Modelo de Tréplica do Reclamado em Reclamatória Trabalhista: Contestação de Vínculo Empregatício e Legitimação Passiva

Publicado em: 24/04/2024 Trabalhista
Apresentação de tréplica pelo Reclamado Paulo Roberto de Oliveira no âmbito de reclamatória trabalhista, contestando a existência de vínculo empregatício alegado pela Reclamante. O documento refuta as alegações da Reclamante quanto à natureza salarial de valores creditados em sua conta e à prestação de serviços, indicando ausência de elementos legais caracterizadores do vínculo empregatício nos termos da CLT. Além disso, aborda a ilegitimidade passiva do Reclamado e a tentativa de inclusão irregular de herdeiros do espólio, fundamentando-se em jurisprudências e artigos da legislação trabalhista e civil. Requer a improcedência da ação, afastamento das alegações da Reclamante, reconhecimento da inexistência de vínculo de emprego entre as partes e condenação da Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE TRÊS RIOS – TRT1

Processo nº 0100854-73.2023.5.01.0541

PREÂMBULO

PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA, já qualificado nos autos, na qualidade de primeiro Reclamado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado, apresentar sua TRÉPLICA à réplica apresentada pela Reclamante, nos termos do artigo 847 da CLT, observando os fatos e fundamentos jurídicos que seguem.

DOS FATOS

A Reclamante, em sua réplica, insiste em alegar a prestação de serviços e a existência de vínculo empregatício com os Reclamados, sem, contudo, apresentar qualquer comprovação documental ou testemunhal que corrobore suas afirmações. Alega que os valores creditados em sua conta poupança seriam salários, mas não apresenta elementos que demonstrem a natureza salarial dessas transferências.

Ademais, a Reclamante utilizava a residência da segunda Reclamada, Lúcia Aparecida, como local de hospedagem, sem comprovar a realização de qualquer atividade laboral. A segunda Reclamada, inclusive, era plenamente capaz de realizar suas atividades diárias sem auxílio de terceiros, conforme demonstrado nos autos.

Por fim, a Reclamante tenta imputar responsabilidades ao primeiro Reclamado, Paulo Roberto, que sequer residia no local e não tinha qualquer relação com os supostos serviços prestados.

DO DIREITO

Inicialmente, é necessário destacar que a Reclamante não conseguiu demonstrar os elementos caracterizadores do vínculo empregatício previstos nos artigos 3º e 5º da CLT, quais sejam: subordinação, pessoalidade, onerosidade e habitualidade. A ausência de provas concretas inviabiliza o reconhecimento do vínculo de emprego.

Os valores creditados na conta da Reclamante não possuem natureza salarial, conforme exige o CLT, art. 464. Tais transferências podem ser justificadas como auxílio financeiro em razão de dificuldades enfrentadas durante o período da pandemia de Covid-19, e não como contraprestação por serviços prestados.

Além disso, a responsabilidade pelos pagamentos de dívidas do espólio, conforme disposto no CCB/2002, art. 1997, não se aplica ao presente caso, uma vez que a segunda Reclamada faleceu antes do ajuizamento da ação, impossibilitando a formação de vínculo empregatício com o espólio.

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação trabalhista ajuizada pela Reclamante em face dos Reclamados, na qual se discute a existência de vínculo empregatício, a natureza salarial de valores creditados em conta bancária e a responsabilidade dos herdeiros do espólio da segunda Reclamada. A Reclamante, em sua réplica, insiste na tese de vínculo de emprego, sem, contudo, apresentar prova documental ou testemunhal que sustente suas alegações.

Fundamentação

1. Da inexistência de vínculo empregatício

Conforme disposto nos artigos 3º e 5º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para que se configure o vínculo empregatício, é necessário comprovar os elementos caracterizadores: subordinação, pessoalidade, onerosidade e habitualidade. No presente caso, a Reclamante não trouxe aos autos prova suficiente que demonstre a existência desses elementos. A simples alegação de prestação de serviços não é suficiente para o reconhecimento do vínculo empregatício, conforme entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

2. Da natureza dos valores creditados

Os valores creditados na conta bancária da Reclamante não possuem natureza salarial, nos termos do artigo 464 da CLT. Esses valores foram justificados como auxílio financeiro em razão de dificuldades enfrentadas durante o período da pandemia de Covid-19, e não como contraprestação por serviços prestados. Portanto, a alegação da Reclamante carece de fundamento jurídico e probatório.

3. Da ilegitimidade passiva e da ausência de responsabilidade do espólio

Com base no artigo 1997 do Código Civil, a responsabilidade pelos pagamentos de dívidas do espólio não se aplica ao presente caso, visto que a segunda Reclamada faleceu antes do ajuizamento da presente ação. Ademais, não há prova de que os herdeiros tenham se beneficiado de qualquer serviço prestado pela Reclamante, sendo irregular sua inclusão no polo passivo da demanda.

4. Da jurisprudência aplicável

Os argumentos apresentados encontram respaldo em entendimentos consolidados na jurisprudência, como demonstrado a seguir:

  • Agravo de Instrumento da Reclamante. Recurso de Revista: O TST reafirma que a análise de fatos e provas é essencial para a definição da matéria discutida, sendo vedado o revolvimento de provas pela instância superior (Súmula 126/TST).
  • Honorários Advocatícios Sucumbenciais: O STF, ao julgar a ADI 5766, reafirmou o direito à gratuidade da justiça, conforme a Constituição Federal de 1988, art. 5º, incisos XXXV e LXXIV.
  • Responsabilidade Subsidiária: A responsabilidade subsidiária de entes públicos não pode ser presumida, devendo haver prova inequívoca de conduta culposa, conforme entendimento do STF na ADC Acórdão/STF e RE Acórdão/STJ.

Conclusão

Diante do exposto, com fundamento no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, voto no sentido de julgar improcedente a presente reclamatória trabalhista, pelos seguintes motivos:

  1. Reconhecer a inexistência de vínculo empregatício entre a Reclamante e os Reclamados;
  2. Declarar a ilegitimidade passiva do primeiro Reclamado, Paulo Roberto de Oliveira;
  3. Afastar a inclusão dos herdeiros do espólio no polo passivo da demanda;
  4. Condenar a Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, nos termos da legislação vigente.

É como voto.

Decisão

Ante o exposto, por unanimidade, julga-se improcedente a presente reclamatória trabalhista, nos termos do voto do magistrado relator.

Três Rios, ____ de ____________ de 2023.

______________________________
Juiz do Trabalho


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