Modelo de Réplica em Ação Indenizatória por Danos Materiais e Morais Decorrentes de Enchente Contra o Município de Canoas/RS

Publicado em: 19/03/2025 AdministrativoCivelProcesso Civil
Apresentação de réplica em ação indenizatória movida por particulares contra o Município de Canoas/RS, fundamentada na responsabilidade civil objetiva do ente público por omissão em adotar medidas preventivas para evitar os danos causados por enchente ocorrida em maio de 2024. A peça rebate os argumentos trazidos na contestação, incluindo a inaplicabilidade da tese de força maior e a tentativa de desqualificar a legitimidade ativa dos autores, além de reforçar os pedidos de indenização por danos materiais e morais.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CANOAS/RS

Processo nº 5030967-20.2024.8.21.0008

R. C. V., J. A. DE O., E. G. V. E J. V. G. V., já qualificados nos autos da presente AÇÃO INDENIZATÓRIA, que movem em face do MUNICÍPIO DE CANOAS, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de seus advogados, apresentar a presente RÉPLICA, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

PREÂMBULO

A presente réplica tem como objetivo rebater os argumentos apresentados pelo Município de Canoas em sua contestação, demonstrando a procedência dos pedidos formulados pelos autores, bem como refutar as preliminares suscitadas e as alegações de mérito apresentadas pelo réu.

DOS FATOS

Os autores reiteram os fatos narrados na inicial, destacando que foram gravemente prejudicados pela enchente ocorrida em maio de 2024, que destruiu sua residência e causou danos materiais e morais de grande monta. A omissão do Município de Canoas em adotar medidas preventivas adequadas para evitar ou minimizar os impactos da enchente é evidente e foi a causa direta dos prejuízos sofridos pelos autores.

A alegação do réu de que o evento foi imprevisível e inevitável não se sustenta, uma vez que a enchente, embora de grandes proporções, poderia ter sido mitigada caso o Município tivesse adotado medidas preventivas eficazes, como a manutenção adequada do sistema de drenagem e a ampliação das estruturas de contenção de cheias.

DO DIREITO

I - DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO

A responsabilidade civil do Município, nos termos do art. 37, §6º, da CF/88, é objetiva, sendo suficiente a comprovação do dano e do nexo causal entre a omissão do ente público e o prejuízo sofrido pelos autores. No presente caso, restou demonstrado que a enchente foi agravada pela ausência de manutenção e ampliação das estruturas de contenção e drenagem, configurando a omissão culposa do réu.

A alegação de força maior ou caso fortuito não se aplica, pois a enchente, embora excepcional, não foi imprevisível, considerando-se o histórico de eventos semelhantes na região e a necessidade de medidas preventivas por"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Introdução

Trata-se de ação indenizatória movida por R. C. V., J. A. de O., E. G. V. e J. V. G. V. contra o Município de Canoas, buscando a reparação por danos materiais e morais decorrentes de enchente ocorrida em maio de 2024. O pleito se fundamenta na alegação de omissão do ente público em adotar medidas preventivas para evitar ou mitigar os danos ocasionados pela enchente.

O presente voto será elaborado com base na interpretação hermenêutica dos fatos apresentados e à luz da Constituição Federal de 1988 (art. 93, IX), bem como demais fundamentos legais pertinentes à matéria.

Dos Fatos e do Direito

1. Dos Fatos

Os autores alegam que a enchente destruiu sua residência, causando prejuízos materiais e morais significativos. Sustentam que a omissão do Município em realizar a manutenção do sistema de drenagem e ampliar as estruturas de contenção de cheias contribuiu diretamente para a ampliação dos danos.

O Município, em sua defesa, argumenta que o evento foi imprevisível e inevitável, caracterizando-se como força maior. Contudo, os documentos anexados pelos autores, como laudos da Defesa Civil e registros históricos de enchentes na região, indicam que o evento era previsível e poderia ter sido mitigado por medidas preventivas.

2. Da Responsabilidade Civil do Município

Conforme o art. 37, §6º, da Constituição Federal de 1988, a responsabilidade civil do Município é objetiva, bastando a comprovação do dano e do nexo causal entre a omissão administrativa e o prejuízo sofrido. No caso em análise, restou demonstrado que a negligência do Município em realizar a manutenção necessária contribuiu para a gravidade dos danos.

A tese de força maior não se aplica, pois a previsibilidade do evento e a ausência de medidas preventivas afastam a configuração de caso fortuito.

3. Da Legitimidade Ativa

Os autores comprovaram sua legitimidade ativa por meio de documentos idôneos, como comprovantes de residência e laudos técnicos. Dessa forma, rejeita-se a preliminar levantada pelo réu quanto à ilegitimidade ativa.

4. Da Jurisprudência Aplicável

A jurisprudência é pacífica em reconhecer a responsabilidade objetiva da Administração Pública em situações de omissão culposa. Destaco os seguintes precedentes:

  • STJ, AgRg no AREsp. Acórdão/STJ: \"A atuação da Administração impõe o dever de indenizar o autor pelos prejuízos materiais sofridos, quando configurada a omissão culposa no desempenho de suas funções.\"
  • TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ: \"A ausência de oportunidade para especificação de provas configura cerceamento de defesa, impondo-se a anulação da sentença e o prosseguimento do feito para a necessária instrução.\"

Da Decisão

Diante do exposto, voto no sentido de dar procedência ao pedido, reconhecendo a responsabilidade objetiva do Município de Canoas pelos danos materiais e morais sofridos pelos autores. Determino:

  1. A condenação do Município de Canoas ao pagamento de indenização por danos materiais e morais, nos valores a serem apurados em fase de liquidação de sentença.
  2. A rejeição das preliminares suscitadas pelo réu.
  3. A produção das provas necessárias, especialmente a prova pericial, caso necessário.
  4. A condenação do réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

Fundamentação Legal

A presente decisão fundamenta-se no art. 37, §6º, da Constituição Federal de 1988, que consagra a responsabilidade objetiva da Administração Pública, bem como no art. 93, IX, da mesma Carta Magna, que exige a devida fundamentação das decisões judiciais.

Conclusão

Com base nos fatos, fundamentos jurídicos e jurisprudências apresentadas, dou procedência ao pedido dos autores, reconhecendo o dever do Município de Canoas de reparar os danos sofridos.

Canoas, data da assinatura digital.

Juiz de Direito
Juizado Especial da Fazenda Pública


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