Modelo de Ação Declaratória de Nulidade de Negócio Jurídico: Fraude em Transferência de Imóvel e Pedido de Reintegração de Posse

Publicado em: 14/01/2024 Civel Direito Imobiliário
Ação Declaratória de Nulidade de Negócio Jurídico proposta por viúva que teve seu imóvel transferido de forma fraudulenta para terceiros. O pedido fundamenta-se nos artigos 166, 167, 171 e 422 do Código Civil Brasileiro, configurando vício de consentimento, simulação, dolo e violação à boa-fé objetiva. A autora requer a nulidade da procuração e dos atos subsequentes, bloqueio da matrícula do imóvel, reintegração de posse e indenização por danos materiais e morais. O caso envolve litígios relacionados a fraude, simulação e transferência imobiliária em condições desleais.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ___.

A. S. de S., viúva, portadora do CPF nº ___, residente e domiciliada na cidade de ___, vem, por meio de seu advogado infra-assinado, com endereço profissional na Rua ___, nº ___, Bairro ___, Cidade ___, Estado ___, endereço eletrônico ___, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO, com fundamento nos artigos 166 e 171 do Código Civil Brasileiro e demais dispositivos aplicáveis, em face de D. M., A. C. e Imobiliária ___, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

A autora, viúva e residente em outro estado, recebeu uma proposta de compra e venda de sua residência com porteira fechada pelo valor de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). Os compradores ofereceram parte do pagamento em pedras preciosas e o restante em dinheiro, mas não definiram a proporção entre os valores.

Por estar distante e confiar nos compradores, a autora outorgou uma procuração em nome da esposa de um dos compradores para resolver pendências relacionadas ao imóvel, como restrições trabalhistas, IPTU atrasado e outras exigências do cartório. Contudo, os compradores, alegando desistência do negócio devido às restrições do imóvel, devolveram apenas um molho de chaves e informaram que a procuração estaria vencida.

Antes disso, os compradores solicitaram que a autora depositasse valores para quitar o IPTU atrasado, o que foi feito, mas os débitos não foram pagos. Posteriormente, a procuração foi substabelecida para a proprietária de uma imobiliária, que adquiriu o imóvel por um valor vil de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), mesmo sem contrato de compra e venda assinado.

O imóvel foi transferido para o nome da imobiliária, apesar das restrições que anteriormente impediam a transferência. A autora, ao descobrir a fraude, já não era mais proprietária do imóvel, que havia sido vendido e transferido para terceiros.

DO DIREITO

O caso em tela configura evidente fraude e vício de consentimento, sendo cabível a declaração de nulidade do negócio jurídico. Nos termos do CCB/2002, art. 166, o negócio jurídico é nulo quando for simulado, como ocorre na presente situação, em que a transferência do imóvel foi realizada mediante artifício fraudulento.

Ademais, o CCB/2002, art. 171, prevê que é anulável o negócio jurídico quando houver erro, dolo, coação ou simulação, elementos presentes no caso em análise. A autora foi induzida a erro pelos réus, que utilizaram de má-fé para obter a propriedade do imóvel por valor irrisório.

O princípio da boa-fé objetiva, consagrado no CCB/2002, art. 422, também foi violado, uma vez que os réus agiram de forma desleal e contrária aos deveres de honestidade e transparência.

Por fim, a transferência do imóvel para a imobiliária, mesmo havendo restrições impeditivas, afronta o CCB/2002, art. 167, que trata da nulidade dos negócios jurídicos simulados.

...


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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Ação Declaratória de Nulidade de Negócio Jurídico, ajuizada por A. S. de S., em face de D. M., A. C. e Imobiliária ___, na qual a autora alega vício de consentimento e fraude na transferência de imóvel de sua propriedade, pleiteando a nulidade do negócio jurídico celebrado.

Os autos revelam que, por meio de procuração outorgada pela autora, o imóvel foi transferido para a imobiliária ré por valor vil e mediante substabelecimento fraudulento, configurando má-fé por parte dos réus. A autora alega violação de normas do Código Civil e princípios constitucionais.

Voto

Nos termos do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, passo a fundamentar o presente voto:

Análise dos Fatos e Fundamentos Legais

O caso em análise revela grave afronta aos dispositivos do Código Civil Brasileiro. Conforme disposto no art. 166 do CCB/2002, o negócio jurídico é nulo quando for simulado, como ocorre no presente caso, em que o imóvel foi transferido mediante artifício fraudulento. Além disso, o art. 171 do mesmo diploma legal prevê a anulabilidade do negócio jurídico quando há erro ou dolo, vícios claramente evidenciados nos autos.

O princípio da boa-fé objetiva, previsto no art. 422 do CCB/2002, foi igualmente violado, pois os réus agiram de forma desleal e contrária aos deveres de honestidade e transparência. Por sua vez, a simulação e a fraude são vedadas pelo art. 167, que trata da nulidade dos negócios simulados.

Ademais, a jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo reforça que atos praticados mediante fraude e dolo são passíveis de nulidade, como demonstrado nos precedentes transcritos nos autos.

Interpretação Hermenêutica

A análise hermenêutica dos fatos e do direito aplicável conduz à conclusão de que os réus agiram com evidente intenção de lesar a autora, utilizando-se de ardis para obter o imóvel por valor ínfimo. A conduta dos réus viola preceitos constitucionais, especialmente o princípio da dignidade da pessoa humana e o direito de propriedade, ambos protegidos pela Constituição Federal de 1988.

Conclusão

Portanto, considerando os fatos, o direito aplicável e os elementos constantes nos autos, voto no sentido de dar procedência ao pedido, com as seguintes determinações:

  1. Declarar a nulidade da procuração outorgada pela autora, bem como de todos os atos subsequentes, incluindo a transferência do imóvel para a imobiliária ré;
  2. Determinar a reintegração da posse do imóvel à autora;
  3. Condenar os réus ao pagamento de danos materiais e morais, a serem apurados em liquidação de sentença;
  4. Ordenar o bloqueio da matrícula do imóvel junto ao cartório de registro de imóveis, até ulterior decisão transitada em julgado;
  5. Condenar os réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 15% sobre o valor da causa.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por julgar procedente a ação, nos termos acima delineados.

Termos Finais

É como voto.

Magistrado:

____________________________________________

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito


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