Modelo de Pedido de Substituição de Medida Socioeducativa de Internação por Liberdade Assistida com Base no ECA e na CF/88

Publicado em: 07/02/2025 Consumidor Advogado Menor Menor Direito Penal Processo Penal
Requerimento judicial apresentado por representante legal de adolescente, fundamentado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Constituição Federal de 1988, para substituição da medida socioeducativa de internação por liberdade assistida. O pedido se baseia na irregularidade da abordagem policial e na desproporcionalidade da internação, considerando a primariedade do adolescente e a ausência de reiteração em atos infracionais. São solicitados a nulidade das provas obtidas de forma ilícita, a designação de audiência de apresentação e a concessão de justiça gratuita, entre outros.

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE LEME - SP

Processo nº: [inserir número do processo]

Requerente: E. F. da S. J.

Requerido: Ministério Público do Estado de São Paulo

PREÂMBULO

O adolescente E. F. da S. J., representado por sua avó materna, Sra. [nome completo da avó], residente e domiciliada na Rua [endereço completo], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado, com fundamento no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), art. 121 e seguintes, bem como no art. 5º, incisos LIV e LV, da CF/88, requerer a aplicação da medida socioeducativa de liberdade assistida, em substituição à medida de internação imposta, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS

No dia 25 de novembro de 2024, o adolescente E. F. da S. J., de 16 anos, foi abordado por policiais militares enquanto atravessava a rua. Durante a abordagem, os policiais vasculharam seu celular sem autorização judicial, encontrando mensagens que supostamente indicavam envolvimento com tráfico de drogas. Em seguida, o adolescente foi conduzido à residência de sua genitora, onde foram localizadas substâncias entorpecentes (cocaína e maconha), um simulacro de arma de fogo e dinheiro.

A genitora do adolescente assumiu a posse das drogas e do simulacro, sendo presa em flagrante e processada por tráfico de drogas. Apesar disso, o adolescente foi responsabilizado pelo ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33), sendo-lhe imposta a medida socioeducativa de internação por tempo indeterminado.

Entretanto, a abordagem policial foi realizada de forma irregular, com violação de direitos fundamentais do adolescente, e a medida de internação se mostra desproporcional, considerando a primariedade do menor e a possibilidade de aplicação de medida menos gravosa, como a liberdade assistida.

DO DIREITO

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que a aplicação de medidas socioeducativas deve observar os princípios da proporcionalidade e da excepcionalidade da internação (ECA, art. 122). A internação somente é cabível em casos de grave ameaça ou violência à pessoa, reiteração no cometimento de infrações graves ou descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta.

No caso em tela, o adolescente é primário e não há registro de reiteração em atos infracionais. Ademais, a abordagem policial foi realizada em desacordo com os princípios constitucionais da legalidade e da inviolabilidade da intimidade e da privacidade (CF/88, art. 5º, X e LIV), configurando nulidade da prova obtida.

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de pedido formulado por E. F. da S. J., representado por sua avó materna, Sra. [nome completo da avó], requerendo a substituição da medida socioeducativa de internação pela medida de liberdade assistida. Fundamenta-se, ainda, na nulidade das provas obtidas em decorrência de abordagem policial irregular, alegando afronta a dispositivos constitucionais e legais.

O Ministério Público apresentou manifestação contrária ao pedido, defendendo a manutenção da medida de internação imposta ao adolescente, sustentando a gravidade do ato infracional e a necessidade de medidas sancionatórias mais rígidas.

Voto

1. Da Admissibilidade

Inicialmente, verifico os pressupostos de admissibilidade do pedido. O recurso é tempestivo e está devidamente instruído, razão pela qual dele conheço, nos termos do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, que exige a fundamentação de todas as decisões judiciais.

2. Dos Fatos e Direitos

Conforme consta nos autos, o adolescente foi submetido a abordagem policial que culminou na apreensão de mensagens em seu celular, sem autorização judicial, e na posterior localização de substâncias entorpecentes e um simulacro de arma de fogo na residência de sua genitora. A genitora assumiu a posse dos objetos apreendidos, mas o adolescente foi responsabilizado pelo ato infracional análogo ao tráfico de drogas, sendo-lhe imposta medida socioeducativa de internação.

O artigo 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que a internação é medida excepcional, aplicável apenas em casos de grave ameaça ou violência à pessoa, reiteração de infrações graves ou descumprimento reiterado de medida anteriormente imposta. No presente caso, o adolescente é primário, não havendo registros de reiteração em atos infracionais ou violência direta contra terceiros.

Ademais, a abordagem policial, realizada sem autorização judicial, violou direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, notadamente o artigo 5º, incisos X (inviolabilidade da intimidade e da privacidade) e LIV (princípio do devido processo legal). As provas obtidas sob tais circunstâncias são nulas, devendo ser desconsideradas.

Por outro lado, a medida de liberdade assistida, prevista no artigo 118 do ECA, revela-se mais adequada à ressocialização do adolescente. Tal medida assegura o acompanhamento técnico e pedagógico necessário à sua reintegração à sociedade, alinhando-se ao princípio da proteção integral e ao objetivo pedagógico das medidas socioeducativas.

3. Doutrina e Jurisprudência

A doutrina de Luiz Flávio Gomes destaca que \"a medida socioeducativa deve ser aplicada considerando a proteção integral do adolescente e priorizando alternativas que assegurem sua reintegração social\". De forma semelhante, Maria Helena Diniz enfatiza que \"a internação deve ser a última medida a ser aplicada, reservada apenas para casos em que se comprove a insuficiência de medidas menos gravosas\".

Este posicionamento encontra amparo em jurisprudências recentes, como no Habeas Corpus Cível nº Acórdão/TJSP do Tribunal de Justiça de São Paulo, que reforça a relevância da liberdade assistida para fins pedagógicos e ressocializadores. Também se destaca o julgamento do STJ no AgRg no Habeas Corpus nº Acórdão/STJ, que considerou a liberdade assistida uma medida proporcional e adequada.

4. Conclusão

Diante do exposto, julgo procedente o pedido formulado por E. F. da S. J., para:

  1. Declarar a nulidade das provas obtidas em decorrência da abordagem policial irregular, com fundamento no artigo 5º, incisos X e LIV, da Constituição Federal;
  2. Substituir a medida socioeducativa de internação pela medida de liberdade assistida, nos termos do artigo 118 do Estatuto da Criança e do Adolescente;
  3. Determinar a realização de audiência de apresentação, com a presença do adolescente e de sua representante legal, para definição de plano de atendimento socioeducativo;
  4. Intimar o Ministério Público para ciência e manifestação.

Assim, voto pelo provimento do pedido, procedendo-se às determinações supra.

Dispositivo

Ante o exposto, julgo procedente o pedido de substituição da medida de internação por liberdade assistida e determino a nulidade das provas obtidas em violação aos direitos fundamentais do adolescente.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Leme, [data].

Magistrado: [Nome do Magistrado]


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