Jurisprudência em Destaque

Decisão do STJ Reafirma Direitos do Consumidor e Responsabilidade Solidária em Caso de Vício em Veículo Novo

Postado por legjur.com em 09/02/2025
Análise detalhada da decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre recursos das empresas CAOA Motor do Brasil Ltda. e Hyundai Motor Brasil Montadora de Automóveis Ltda., envolvendo vício em veículo novo que inviabilizou sua utilização. A decisão reforça princípios do Código de Defesa do Consumidor, destacando a responsabilidade solidária dos fornecedores e os direitos do consumidor em casos de vício de produtos. O documento explora os fundamentos jurídicos aplicados, as implicações práticas e jurídicas, e a jurisprudência consolidada.

Doc. LEGJUR 250.1061.0831.5290

STJ Consumidor. Automóvel. Veículo. Defeito da ignição de veículo automotor. Bem de consumo durável ainda em comercialização. Peça de reposição não disponibilizada ao consumidor. Configuração de vício do produto. Incidência do CDC, art. 18, § 1º. Possibilidade de exigir o desfazimento do negócio com restituição do preço pago. Direito civil e consumerista. Recursos especiais. CDC, art. 32.

Cinge-se a controvérsia quanto à possibilidade de desfazimento do contrato de compra e venda de veículo zero quilômetro pelo fato de o fabricante não ter disponibilizado peças necessárias ao reparo do bem durante longo período. ... ()


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Decisão do STJ Reafirma Direitos do Consumidor e Responsabilidade Solidária em Caso de Vício em Veículo Novo

Comentário/Nota

ANÁLISE JURÍDICA DA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

A presente análise versa sobre a decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que tratou de recursos especiais interpostos pelas empresas CAOA Motor do Brasil Ltda. e Hyundai Motor Brasil Montadora de Automóveis Ltda., relacionados a um vício em veículo novo que inviabilizou sua utilização. A decisão reafirma importantes princípios do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e apresenta repercussões relevantes no âmbito do direito do consumidor.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O STJ, ao resolver o caso, aplicou de forma exemplar os dispositivos do Código de Defesa do Consumidor, em especial o CDC, art. 18, que estabelece a responsabilidade solidária dos fornecedores em casos de vício do produto. A decisão reforça o entendimento de que, ao adquirir um bem de consumo durável, o consumidor tem legítima expectativa de que o bem funcione adequadamente e, em caso de vício, de que as peças de reposição estejam disponíveis para reparo no prazo razoável.

Além disso, o tribunal reafirmou a tríplice escolha do consumidor em casos de vício do produto: substituição do bem, restituição do valor pago ou abatimento proporcional do preço. Essa interpretação está em consonância com a proteção especial conferida ao consumidor, parte hipossuficiente na relação jurídica de consumo, conforme disposto no CDC, art. 6º, VI.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS FORNECEDORES

Um dos pontos centrais da decisão foi a reafirmação da responsabilidade solidária entre os fornecedores, incluindo fabricantes e comerciantes. Tal posicionamento está em conformidade com o CDC, art. 18, §1º, que visa garantir maior proteção ao consumidor, permitindo-lhe acionar qualquer integrante da cadeia de fornecimento para a reparação dos danos causados.

Ao negar os recursos das empresas, o STJ reforçou que a ausência de peças de reposição para veículos novos configura falha grave na prestação do serviço e viola o princípio da boa-fé objetiva, elemento essencial nas relações de consumo.

CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS

A decisão tem importantes implicações práticas e jurídicas. Primeiramente, fortalece o entendimento de que bens duráveis, como automóveis, devem ter peças de reposição disponíveis por tempo razoável, sob pena de configurar vício do produto. Isso traz maior segurança jurídica aos consumidores e incentiva os fornecedores a adotarem práticas mais diligentes quanto à garantia de assistência técnica.

Do ponto de vista jurídico, a reafirmação da responsabilidade solidária contribui para a uniformização da jurisprudência sobre o tema, garantindo maior efetividade ao sistema protetivo do CDC. Ademais, a decisão incentiva a adoção de políticas de compliance pelas empresas, com vistas a evitar futuras condenações em casos similares.

CRÍTICAS E ELOGIOS

A decisão do STJ merece elogios por sua clareza e pela aplicação precisa das normas consumeristas. Ao priorizar os direitos do consumidor, o tribunal reafirma o caráter tutelar do CDC e promove o equilíbrio nas relações de consumo.

No entanto, é possível criticar a ausência de uma análise mais aprofundada sobre o prazo considerado razoável para a disponibilização de peças de reposição, o que poderia contribuir para maior previsibilidade jurídica. Ainda assim, tal lacuna não compromete o mérito da decisão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta decisão do STJ consolida importantes precedentes no âmbito do direito do consumidor, reafirmando a proteção contra vícios de produtos e a responsabilidade solidária dos fornecedores. Trata-se de um marco relevante para o ordenamento jurídico, pois reforça a confiança dos consumidores na legislação vigente e na atuação do Poder Judiciário.

É esperado que este entendimento gere impactos positivos na conduta dos fornecedores, incentivando maior cuidado na disponibilização de peças e prestação de serviços. Ademais, a decisão contribui para a construção de uma jurisprudência sólida e protetiva, essencial para a efetivação dos direitos consumeristas no Brasil.


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