Modelo de Apelação Criminal em Caso de Condenação por Homicídio - Legítima Defesa e Pedido de Novo Julgamento

Publicado em: 09/10/2024 Direito Penal Processo Penal
Apelação criminal interposta por F. G. de S., condenado a 6 anos de reclusão em regime semiaberto pelo crime de homicídio simples (CP, art. 121, caput). A defesa sustenta que o réu agiu em legítima defesa (CP, art. 25) ao repelir agressão injusta e violenta iniciada pela vítima, conforme corroborado por depoimentos testemunhais. A decisão do Conselho de Sentença, manifestamente contrária às provas dos autos, é questionada com base no CPP, art. 593, III, alíneas "a", "b", "c" e "d". São pleiteados: a anulação da sentença condenatória, novo julgamento, reconhecimento da legítima defesa, desclassificação para lesão corporal ou, subsidiariamente, redução da pena e alteração do regime prisional.

RAZÕES DE APELAÇÃO CRIMINAL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

2. PREÂMBULO

Processo nº: 0000000-00.2020.8.19.0001
Apelante: F. G. de S.
Apelado: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

F. G. de S., já qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio de seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no CPP, art. 593, III, alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, apresentar as presentes:

RAZÕES DE APELAÇÃO CRIMINAL

contra a r. sentença proferida pelo Juízo da Vara do Tribunal do Júri da Comarca da Capital, que, acolhendo a decisão do Conselho de Sentença, condenou o Apelante à pena de 06 (seis) anos de reclusão, em regime semiaberto, pela suposta prática do crime previsto no CP, art. 121, caput.

3. SÍNTESE FÁTICA

O Apelante, trabalhador honesto e pai de dois filhos menores, desloca-se periodicamente do Maranhão ao Rio de Janeiro para exercer atividades laborais com carteira assinada, a fim de prover o sustento de sua família. Em 12 de novembro de 2020, por volta das 07h30, ao se dirigir ao trabalho de bicicleta, foi agredido violentamente por D. A. B., ex-colega de trabalho, que o abordou de forma truculenta, desferindo-lhe chutes e socos até derrubá-lo.

Em legítima defesa, temendo por sua vida e sem qualquer intenção de matar, o Apelante utilizou uma pequena faca de uso cotidiano, que trazia no bolso, para repelir a injusta agressão. Ainda assim, foi denunciado e submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, que, acolhendo a tese acusatória, o condenou à pena mínima de 6 anos de reclusão, em regime semiaberto.

4. DOS FATOS

A versão apresentada pela defesa, desde o início da instrução criminal até o plenário do Júri, foi a de que o Apelante agiu em legítima defesa, conforme previsto no CP, art. 25. A vítima, de porte físico avantajado, iniciou a agressão de forma gratuita e violenta, derrubando o Apelante da bicicleta e continuando a agredi-lo no chão. Em desespero, o Apelante utilizou a única ferramenta que possuía para se defender: uma faca de pequeno porte, que trazia no bolso para uso cotidiano.

As testemunhas ouvidas em plenário, inclusive arroladas pelo próprio Ministério Público, confirmaram que o Apelante foi agredido inicialmente e que não demonstrava qualquer intenção de confronto. Ainda assim, o Conselho de Sentença optou por condená-lo, desconsiderando as provas produzidas nos autos e a ausência de dolo na conduta.

5. DO DIREITO

A presente apelação encontra amparo no CPP, art. 593, III, alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, sendo cabível quando a decisão do Tribunal do Júri for:

  • a) contrária à lei expressa ou à decisão de pronúncia;
  • b) manifestamente contrária à prova dos autos;
  • c) houver nulidade posterior à pronúncia;
  • d) for a sentença do juiz presidente contrária à lei ou às decisões dos jurados.

No caso em tela, a decisão do Conselho de Sentença é manifestamente contrária �"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Relator

Trata-se de Apelação Criminal interposta por F. G. de S. contra a r. sentença proferida pelo Juízo da Vara do Tribunal do Júri da Comarca da Capital, que o condenou à pena de 06 (seis) anos de reclusão, em regime semiaberto, pela suposta prática de homicídio simples (art. 121, caput, do Código Penal).

A Defesa sustenta, em síntese, que o Apelante agiu em legítima defesa, amparado no art. 25 do Código Penal, sendo a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos, nos termos do art. 593, III, “d”, do Código de Processo Penal.

1. Do Conhecimento do Recurso

O recurso é tempestivo, preenche os requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido.

2. Da Fundamentação

O voto, como exige a Constituição Federal no art. 93, IX, deve ser fundamentado, com a devida correlação entre os fatos e o direito aplicável.

O cerne da controvérsia recursal reside em verificar se a decisão do Conselho de Sentença encontra amparo nas provas dos autos ou se se mostra arbitrária, autorizando a sua anulação.

Analisando o conjunto probatório, constata-se que o Apelante foi agredido inicialmente por D. A. B., ex-colega de trabalho, fato confirmado por testemunhas ouvidas em plenário, inclusive aquelas trazidas pelo Ministério Público. O Apelante, ao tentar se defender da agressão injusta e atual, utilizou instrumento de uso cotidiano (pequena faca), não havendo indícios nos autos de que tenha agido com animus necandi.

A legítima defesa exige a presença de três requisitos: agressão injusta atual ou iminente, uso moderado dos meios necessários e reação proporcional. Os elementos constantes nos autos apontam que todos os requisitos estão presentes.

Assim, a decisão dos jurados não encontra respaldo no conjunto probatório, mostrando-se manifestamente contrária à prova dos autos, conforme previsto no art. 593, III, “d”, do Código de Processo Penal.

Ressalte-se que, embora o Tribunal do Júri seja soberano quanto às decisões de mérito, essa soberania não é absoluta, devendo ceder quando a decisão for dissociada das provas, como bem pacificado pela jurisprudência:

“Só se anula julgamento proferido pelo Tribunal do Júri, com fundamento no CPP, art. 593, III, d, nas hipóteses em que a decisão do Conselho de Sentença é arbitrária, dissociando-se completamente da prova dos autos [...]” (TJRJ – Apelação Acórdão/TJRJ).

3. Do Dispositivo

Diante do exposto, com fulcro no art. 593, III, “d”, do Código de Processo Penal, e em observância ao art. 93, IX, da Constituição Federal, dou provimento ao recurso para anular a sentença condenatória e determinar a submissão do Apelante a novo julgamento pelo Tribunal do Júri.

É como voto.

Rio de Janeiro, 20 de março de 2025.

___________________________________________
Desembargador Relator


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