Modelo de Recurso de Apelação no Crime de Desacato – Dolo Específico e Insignificância

Publicado em: 21/09/2024 Direito Penal Processo Penal
Modelo de recurso de apelação em ação penal de desacato, com pedido de absolvição por ausência de dolo específico e aplicação do princípio da insignificância. Documento aborda a proporcionalidade da pena.

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE RIO VERDE/GO

Processo n.º: [número do processo]
Apelante: A. C. M. O. M.
Apelado: Ministério Público do Estado de Goiás

A. C. M. O. M., já qualificada nos autos da ação penal em epígrafe, por intermédio de sua advogada que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

com fundamento no CPP, art. 593, I, contra a sentença que a condenou como incurso nas penas do art. 331 do Código Penal, pelas razões a seguir expostas.

I – DOS FATOS

A Apelante foi condenada pela prática do crime de desacato, com fundamento em que, no dia 25 de outubro de 2023, durante um atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Popular, Rio Verde/GO, teria proferido palavras ofensivas contra a funcionária pública Francielle Ferreira Siqueira, no exercício de suas funções. Consta dos autos que, após ser informada de que a UBS não atendia a sua área de residência, a Apelante teria se exaltado e utilizado palavras de baixo calão contra a servidora.

A sentença condenatória fixou a pena em 06 (seis) meses de detenção, substituída por prestação pecuniária no valor de 02 (dois) salários mínimos, conforme decisão proferida em [data]​.

II – DO DIREITO

A) Da Ausência de Dolo Específico

O crime de desacato, tipificado no CP, art. 331, exige a presença de dolo específico, ou seja, a vontade consciente de menosprezar, humilhar ou ofender o funcionário público no exercício de suas funções. No caso em tela, não ficou demonstrado que a Apelante agiu com o intuito de desrespeitar a servidora pública ou a Administração Pública.

A Apelante estava em busca de atendimento de emergência, frustrada com a recusa do serviço devido à sua área de residência, o que motivou sua reação. Não houve a intenção deliberada de ofender a honra ou o prestígio da servidora, o que afasta o dolo específico necessário para a configuração do crime de desacato.

B) Princípio da Insignificância

Ainda que se admita a existência de conduta ofensiva, é cabível a aplicação do princípio da insignificância. O ato não teve repercussão relevante para a Administração Pública, tampouco causou prejuízos materiais ou morais significativos. A ofensa proferida, em um contexto de exaltação emocional, não representa grave lesão ao bem jurídico "'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Narrativa de Fato e Direito

A Apelante foi condenada pelo crime de desacato após uma situação de exaltação em uma Unidade Básica de Saúde. A defesa argumenta a ausência de dolo específico na conduta e requer a aplicação do princípio da insignificância, que exclui a tipicidade penal quando o ato não atinge de forma relevante o bem jurídico protegido. Alternativamente, pede a redução da pena imposta.

Conceitos e Definições

  • Dolo Específico: Intenção direta de causar um resultado ilícito, como humilhar ou menosprezar.

  • Princípio da Insignificância: Doutrina que afasta a tipicidade de condutas que não causam lesão significativa ao bem jurídico protegido.

Considerações Finais

O presente recurso visa a absolvição da Apelante por falta de dolo específico e pela irrelevância jurídica do ato. Caso mantida a condenação, requer a revisão da pena, com base nos princípios constitucionais de proporcionalidade e insignificância.

TÍTULO:
MODELO DE RECURSO DE APELAÇÃO EM AÇÃO PENAL DE DESACATO, COM PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO E APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


1. Introdução
Este recurso de apelação visa reformar a sentença condenatória proferida em uma ação penal de desacato. O principal argumento é a ausência de dolo específico na conduta do réu, além da possibilidade de aplicação do princípio da insignificância, tendo em vista a desproporcionalidade entre a suposta conduta e a sanção imposta. Pretende-se demonstrar que o comportamento do réu, em momento algum, teve a intenção de ofender a autoridade pública ou sua função, bem como que os efeitos da conduta são mínimos, devendo ser afastada a tipicidade penal.

Legislação:
CP, art. 331 – Desacato à autoridade.
CP, art. 18 – Dolo e culpa.

Jurisprudência:
Desacato e Ausência de Dolo
Princípio da Insignificância no Crime de Desacato


2. Apelação Penal
O recurso de apelação é o meio processual adequado para questionar a decisão de condenação em primeira instância. Nesse contexto, a defesa busca demonstrar que a sentença não considerou aspectos fundamentais da conduta do réu, como a inexistência de dolo específico. Além disso, argumenta-se que a aplicação do princípio da insignificância é cabível, pois o fato em análise não causou prejuízo relevante à função pública, devendo ser afastada a sanção penal imposta.

Legislação:
CPP, art. 593 – Cabimento de apelação em casos de sentença condenatória.
CP, art. 18 – Exigência de dolo para caracterização do crime de desacato.

Jurisprudência:
Apelação Penal em Crime de Desacato
Dolo Específico no Crime de Desacato


3. Desacato
O crime de desacato está tipificado no CP, art. 331, e exige a existência de um comportamento doloso, com a intenção clara de ofender a dignidade ou o respeito devida à função pública. No presente caso, a defesa sustenta que não houve tal dolo específico por parte do réu, sendo a conduta fruto de circunstâncias que não configuram o intuito de desrespeitar a autoridade.

Legislação:
CP, art. 331 – Definição do crime de desacato.
CP, art. 18 – Dolo e culpa no direito penal.

Jurisprudência:
Ausência de Dolo no Crime de Desacato
Dolo Específico em Desacato


4. Dolo Específico
Para que seja configurado o crime de desacato, é necessário que o réu tenha agido com dolo específico, ou seja, com a vontade consciente de ofender a autoridade pública em função de seu cargo. A simples expressão de insatisfação ou comportamento intempestivo, sem o intuito deliberado de desrespeitar, não pode ser enquadrada como desacato. Nesse caso, a apelação enfatiza a inexistência de tal dolo, razão pela qual a condenação deve ser revista.

Legislação:
CP, art. 18 – Dolo e culpa no direito penal.
CP, art. 331 – Desacato à autoridade pública.

Jurisprudência:
Dolo Específico e Desacato
Ausência de Dolo no Desacato


5. Princípio da Insignificância
O princípio da insignificância aplica-se a condutas que, embora formalmente típicas, não causam dano relevante ao bem jurídico tutelado. No crime de desacato, deve-se observar se o comportamento do réu efetivamente prejudicou a dignidade ou o respeito à função pública. Quando a ofensa é mínima e não compromete de forma significativa a autoridade, a conduta pode ser considerada atípica, justificando-se a aplicação desse princípio para afastar a condenação.

Legislação:
CP, art. 18 – Dolo e relevância da conduta no direito penal.
CF/88, art. 5º, XXXIX – Princípio da legalidade e tipicidade penal.

Jurisprudência:
Princípio da Insignificância em Desacato
Aplicação da Insignificância no Desacato


6. Recurso Criminal
O recurso criminal busca, por meio da apelação, corrigir eventuais injustiças ou equívocos ocorridos na sentença de primeiro grau. No caso em tela, a revisão da pena se faz necessária diante da ausência de dolo específico e da desproporcionalidade da pena aplicada frente à conduta mínima do réu. O recurso visa a absolvição ou, alternativamente, a substituição da pena por medidas mais adequadas e justas, como advertência ou prestação de serviços à comunidade.

Legislação:
CPP, art. 593 – Apelação e revisão de sentença.
CP, art. 44 – Substituição de penas privativas de liberdade.

Jurisprudência:
Recurso Criminal e Apelação Penal
Revisão de Pena em Desacato


7. Revisão de Pena
A revisão de pena imposta ao réu, considerando a conduta praticada, deve ser realizada à luz dos princípios da proporcionalidade e da individualização da pena. No crime de desacato, uma sanção excessiva frente a uma ofensa de baixa gravidade atenta contra os princípios constitucionais e deve ser revista, considerando-se a gravidade mínima do fato.

Legislação:
CP, art. 59 – Critérios para a fixação da pena.
CF/88, art. 5º, XLVI – Princípio da individualização da pena.

Jurisprudência:
Revisão de Pena e Proporcionalidade
Individualização da Pena no Desacato


8. Considerações Finais
Diante dos argumentos apresentados, a presente apelação penal busca a absolvição do réu com base na ausência de dolo específico e na aplicação do princípio da insignificância. Alternativamente, requer-se a revisão da pena para uma sanção mais proporcional à gravidade da conduta praticada, em conformidade com os princípios constitucionais e penais aplicáveis.

Legislação:
CP, art. 331 – Desacato.
CF/88, art. 5º, XXXIX – Princípio da legalidade.

Jurisprudência:
Considerações Finais em Apelação Penal de Desacato
Absolvição em Desacato por Ausência de Dolo



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