Modelo de Defesa em Queixa-Crime com Fundamentação Jurídica e Pedido de Rejeição por Ausência de Justa Causa

Publicado em: 17/12/2024 Direito Penal Processo Penal
Apresentação de defesa por Marcelo de Lima Dias em face de queixa-crime movida por Robério Bandeira de Negreiros, com base no artigo 396 do Código de Processo Penal. A peça argumenta a ausência de justa causa, falta de dolo específico e bilateralidade do conflito, além de destacar fundamentos jurídicos e jurisprudências para a rejeição da queixa-crime ou absolvição sumária. Inclui pedidos de produção de provas e condenação do querelante ao pagamento de custas processuais.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __________

Processo nº __________

M. DE L. D., já qualificado nos autos da Queixa-Crime apresentada por R. B. DE N., vem, por meio de seu advogado infra-assinado, com fundamento no artigo 396 do Código de Processo Penal (CPP), apresentar sua DEFESA, impugnando os termos da queixa-crime, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

PREÂMBULO

O querelado, em respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa, apresenta sua manifestação em face da queixa-crime, a qual carece de justa causa e apresenta inconsistências fáticas e jurídicas que a tornam insustentável.

DOS FATOS

O querelante, Sr. Robério Bandeira de Negreiros, acusa o querelado de proferir ofensas à sua honra e dignidade por meio de um e-mail enviado em 22/11/2024. No entanto, o querelado esclarece que o contexto dos fatos foi omitido na narrativa apresentada pelo querelante.

Existem provas concretas de que o próprio querelante iniciou as agressões verbais, por meio de mensagens enviadas via WhatsApp, utilizando-se de termos ofensivos e provocativos contra o querelado. Tais mensagens demonstram que o querelante não agiu de forma íntegra e contribuiu diretamente para o acirramento do conflito.

O querelado, após 30 anos de serviços prestados à empresa do querelante, apenas expressou sua insatisfação com um problema relacionado ao saque do FGTS, decorrente de erro na anotação de sua Carteira de Trabalho, situação que lhe causou prejuízos financeiros e emocionais.

DO DIREITO

A queixa-crime apresentada pelo querelante não encontra respaldo jurídico, sendo manifestamente improcedente pelos seguintes motivos:

  1. Ausência de dolo específico: Conforme entendimento consolidado, para a configuração dos crimes contra a honra, é imprescindível a presença do dolo específico de ofender. No caso em tela, as palavras utilizadas pelo querelado foram uma reação ao contexto conflituoso gerado pelo próprio querelante, não havendo intenção deliberada de ofender (CP, art. 139 e CP, art. 140).
  2. Princípio da proporcionalidade: As mensagens enviadas pelo querelante via WhatsApp, contendo ofensas ao querelado, demonstram que o conflito foi bilateral. Assim, não se pode imputar exclusivamente ao querelado a responsabilidade pelas palavras proferidas.
  3. Falta de justa causa: A queixa-crime carece de elementos mínimos que justifiquem a instauração da ação penal, configurando-se como um abuso do direito de ação, conforme previsto no CPP, art. 395, III.

...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Contextualização

Trata-se de recurso interposto nos autos da queixa-crime apresentada por Robério Bandeira de Negreiros contra Marcelo de Lima Dias, em razão de alegadas ofensas à honra e dignidade proferidas por meio de e-mail. A controvérsia envolve a análise da presença de elementos configuradores do crime contra a honra e a justa causa para a instauração da ação penal.

Do Direito e Análise Hermenêutica

A análise da presente controvérsia deve observar os princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, consagrados no art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal de 1988. Ademais, o art. 93, IX, da CF/88 determina que toda decisão judicial seja fundamentada, sob pena de nulidade.

O caso em questão exige interpretação hermenêutica entre os fatos apresentados e os dispositivos legais aplicáveis, a saber:

  1. Ausência de dolo específico: Conforme os arts. 139 e 140 do Código Penal, é indispensável a intenção deliberada de ofender para a configuração de crimes contra a honra. A análise dos autos demonstra que o querelado reagiu a um contexto de conflito bilateral, sem intenção específica de ofender.
  2. Princípio da proporcionalidade: As mensagens enviadas pelo querelante por meio do aplicativo WhatsApp, contendo ofensas contra o querelado, demonstram um litígio bilateral, afastando a unilateralidade das alegações apresentadas na queixa-crime.
  3. Falta de justa causa: Nos termos do art. 395, incisos I e III, do Código de Processo Penal, a queixa-crime apresentada carece de elementos mínimos para sustentar a instauração da ação penal, configurando abuso do direito de ação.

Além disso, o princípio da intervenção mínima do Direito Penal, que o consagra como última ratio, deve ser respeitado, sendo inaceitável sua aplicação em situações que poderiam ser resolvidas por outros meios jurídicos.

Jurisprudência Aplicável

Ressalto que a jurisprudência pátria é clara ao reforçar os fundamentos acima apresentados. Cito, para tanto, os seguintes precedentes:

  • Queixa-crime rejeitada por ausência de dolo específico: "Ainda que a querelante tenha como ofensivas as palavras utilizadas pelo querelado, não houve prática de crimes contra a honra, por completa ausência do dolo específico, qualificando-se os comentários como expressão de desagrado num contexto de conflito [...]" (TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP, Rel. Des. Waldir Calciolari, J. 14/02/2024).
  • Falta de justa causa para a ação penal: "A ausência de referência realizada pelo querelante na procuração quanto ao fato criminoso não cumpre a obrigação estabelecida no CPP, art. 44, revelando-se escorreita a rejeição da queixa-crime." (TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP, Rel. Des. Leonardo Delfino, J. 31/07/2023).
  • Decadência do direito de ação: "A comunicação feita em sede policial, via Boletim de Ocorrência, antes do prazo se esgotar em nada influencia no seu curso, tampouco em seu cômputo, eis que não se interrompe nem se suspende prazo decadencial." (TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP, Rel. Des. Antônio Carlos Pontes de Souza, J. 03/03/2023).

Decisão

Diante de todo o exposto, em respeito ao princípio constitucional da fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX, da CF/88), VOTO pelo conhecimento do recurso interposto, e, no mérito, pela improcedência da queixa-crime, com a consequente extinção do processo, nos termos do art. 395, incisos I e III, do Código de Processo Penal.

Subsidiariamente, caso não seja este o entendimento, voto pela absolvição sumária do querelado, nos termos do art. 397, inciso IV, do CPP, em razão da ausência de dolo específico e inexistência de crime.

Por fim, determino a condenação do querelante ao pagamento das custas processuais, em conformidade com o art. 804 do CPP.

Termos Finais

É como voto.

Local e data

______________________________

Magistrado


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