Modelo de Agravo de Instrumento contra Decisão de Medidas Protetivas de Urgência com Base na Lei Maria da Penha

Publicado em: 21/11/2023 Familia
Recurso de agravo de instrumento interposto por A. J. dos S. contra decisão interlocutória que concedeu medidas protetivas de urgência em favor de M. F. de S. L., com fundamento na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). O documento sustenta a ausência de provas concretas que justifiquem a imposição das medidas restritivas e apresenta argumentos jurídicos baseados no CPC/2015, na Constituição Federal e em precedentes jurisprudenciais, requerendo a reforma da decisão agravada.

AGRAVO DE INSTRUMENTO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de ____________.

A. J. dos S., brasileiro, divorciado, empresário, portador do CPF nº ____________, residente e domiciliado na Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, Cidade ____________, Estado ____________, endereço eletrônico ____________, por seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional na Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, Cidade ____________, Estado ____________, endereço eletrônico ____________, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no CPC/2015, art. 1.015, interpor o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO

em face da decisão interlocutória proferida nos autos do processo nº ____________, que concedeu medidas protetivas de urgência em favor de M. F. de S. L., com fulcro na Lei 11.340/06, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

O agravante e a agravada mantiveram relacionamento conjugal por ___ anos, do qual resultaram ___ filhos. Após o término da relação, a agravada ajuizou pedido de medidas protetivas de urgência, alegando que o agravante teria praticado violência psicológica contra ela, conforme disposto na Lei 11.340/06.

Em decisão interlocutória, o juízo de primeiro grau deferiu as medidas protetivas, determinando o afastamento do agravante do lar conjugal e a proibição de contato com a agravada por qualquer meio, com base em alegações que não foram devidamente comprovadas nos autos.

O agravante, no entanto, nega veementemente as acusações e sustenta que a decisão foi proferida sem a devida análise de provas concretas que justifiquem a imposição das medidas protetivas, causando-lhe prejuízos irreparáveis, tanto no âmbito pessoal quanto profissional.

DO DIREITO

O presente recurso encontra fundamento no CPC/2015, art. 1.015, que prevê a possibilidade de interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias. No caso em tela, a decisão que concedeu as medidas protetivas de urgência configura tutela provisória de urgência, sendo, portanto, passível de revisão por esta instância superior.

Conforme dispõe o art. 18, §5º, da Lei 11.340/06, as medidas protetivas de urgência podem ser concedidas independentemente da tipificação penal da violência ou da existência de inquérito policial. Contudo, para sua concessão, é imprescindível a demonstração de elementos concretos que evidenciem o risco à integridade da vítima, o que não restou configurado no presente caso.

Ademais, o art. 5º, incisos LIV e LV, da CF/88, assegura a todos os cidadãos o direito ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contradi"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por A. J. dos S. em face da decisão interlocutória proferida nos autos do processo de medidas protetivas de urgência, em favor de M. F. de S. L., com fundamento na Lei 11.340/06. A decisão agravada determinou o afastamento do agravante do lar conjugal e a proibição de contato com a agravada, sob a alegação de violência psicológica que, segundo o agravante, não foi devidamente comprovada nos autos.

Fundamentação

I. Hermenêutica Constitucional

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal, todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Neste caso, a decisão agravada, embora tenha o objetivo legítimo de proteger a parte agravada, deve ser analisada sob a ótica do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, conforme previsto no art. 5º, incisos LIV e LV, da CF/88.

II. Análise dos Fatos e Provas

Conforme narrado, a decisão agravada baseou-se em alegações de violência psicológica contra a agravada, sem a devida comprovação de elementos concretos que evidenciem o risco atual e iminente à sua integridade. O art. 18, §5º, da Lei 11.340/06 permite a concessão de medidas protetivas independentemente de tipificação penal ou inquérito policial, mas exige que haja indícios suficientes que justifiquem sua aplicação. No caso, os autos não trazem elementos que demonstrem de forma inequívoca a necessidade das medidas.

Ademais, a imposição de medidas restritivas ao agravante sem elementos concretos pode caracterizar violação ao princípio da proporcionalidade, considerando os prejuízos alegados por ele, tanto no âmbito pessoal quanto profissional.

III. Jurisprudência

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais de Justiça reforça a necessidade de análise criteriosa para a concessão de medidas protetivas de urgência. Destaco os seguintes precedentes:

  • STJ, REsp. Acórdão/STJ: "As medidas protetivas de urgência têm por escopo garantir a integridade da vítima, devendo ser concedidas mediante comprovação do risco à sua integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral."
  • TJSP, Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP: "Medidas protetivas pressupõem indícios concretos de risco, devendo ser aplicadas com cautela para evitar abusos e injustiças."

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 1.019, I, do CPC/2015 e no art. 18, §5º, da Lei 11.340/06, voto no sentido de dar provimento ao recurso, para reformar a decisão agravada e revogar as medidas protetivas de urgência concedidas em desfavor do agravante.

Determino, ainda, o retorno dos autos ao Juízo de origem para reavaliação da situação, com análise de eventuais novos elementos que possam justificar ou não a manutenção de medidas protetivas.

É como voto.

Termos Finais

Decisão proferida nos termos do art. 93, IX, da CF/88, garantindo a fundamentação expressa e observância aos princípios constitucionais aplicáveis.

Local e data.

_____________________________________
Magistrado
Juiz de Direito


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