Modelo de Alegações Finais por Memoriais em Processo Criminal de Lesão Corporal no Contexto da Lei Maria da Penha

Publicado em: 19/09/2024 Direito Penal Processo Penal
Apresentação de Alegações Finais por Memoriais no processo nº 0000000-00.2023.8.10.0000, em trâmite na 4ª Vara Criminal de São Luís/MA. O documento aborda a defesa da ré, A. C. S. L., acusada de lesão corporal leve no âmbito da Lei Maria da Penha, com fundamentos baseados na ausência de dolo, aplicação do princípio da insignificância e reconhecimento da confissão espontânea como atenuante. Requer-se a absolvição ou, subsidiariamente, substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, conforme o Código Penal.

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

Processo nº: 0000000-00.2023.8.10.0000

Ré: A. C. S. L.

Vara: 4ª Vara Criminal de São Luís/MA

Data: 19 de setembro de 2024

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Criminal da Comarca de São Luís – MA,

A. C. S. L., já qualificada nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, com fundamento no artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal (CPP), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

No dia 24 de dezembro de 2023, durante uma confraternização familiar, a ré, A. C. S. L., envolveu-se em uma discussão acalorada sobre política com sua tia, K., que culminou em um ato de agressão física. A ré desferiu um soco na face da vítima, causando um corte no supercílio, com sangramento.

Imediatamente após o ocorrido, a ré demonstrou arrependimento e prestou auxílio à vítima, levando-a a uma unidade de saúde, onde recebeu tratamento adequado. Apesar do incidente, a vítima manifestou, no dia seguinte, desinteresse em responsabilizar criminalmente a ré.

O Ministério Público, contudo, ofereceu denúncia contra a ré, imputando-lhe a prática do crime previsto no artigo 129, §9º, do Código Penal, no contexto da Lei Maria da Penha. A ré confessou os fatos e reafirmou seu arrependimento durante o interrogatório judicial. Ademais, sua folha de antecedentes criminais comprova a inexistência de outros delitos.

DO DIREITO

1. DA ATIPICIDADE DA CONDUTA POR AUSÊNCIA DE DOLO

O crime de lesão corporal exige, como elemento subjetivo, o dolo, que consiste na vontade livre e consciente de causar dano à integridade física de outrem (CP, art. 129). No caso em tela, a conduta da ré foi impensada e motivada por um momento de descontrole emocional, não havendo intenção deliberada de lesionar a vítima.

Conforme entendimento jurisprudencial, a ausência de dolo específico pode afastar a tipicidade da conduta, aplicando-se o princípio in dubio pro reo (CPP, art. 386, VII).

2. DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Embora tenha havido lesão leve, a conduta da ré não gerou consequências graves à vítima, que recebeu atendimento médico adequado e manifestou desinteresse em prosseguir com a responsabilização criminal. Assim, é possível aplicar o princípio da insignificância, considerando a mínima ofensividade da conduta e a ausência de periculosidade social da ação.

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Processo nº: 0000000-00.2023.8.10.0000

Ré: A. C. S. L.

Vara: 4ª Vara Criminal de São Luís/MA

Data: 19 de setembro de 2024

Relatório

Trata-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público em face de A. C. S. L., imputando-lhe a prática de lesão corporal leve no contexto da Lei Maria da Penha, conforme o artigo 129, §9º, do Código Penal.

Os fatos narram que, em 24 de dezembro de 2023, durante uma confraternização familiar, a ré desferiu um soco no rosto de sua tia, causando-lhe um corte no supercílio. Apesar da lesão, a vítima manifestou desinteresse em processar a ré, que, por sua vez, demonstrou arrependimento imediato e auxiliou a vítima no atendimento médico.

A ré confessou os fatos, alegando descontrole momentâneo, e sua primariedade foi comprovada nos autos.

Fundamentação

Nos termos do artigo 93, IX, da Constituição Federal de 1988, cabe ao magistrado fundamentar todas as suas decisões. Assim, passo à análise hermenêutica dos fatos e do direito aplicável ao caso.

1. Da Atipicidade da Conduta

O crime de lesão corporal exige dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de causar dano à integridade física de outrem. No caso concreto, a conduta da ré foi impulsionada por descontrole emocional, sem intenção deliberada de lesionar. Esse entendimento é corroborado pelo in dubio pro reo, conforme o artigo 386, VII, do Código de Processo Penal.

2. Do Princípio da Insignificância

A conduta da ré, embora reprovável, não gerou consequências graves à vítima, que recebeu atendimento médico e manifestou desinteresse em prosseguir com a responsabilização criminal. Assim, considerando a mínima ofensividade da conduta e a ausência de periculosidade social, entendo cabível a aplicação do princípio da insignificância.

3. Da Confissão Espontânea

Nos termos do artigo 65, III, "d", do Código Penal, a confissão espontânea constitui circunstância atenuante. A ré, desde o início, admitiu os fatos e demonstrou arrependimento, colaborando com a Justiça.

4. Da Substituição da Pena

Mesmo que se entenda pela condenação, é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do Código Penal, em razão da primariedade da ré e da inexistência de periculosidade.

Dispositivo

Ante o exposto, em observância ao disposto no artigo 93, IX, da Constituição Federal, voto no seguinte sentido:

  1. Conheço o recurso interposto, por preencher os requisitos de admissibilidade;
  2. Julgo improcedente a denúncia, com fundamento no artigo 386, VII, do Código de Processo Penal, pela ausência de dolo e pela aplicação do princípio da insignificância;
  3. Subsidiariamente, caso prevaleça o entendimento pela condenação, reconheço a confissão espontânea como circunstância atenuante e determino a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do Código Penal.

É como voto.

Conclusão

Assim, por todo o exposto, decide-se pelo encerramento do presente processo, com a absolvição da ré ou, subsidiariamente, pela aplicação de pena restritiva de direitos, caso se entenda pela condenação.

São Luís, 19 de setembro de 2024.

Magistrado: Nome do Magistrado


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