Modelo de Recurso Inominado contra Banco Pan S.A. por Descontos Indevidos em Folha de Pagamento

Publicado em: 13/02/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Recurso inominado interposto por servidor público contra o Banco Pan S.A., no âmbito de Juizado Especial Cível, visando à reforma de acórdão que manteve decisão desfavorável em ação que discutia descontos indevidos em folha de pagamento. O recorrente alega ausência de contratação de empréstimo ou cartão de crédito, requerendo declaração de inexistência de débito, restituição em dobro dos valores descontados e indenização por danos morais. Fundamenta-se no CDC, CPC/2015 e jurisprudência do STJ e TJSP, destacando a necessidade de prova pericial grafotécnica e prática abusiva por parte do banco recorrido.

RECURSO INOMINADO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Simplício Mendes – PI.

Processo nº: XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX

Recorrente: I. de M. L.
Recorrido: Banco Pan S.A.

I. de M. L., já qualificado nos autos, por meio de seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO INOMINADO, com fundamento no CPC/2015, art. 319 e na Lei 9.099/95, art. 41, contra o acórdão que negou provimento ao recurso inominado anteriormente interposto, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS

O recorrente, servidor público, vem sofrendo descontos indevidos em sua folha de pagamento há cinco anos, no valor de R$ 255,58 mensais, sob a rubrica "Amort Cartão Crédito – PAN". O recorrente afirma categoricamente que nunca contratou empréstimos, tampouco solicitou ou recebeu qualquer cartão de crédito do banco recorrido, o que torna as cobranças absolutamente inválidas.

Apesar de ter tentado resolver a situação administrativamente, o banco recorrido limitou-se a informar que os descontos eram devidos, sem apresentar qualquer justificativa plausível ou documentação comprobatória. Diante disso, o recorrente ajuizou a presente ação com os seguintes pedidos: declaração de inexistência de débito, restituição em dobro dos valores descontados indevidamente e indenização por danos morais.

O juízo de origem, no entanto, julgou improcedente a ação, decisão que foi mantida pelo acórdão ora recorrido, sob o fundamento de que os descontos seriam legítimos. Tal decisão, contudo, merece reforma, conforme se demonstrará a seguir.

DO DIREITO

Inicialmente, destaca-se que o recorrente é consumidor nos termos do CDC, art. 2º, sendo aplicáveis ao caso os princípios da vulnerabilidade e da boa-fé objetiva. O banco recorrido, na condição de fornecedor de serviços, tem o dever de demonstrar a regularidade da contratação, nos termos do CDC, art. 6º, VIII.

O recorrente impugnou expressamente a autenticidade da contratação e da assinatura constante no suposto contrato apresentado pelo banco recorrido. Assim, caberia ao recorrido comprovar a validade do contrato por meio de prova pericial grafotécnica, nos termos do CPC/2015, art. 429, I. A ausência de produção dessa prova configura cerceam"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Excelentíssimos colegas julgadores,

Trata-se de recurso inominado interposto por I. de M. L. contra a decisão que julgou improcedente a ação originária, a qual pleiteava a declaração de inexistência de débito, a restituição em dobro de valores descontados indevidamente e a condenação do recorrido Banco Pan S.A. ao pagamento de indenização por danos morais.

Análise Hermenêutica

A controvérsia gira em torno da legitimidade dos descontos realizados pelo banco recorrido na folha de pagamento do recorrente, sob a rubrica \"Amort Cartão Crédito – PAN\", no valor mensal de R$ 255,58, por um período de cinco anos.

À luz dos fatos narrados, verifico que o recorrente nega a contratação de qualquer serviço ou produto junto ao banco recorrido, considerando inválidas as cobranças realizadas. Por outro lado, o banco recorrido, apesar de alegar a existência de contrato, não produziu a devida prova pericial grafotécnica para comprovar a regularidade da suposta contratação, mesmo após a impugnação expressa da autenticidade do documento pelo recorrente.

Fundamentação Legal e Constitucional

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 93, IX, determina que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. A ausência de prova pericial, essencial à comprovação da validade do contrato questionado, configura cerceamento de defesa, violando os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV).

Nos termos do Código de Defesa do Consumidor (CDC), art. 6º, VIII, o consumidor tem o direito à inversão do ônus da prova, quando presente a verossimilhança das alegações ou sua condição de hipossuficiência. Além disso, o art. 39, V do CDC veda práticas abusivas, como o desconto de valores sem comprovação de contratação válida.

No plano infraconstitucional, o art. 429, I do CPC/2015 dispõe que a prova da autenticidade de documento deve ser feita por perícia, quando expressamente contestada. A ausência de produção desta prova é grave e, como consolidado pela jurisprudência, implica na nulidade da decisão.

Jurisprudência Aplicável

A jurisprudência pacífica reforça a necessidade de produção de prova pericial grafotécnica em casos como o presente. Cito, por exemplo:

  • STJ, REsp Acórdão/STJ: \"O indeferimento de perícia grafotécnica requerida, mediante impugnação de autenticidade de assinatura em contrato, caracteriza cerceamento de defesa, impondo a anulação da sentença para realização de prova pericial.\"
  • TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP: \"A ausência de produção de prova pericial grafotécnica em ação declaratória de inexigibilidade de empréstimo consignado, onde se impugna a autenticidade da assinatura, configura cerceamento de defesa, impondo a anulação da sentença.\"

Conclusão do Voto

Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso interposto por I. de M. L., anulando a sentença de origem e determinando o retorno dos autos à Vara de origem para a realização de prova pericial grafotécnica, a fim de viabilizar a correta análise da controvérsia.

Subsidiariamente, caso assim não se entenda, voto pela reforma do acórdão para julgar procedentes os pedidos iniciais, declarando a inexistência do débito, condenando o banco recorrido à restituição em dobro dos valores indevidamente descontados e ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00, considerados razoáveis para reparar o abalo sofrido pelo recorrente.

É como voto.

Termos Finais

Este é o meu entendimento, fundamentado na análise dos fatos e legislação aplicável, em respeito à Constituição Federal, ao Código de Defesa do Consumidor e às normas processuais vigentes.

Simplício Mendes – PI, data.

____________________________
Magistrado Relator


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