Modelo de Contestação à Ação de Responsabilidade por Danos Morais e Materiais com Impugnação de Responsabilidade Objetiva e Relação de Consumo

Publicado em: 19/02/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Contestação apresentada pela Associação Desportiva em face de Ação de Responsabilidade por Danos Morais e Materiais movida por um associado, abordando questões como a inexistência de responsabilidade objetiva, ausência de relação de consumo regida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), impugnação do valor da causa, e ausência de comprovação de danos materiais e morais. Fundamenta-se em jurisprudências, estatuto associativo e princípios de razoabilidade e proporcionalidade.

CONTESTAÇÃO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de __________.

Processo nº __________

Associação Desportiva __________, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº __________, com sede na __________, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO à Ação de Responsabilidade por Danos Morais c/c Danos Materiais proposta por M. F. de S. L., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

Em 24 de outubro de 2024, o associado M. F. de S. L., com 69 anos de idade, aposentado, dirigiu-se ao clube para realizar sua prática habitual de natação. No local, estavam presentes salva-vidas e demais equipamentos de segurança, conforme demonstrado em vídeos anexados aos autos.

Durante a atividade, o associado foi encontrado submerso no fundo da piscina, sendo prontamente socorrido pelos salva-vidas, que realizaram os primeiros socorros e acionaram a enfermeira do clube, equipada com desfibrilador. Posteriormente, duas ambulâncias do SAMU chegaram ao local para prestar atendimento.

Importante destacar que o associado não apresentou sinais de afogamento, como movimentos bruscos ou pedidos de socorro. A profundidade da piscina era de 1,25 metros, enquanto o associado possuía 1,80 metros de altura, o que lhe permitiria ficar de pé sem dificuldades. Ademais, a perícia do IML não constatou vestígios de substâncias que deveriam estar sendo utilizadas pelo associado, encontrando apenas carisoprodol.

Os requerentes alegam responsabilidade objetiva do clube com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC), pleiteando indenização por danos morais e materiais no valor de R$ 800.000,00.

DO DIREITO

1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Preliminarmente, requer-se a manutenção da gratuidade da justiça deferida à parte autora, tendo em vista os valores percebidos por ela, consistentes em pensão e aposentadoria no montante de R$ 6.700,00, conforme declarado nos autos.

2. DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA

O valor atribuído à causa, de R$ 800.000,00, é manifestamente excessivo e aleatório, não refletindo a realidade dos fatos. Requer-se a adequação do valor da causa para R$ 20.000,00, em conformidade com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

3. DA RELAÇÃO ASSOCIATIVA E NÃO DE CONSUMO

Conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a relação entre a associação desportiva e seus associados não é regida pelo CDC, mas sim pelo estatuto associativo. A associação não pode ser considerada fornecedora de serviços, uma vez que suas atividades são voltadas ao objetivo social comum dos associados, sem fins lucrativos.

...


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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de uma ação de responsabilidade por danos morais c/c danos materiais proposta por M. F. de S. L. contra a Associação Desportiva __________, em decorrência do falecimento do associado em suas dependências.

Os requerentes alegam que o clube agiu de forma negligente, pleiteando indenização no valor de R$ 800.000,00. Em contestação, a Associação Desportiva sustenta a inexistência de responsabilidade civil, bem como a ausência de relação de consumo e de nexo causal entre o evento e a conduta da associação.

Passo à análise.

Voto

1. Preliminares

Quanto à gratuidade da justiça, entendo que deve ser mantida, considerando os documentos apresentados que comprovam a situação financeira da parte autora, em conformidade com o disposto no artigo 98 do Código de Processo Civil.

Em relação ao valor da causa, vejo pertinência no pedido de adequação formulado pela parte ré, pois o montante pleiteado de R$ 800.000,00 é desproporcional à situação fática e não reflete os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Assim, determino a adequação do valor da causa para R$ 20.000,00.

2. Mérito

2.1 Da Relação Jurídica

Conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a relação entre a associação desportiva e seus associados não é de consumo, mas associativa, regida pelo estatuto da entidade. Dessa forma, não se aplica o Código de Defesa do Consumidor (CDC) ao caso em tela.

2.2 Da Responsabilidade Civil

Para que haja a responsabilização civil, é necessário o preenchimento cumulativo de três requisitos: ato ilícito, nexo de causalidade e dano, conforme disposto no artigo 186 do Código Civil. No presente caso, não restou comprovado o nexo causal entre o evento ocorrido e a conduta da associação ré.

A associação demonstrou, por meio de provas documentais e testemunhais, que adotou todas as medidas de segurança, disponibilizando salva-vidas, enfermeira e equipamentos como desfibrilador. Ademais, a perícia constatou que o associado não apresentava sinais de afogamento, tampouco utilizava substâncias que poderiam comprometer sua saúde, exceto o carisoprodol, cuja responsabilidade pelo uso não pode ser imputada à associação.

2.3 Dos Danos

Os requerentes não lograram êxito em comprovar os danos materiais e morais alegados. A viúva já recebe pensão, e não há elementos que demonstrem abalo financeiro significativo. Quanto aos danos morais, entendo que, inexistindo culpa ou nexo causal, não é cabível a indenização pleiteada.

3. Jurisprudência

Destaco os seguintes precedentes que corroboram este entendimento:

  • TJSP (10ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: Improcedência dos pedidos de indenização por ausência de nexo causal e inexistência de relação de consumo.
  • TJSP (10ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: Improcedência da ação em razão da ausência de comprovação de nexo entre o ato e os danos alegados.
  • TJSP (10ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: Arbitramento de indenização por danos morais de forma moderada, considerando a extensão da lesão.

Dispositivo

Diante do exposto, nos termos do artigo 93, IX, da Constituição Federal, JULGO IMPROCEDENTE a ação proposta por M. F. de S. L., uma vez que não se verificou a responsabilidade civil da Associação Desportiva __________.

Condeno os requerentes ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que arbitro em 10% sobre o valor da causa, já adequado para R$ 20.000,00, nos termos do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil.

É como voto.

Local e data.

_________________________________________

Magistrado


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