuficiência probatória e aplicação do princípio do in dubio pro reo.

É o relatório.

Voto

Nos termos do artigo 93, IX, da Constituição Federal de 1988, passo a fundamentar meu voto.

Dos Fatos e das Provas

O réu foi acusado da prática do crime de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal, sob a alegação de ter praticado atos libidinosos contra a menor M. F. de S., de apenas 10 anos de idade. Durante a instrução processual, foram produzidas provas consistentes em depoimentos da vítima e testemunhas, bem como laudos periciais.

No entanto, a análise dos autos revela elementos de fragilidade probatória. A ausência de depoimento especial da vítima, conforme preconizado no artigo 12 do Estatuto da Criança e do Adolescente, compromete a validade das declarações colhidas. Além disso, não se demonstrou de forma inequívoca o dolo específico exigido pelo tipo penal.

Do Direito

O artigo 217-A do Código Penal prevê o crime de estupro de vulnerável, que exige a prática de atos libidinosos com menor de 14 anos, associados ao dolo específico de satisfazer a lascívia. Contudo, a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LVII, estabelece o princípio da presunção de inocência, determinando que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

Ademais, o princípio do in dubio pro reo orienta que, na ausência de elementos probatórios suficientes, deve-se decidir em favor do réu. Trata-se de garantia fundamental de um julgamento justo e imparcial.

Jurisprudência

O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Tema 1.121/STJ, consolidou o entendimento de que o crime de estupro de vulnerável exige a comprovação do dolo específico e de provas robustas. No caso em tela, a fragilidade dos elementos probatórios impede a formação de um juízo de certeza necessário para a condenação.

Em casos semelhantes, como no julgamento da Apelação Criminal nº Acórdão/TJSP pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, a insuficiência probatória levou à aplicação do princípio do in dubio pro reo e à consequente absolvição do réu.

Conclusão

Ante o exposto, com fundamento no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, voto por:

  1. Conhecer o recurso interposto pelo Ministério Público;
  2. Negar-lhe provimento, mantendo a sentença de primeiro grau que absolveu o réu R. A. de S., em razão da insuficiência de provas para a condenação;
  3. Determinar a expedição de alvará de soltura, caso o réu esteja preso preventivamente, nos termos do artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal.

É como voto.

Termos Finais

Submeto o presente voto aos eminentes pares, para análise e julgamento.

Cidade/UF, ___ de __________ de 20__.

Desembargador Relator: _____________________________


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