Modelo de Apelação em Mandado de Segurança: Restabelecimento de Pensão Militar Suspensa por Suposto Acúmulo Indevido de Benefícios

Publicado em: 18/11/2023 Militar Direito Previdenciário
Recurso de apelação interposto por viúva idosa contra decisão que denegou a segurança em mandado de segurança impetrado para anular ato administrativo que suspendeu pensão militar. A Apelante sustenta a decadência administrativa para revisão do benefício, com base no art. 54 da Lei 9.784/99, e a violação dos princípios constitucionais da segurança jurídica, proteção à confiança legítima e ampla defesa. O pedido busca a reforma da sentença recorrida e o restabelecimento da pensão, considerando a inércia administrativa de mais de 75 anos.

APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da 27ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro.

Processo nº 50820623720234025101/RJ

Apelante: G. S. W.
Apelado: Comandante do Comando Militar do Leste - Ministério do Exército - Rio de Janeiro.

G. S. W., brasileira, viúva, idosa, portadora do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliada na Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Rio de Janeiro/RJ, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado, interpor APELAÇÃO, com fundamento no CPC/2015, art. 1.009, contra a sentença que denegou a segurança no mandado de segurança impetrado, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

A Apelante é viúva de ex-combatente que, desde 1950, recebia regularmente três pensões: duas previdenciárias e uma especial. Após o falecimento do titular, em 1994, a Apelante deu entrada no INSS, que confirmou o direito às duas pensões previdenciárias. Desde então, a Apelante, idosa e em situação de vulnerabilidade, passou a receber as três pensões regularmente.

Contudo, em 2023, o Comando Militar do Leste, com base na Lei do TCU de 1960, suspendeu a pensão militar, alegando acúmulo indevido de benefícios. A Apelante impetrou mandado de segurança para anular o ato administrativo, sustentando a decadência do direito da Administração Pública de revisar o benefício, considerando-se o lapso temporal de 75 anos desde a concessão inicial e quase 30 anos desde o início do recebimento pela Apelante.

A sentença, no entanto, denegou a segurança, fundamentando-se na Lei do TCU de 1960 e desconsiderando a decadência e a prescrição administrativa, bem como a inércia da Administração Pública em revisar o ato concessório.

DO DIREITO

A sentença recorrida merece reforma, pois desconsiderou fundamentos jurídicos essenciais que garantem o direito da Apelante à manutenção da pensão militar.

Primeiramente, a Administração Pública está sujeita ao prazo decadencial de cinco anos para anular atos administrativos que gerem efeitos favoráveis aos administrados, conforme disposto na Lei 9.784/99, art. 54. No caso em tela, o benefício foi concedido há mais de 75 anos, sendo evidente a decadência do direito de revisão.

Além disso, o princípio da segurança jurídica, previsto na CF/88, art. 5º, XXXVI, protege os atos administrativos que já produziram efeitos concretos e consolidados ao longo do tempo. A revisão do benefício após décadas de sua concessão viola esse princípio, causando instabilidade e prejuízo à Apelante, pessoa idosa e em situação de vu"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Apelação em Mandado de Segurança interposta por G. S. W., viúva e idosa, contra decisão que denegou a segurança pleiteada, mantendo a suspensão de pensão militar, sob a alegação de acúmulo indevido de benefícios. A Apelante sustenta, em síntese, que houve decadência do direito da Administração Pública de revisar o benefício e violação aos princípios constitucionais da segurança jurídica e da proteção à confiança legítima.

Fundamentação

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, toda decisão judicial deve ser fundamentada, sob pena de nulidade. Assim, passo à análise dos fatos e fundamentos legais apresentados.

1. Da Decadência

A Apelante sustenta que o ato administrativo que suspendeu a pensão militar violou o prazo decadencial de cinco anos previsto no art. 54 da Lei 9.784/99. De fato, o benefício em questão foi concedido há mais de 75 anos, e a Apelante o tem recebido regularmente há quase 30 anos. O lapso temporal transcorrido consolida o direito da Apelante, tornando evidente a decadência do direito da Administração Pública de revisar o ato administrativo.

2. Do Princípio da Segurança Jurídica

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, XXXVI, consagra o princípio da segurança jurídica, que protege atos administrativos que já produziram efeitos concretos e que se consolidaram ao longo do tempo. A suspensão do benefício após décadas de sua concessão viola este princípio, especialmente em se tratando de benefício de natureza alimentar, essencial à subsistência da Apelante, que é pessoa idosa e em situação de vulnerabilidade.

3. Do Contraditório e da Ampla Defesa

A suspensão unilateral do benefício pela Administração Pública sem a observância do contraditório e da ampla defesa afronta os direitos fundamentais previstos no art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal. A Apelante não foi previamente notificada para se manifestar ou apresentar defesa antes da suspensão do benefício, configurando-se, assim, violação à sua garantia constitucional.

4. Da Supremacia dos Princípios Constitucionais

Por fim, embora a Administração Pública tenha fundamentado a suspensão do benefício na Lei do TCU de 1960, tal norma não pode prevalecer sobre os princípios constitucionais da segurança jurídica, da proteção à confiança legítima e da dignidade da pessoa humana, que são pilares do ordenamento jurídico brasileiro. Em casos envolvendo direitos alimentares, a interpretação deve ser sempre favorável à proteção do administrado.

Conclusão

Diante da análise dos fatos e fundamentos jurídicos apresentados, entendo que o ato administrativo que suspendeu a pensão militar da Apelante é nulo, por violar o prazo decadencial, os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança legítima, bem como os direitos fundamentais ao contraditório e à ampla defesa.

Voto

Por todo o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, voto pelo provimento do recurso de apelação, para reformar a sentença recorrida e conceder a segurança pleiteada, anulando-se o ato administrativo que suspendeu a pensão militar da Apelante. Determino, ainda, o restabelecimento imediato do benefício, com o pagamento dos valores retroativos devidos, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros legais.

Decisão

Assim, dou provimento ao recurso, para julgar procedente o pedido da Apelante, nos termos do voto.

Rio de Janeiro, data.

_______________________________
Magistrado Relator


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