Modelo de Impugnação à Execução para Reconhecimento da Impenhorabilidade de Imóvel Residencial com Base na Lei 8.009/1990 e CPC/2015

Publicado em: 09/01/2024 Civel
Petição de impugnação à execução apresentada pelo espólio de A. J. dos S., representado por seu inventariante, visando ao reconhecimento da impenhorabilidade do único imóvel do espólio, utilizado como residência familiar. Fundamenta-se na Lei 8.009/1990, que protege o bem de família, no artigo 6º da Constituição Federal e no artigo 833, inciso I, do CPC/2015. A peça ainda invoca a jurisprudência e doutrina para reforçar a proteção ao direito à moradia, requerendo a liberação da penhora incidente sobre o imóvel, a condenação da parte exequente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE __________

Processo nº __________

PREÂMBULO

Espólio de A. J. dos S., devidamente representado por seu inventariante, já qualificado nos autos da ação de execução promovida por B. F. de S., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus procuradores, com fundamento no CPC/2015, art. 525 e na Lei 8.009/1990, apresentar a presente:

IMPUGNAÇÃO À EXECUÇÃO

em razão da penhora incidente sobre o único imóvel do espólio, utilizado como residência familiar, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS

O espólio de A. J. dos S. foi chamado à lide em razão de dívida contraída pelo falecido. No curso da execução, foi determinada a penhora do único imóvel pertencente ao espólio, localizado na Rua __________, nº ___, nesta Comarca.

O referido imóvel é utilizado exclusivamente como residência pela família do falecido, sendo o único bem que garante o direito à moradia dos herdeiros, conforme previsto na Constituição Federal e na Lei 8.009/1990.

A penhora, portanto, atenta contra o direito fundamental à moradia e deve ser afastada, conforme será demonstrado a seguir.

DO DIREITO

A Lei 8.009/1990, em seu art. 1º, dispõe que o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar é impenhorável, salvo nas hipóteses expressamente previstas em lei. Tal proteção visa garantir o direito à moradia, consagrado no art. 6º da CF/88.

No caso em tela, o imóvel penhorado é o único bem do espólio e serve como residência para os familiares do falecido, enquadrando-se, portanto, na definição de bem de família protegida pela legislação.

A jurisprudência é pacífica no sentido de que a impenhorabilidade do bem de família é absoluta, salvo nas exceções previstas na própria Lei 8.009/1990, que não se aplicam ao caso em análise.

Doutrinariamente, o professor Nelson Nery Júnior destaca que a proteção ao bem de família é uma garantia fundamental que visa assegurar a dignidade da pessoa humana, impedindo que o devedor e sua famíli"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação de execução movida por B. F. de S. contra o espólio de A. J. dos S., na qual foi determinada a penhora do único imóvel do espólio, utilizado como residência pela família do falecido. Em sede de defesa, o espólio opôs impugnação à execução, com fundamento na Lei 8.009/1990, que protege o bem de família, e no direito constitucional à moradia, previsto no art. 6º da Constituição Federal de 1988.

A parte exequente, por sua vez, pugna pela manutenção da penhora, sob alegação de que o bem em questão não se enquadra nos requisitos de proteção previstos na legislação aplicável.

Passo à análise dos fatos e do direito.

Fundamentos

Dos Fatos

O imóvel objeto da penhora é utilizado exclusivamente como residência pelos herdeiros do falecido, sendo o único bem que lhes garante o direito à moradia. A penhora, portanto, compromete gravemente o direito fundamental à moradia da família, que é expressamente protegido pela legislação brasileira.

Do Direito

O art. 1º da Lei 8.009/1990 estabelece que o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar é impenhorável, exceto nas hipóteses expressas em lei. Tal proteção encontra amparo no art. 6º da Constituição Federal, que consagra o direito à moradia como direito social, fundamental à dignidade da pessoa humana.

Ademais, o art. 833, inciso I, do CPC/2015, reforça a impenhorabilidade do bem de família, salvo exceções que, por sua vez, não se aplicam ao caso concreto. A jurisprudência pátria, de forma reiterada, reconhece a proteção absoluta ao bem de família, conforme se observa nos precedentes apresentados.

Doutrinariamente, o professor Nelson Nery Júnior afirma que a proteção ao bem de família é uma garantia essencial para assegurar a dignidade da pessoa humana, impedindo que o devedor e sua família sejam privados de sua moradia em decorrência de dívidas.

Das Jurisprudências

Cito, por oportuno, os seguintes precedentes que corroboram o entendimento pela impenhorabilidade do bem de família:

  • TJSP (12ª Câmara de Direito Privado) - Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP - Araçatuba: "Demonstrado de forma suficientemente estreme de dúvida que o coexecutado utiliza o imóvel como sua moradia, o levantamento da constrição sobre o bem é medida que se impõe, acolhendo-se a impugnação à penhora."
  • TJSP (12ª Câmara de Direito Privado) - Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP - Novo Horizonte: "Tal panorama permite presumir que a executada utiliza o imóvel como sua moradia, e não o contrário."

Conclusão

Diante do exposto, verifico que o imóvel penhorado se enquadra na proteção conferida pela Lei 8.009/1990 e pelo art. 6º da Constituição Federal, sendo, portanto, impenhorável. A manutenção da penhora atentaria contra o direito fundamental à moradia da família do falecido, direito este amplamente protegido pela legislação e jurisprudência brasileiras.

Voto

Com fundamento no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, voto pelo provimento da impugnação apresentada pelo espólio de A. J. dos S., para reconhecer a impenhorabilidade do imóvel localizado na Rua __________, nº ___, e determinar a liberação da penhora incidente sobre o referido bem.

Condeno a parte exequente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 85 do CPC/2015.

Decisão

Por unanimidade, julgo procedente o pedido, nos termos do voto acima.

Local e data: __________.

Magistrado: ____________________________
Vara Cível: __________


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