Modelo de Contra-Razões ao Recurso de Apelação para Reconhecimento de Tentativa de Homicídio e Remessa ao Tribunal do Júri

Publicado em: 30/01/2025 Direito Penal Processo Penal
Contra-razões ao recurso de apelação interposto pelo Ministério Público em processo criminal, visando a reforma da decisão de piso que desclassificou tentativa de homicídio para ameaça. Fundamenta-se na requalificação do crime como tentativa de homicídio, com base no Código Penal (art. 121, c/c art. 14, II), e na remessa do caso ao Tribunal do Júri, conforme competência para crimes dolosos contra a vida. Inclui análise factual, fundamentos jurídicos, jurisprudência relevante e pedido de reforma da decisão.

CONTRA-RAZÃO EM RECURSO DE APELAÇÃO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de __________.

Processo nº _____________

Apelado: Ministério Público
Apelante: _____________

_____________, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas CONTRA-RAZÕES ao recurso de apelação interposto pelo Ministério Público, nos termos do artigo 600 do Código de Processo Penal, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS

No ano de 2022, o apelante solicitou ao seu vizinho e serralheiro a soldagem de um suporte para fixação de uma fechadura eletrônica no portão de sua residência, tendo realizado o pagamento adiantado. O vizinho iniciou o serviço, mas deixou de finalizá-lo, comprometendo-se a concluí-lo no dia seguinte. Contudo, por cinco dias consecutivos, o vizinho não cumpriu com o combinado.

No quinto dia, o apelante dirigiu-se ao estabelecimento do vizinho para questioná-lo sobre a finalização do serviço. Após uma breve discussão, o vizinho, de forma desproporcional e sem qualquer justificativa, foi até o interior de seu estabelecimento, pegou uma foice e partiu em direção ao apelante, tentando desferir um golpe. O ato só não foi consumado devido à intervenção de um terceiro que impediu a agressão.

Posteriormente, o apelante acionou a polícia militar, que conduziu o vizinho ao Departamento de Polícia Militar (DPM). Apesar de o apelante ter informado que o vizinho possuía passagem criminal e armas de fogo, tais informações não constaram no boletim de ocorrência. O Ministério Público, com base no artigo 147 do Código Penal, ofereceu transação penal, desconsiderando a gravidade dos fatos e a tentativa de homicídio evidente.

DO DIREITO

O caso em questão não se trata de mera ameaça, mas sim de uma tentativa de homicídio, conforme previsto no CP, art. 121, c/c art. 14, II. A conduta do vizinho, ao pegar uma foice e tentar desferir um golpe contra o apelante, demonstra clara intenção de ceifar a vida da vítima, sendo o ato interrompido apenas por circunstâncias alheias à sua vontade.

O artigo 147 do Código Penal, que tipifica o crime de ameaça, exige a intenção de causar temor à vítima mediante promessa de mal injusto e grave. No entanto, a conduta do vizinho extrapola a simples ameaça, configurando uma tentativa de homicídio, pois houve início de execução do crime, interrompido pela intervenção de terceiros.

...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de recurso de apelação interposto pelo Ministério Público contra decisão de piso que desclassificou a conduta do apelado de tentativa de homicídio (art. 121, c/c art. 14, II, do Código Penal) para ameaça (art. 147 do Código Penal), com oferecimento de transação penal nos termos do art. 76 da Lei 9.099/1995.

A defesa do apelado, por sua vez, apresentou contra-razões, requerendo a manutenção da decisão de piso. Contudo, o apelante, vítima dos fatos narrados, sustenta que a decisão desconsidera a gravidade da conduta praticada, afronta o princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e impede o encaminhamento do caso ao Tribunal do Júri, competente para julgar crimes dolosos contra a vida.

Voto

Em análise dos autos, verifica-se que os fatos narrados demonstram, de forma robusta, a presença de elementos que configuram uma tentativa de homicídio, conforme previsto no art. 121, c/c art. 14, II, do Código Penal. A conduta do réu, ao empunhar uma foice e tentar desferir um golpe contra o apelante, foi interrompida por circunstâncias alheias à sua vontade, o que caracteriza o início da execução do crime doloso contra a vida.

A decisão de piso, ao desclassificar a conduta para ameaça, desconsiderou a gravidade dos fatos e a proteção devida à vítima, em afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana, consagrado no art. 1º, III, da Constituição Federal. Ademais, o art. 76 da Lei 9.099/1995, que prevê a transação penal, é inaplicável a crimes dolosos contra a vida, conforme entendimento consolidado pela jurisprudência e pela doutrina.

O Ministério Público, ao oferecer transação penal, não observou a correta tipificação do crime, violando o devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV) e os princípios que regem a justiça penal. A análise criteriosa dos elementos probatórios, incluindo os depoimentos das testemunhas e o relato da vítima, reforça a necessidade de reforma da decisão de piso.

Destaco que a jurisprudência dos tribunais, conforme precedentes citados nas contra-razões apresentadas, reconhece a relevância da palavra da vítima em casos de crimes contra a vida, desde que corroborada pelos demais elementos probatórios, como se verifica no presente caso.

Fundamentação

O art. 93, IX, da Constituição Federal, determina que todas as decisões judiciais sejam devidamente fundamentadas. Assim, com base nos elementos dos autos, verifico que:

  • Os fatos configuram tentativa de homicídio, prevista no art. 121, c/c art. 14, II, do Código Penal;
  • A decisão de piso, ao desclassificar o crime para ameaça (art. 147 do Código Penal), violou os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da proteção à vida;
  • O art. 76 da Lei 9.099/1995 não se aplica a crimes dolosos contra a vida, sendo competência do Tribunal do Júri o julgamento de tais infrações penais.

Decisão

Ante o exposto, voto pelo provimento do recurso de apelação interposto pelo Ministério Público, para que seja reformada a decisão de piso e reconhecida a prática de tentativa de homicídio (art. 121, c/c art. 14, II, do Código Penal), com a remessa dos autos ao Tribunal do Júri, competente para julgar crimes dolosos contra a vida.

Condeno ainda o apelado ao pagamento das custas processuais, caso aplicável.

Termos Finais

É como voto.

Local e data.

___________________________
Nome do Magistrado


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