Jurisprudência em Destaque
Análise Jurídica de Decisão do STJ Sobre Sub-Rogação de Direitos e Prerrogativas Processuais do Consumidor em Ações Regressivas de Seguradoras
Doc. LEGJUR 250.2280.1383.0558
«Tema 1.282/STJ - Questão submetida a julgamento: - Definir se a seguradora sub-roga-se nas prerrogativas processuais inerentes aos consumidores, em especial na regra de competência prevista no CDC, art. 101, I, em razão do pagamento de indenização ao segurado em virtude do sinistro.
Tese jurídica fixada: - O pagamento de indenização por sinistro não gera para a seguradora a sub-rogação de prerrogativas processuais dos consumidores, em especial quanto à competência na ação regressiva.
Anotações NUGEPNAC: - RRC de Origem (CPC/2015, art. 1.030, IV e CPC/2015, art. 1.036, §1º).
Afetação na sessão eletrônica iniciada em 4/9/2024 e finalizada em 10/9/2024 (Corte Especial).
Vide Controvérsia 581/STJ.
Informações Complementares: - Há determinação de suspensão do processamento de todos os recursos especiais e dos agravos em recurso especial, em trâmite nos Tribunais de segundo grau ou no STJ, que versem sobre idêntica questão.» ... ()

Comentário/Nota
COMENTÁRIO JURÍDICO SOBRE DECISÃO DO STJ
INTRODUÇÃO
A decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito do Recurso Especial nº Acórdão/TJSP, aborda questões relevantes acerca da sub-rogação de direitos no contexto de ações regressivas de seguradoras. Em particular, analisa-se se as prerrogativas processuais do consumidor, previstas no Código de Defesa do Consumidor (CDC), são transferidas à seguradora quando esta se sub-roga nos direitos do segurado após o pagamento de indenização por sinistro.
FUNDAMENTOS DA DECISÃO
O STJ, sob relatoria da Ministra Nancy Andrighi, fixou o entendimento de que a sub-rogação, conforme disciplinada no CCB/2002, art. 349, transfere apenas direitos de natureza material, não abrangendo prerrogativas processuais personalíssimas atribuídas ao consumidor. Nesse sentido, foi afastada a possibilidade de a seguradora pleitear o foro privilegiado do domicílio do consumidor (CDC, art. 101, I) ou a inversão do ônus da prova (CDC, art. 6º, VIII).
Na análise do caso concreto, determinou-se que a ação regressiva fosse processada no foro do domicílio da ré, RGE Sul Distribuidora de Energia S.A., em conformidade com o CPC/2015, art. 46. Adicionalmente, afastou-se a aplicação da inversão do ônus da prova, por entender que tal prerrogativa é exclusiva do consumidor, em razão da sua condição de vulnerabilidade nas relações de consumo.
ANÁLISE CRÍTICA
A decisão do STJ apresenta sólida fundamentação jurídica ao distinguir os direitos materiais transferidos pela sub-rogação e as prerrogativas processuais personalíssimas do consumidor. Essa distinção é coerente com o princípio da vulnerabilidade, que permeia o CDC, e com as diretrizes previstas no CCB/2002, art. 349.
No entanto, é importante destacar que a decisão reforça uma limitação às seguradoras em ações regressivas, o que pode impactar na forma como estas avaliam os riscos e os custos associados a sinistros. A impossibilidade de se beneficiar de prerrogativas processuais do consumidor, como o foro privilegiado ou a inversão do ônus da prova, pode gerar maior complexidade processual e custos adicionais para as seguradoras.
Por outro lado, a tese fixada pelo STJ evita uma possível banalização das prerrogativas processuais do consumidor, garantindo que estas permaneçam restritas aos sujeitos que, de fato, encontram-se em situação de vulnerabilidade, em conformidade com os objetivos do CDC. Este posicionamento é relevante para evitar o desvirtuamento do instituto da sub-rogação e preservar o equilíbrio entre as partes no processo.
CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS
- Para as seguradoras: A decisão limita as vantagens processuais que poderiam ser obtidas em ações regressivas, exigindo maior diligência na instrução probatória e na escolha do foro competente.
- Para o ordenamento jurídico: A tese fixada reforça a interpretação restritiva das prerrogativas consumeristas, preservando o princípio da vulnerabilidade e evitando distorções no uso do CDC em litígios entre grandes empresas.
- Para os consumidores: A decisão reafirma a proteção diferenciada conferida pelo CDC, delimitando seu alcance às partes efetivamente vulneráveis dentro da relação de consumo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão do STJ no presente caso representa um marco relevante na delimitação dos efeitos da sub-rogação em ações regressivas, especialmente no que tange às prerrogativas processuais consumeristas. Ao estabelecer que tais prerrogativas não são transferidas à seguradora, o tribunal reafirma o caráter personalíssimo das proteções conferidas aos consumidores pelo CDC.
Embora a decisão possa representar um ônus adicional para as seguradoras, ela fortalece a coerência do sistema jurídico ao preservar os princípios fundamentais do direito do consumidor. Ademais, a tese fixada tem o potencial de influenciar futuros litígios envolvendo sub-rogação e ações regressivas, consolidando um entendimento que privilegia a interpretação restritiva das prerrogativas consumeristas.
Por fim, a decisão reforça a necessidade de uma análise cuidadosa por parte das seguradoras ao formular suas estratégias processuais, especialmente no que se refere à escolha do foro e à produção de provas, diante da impossibilidade de recorrer às prerrogativas do CDC.
Outras notícias semelhantes

Análise Jurídica da Decisão do STJ Sobre Fixação de Honorários Sucumbenciais em Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
Publicado em: 26/03/2025 CivelProcesso CivilEste documento apresenta uma análise detalhada da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que reconheceu a possibilidade de fixação de honorários advocatícios de sucumbência nos casos de rejeição do incidente de desconsideração da personalidade jurídica. A discussão aborda os fundamentos jurídicos baseados no CPC/2015 e no princípio da causalidade, os votos divergentes no julgamento, bem como as consequências práticas e jurídicas dessa decisão. O estudo destaca as implicações para a prática forense e a doutrina, promovendo uma reflexão sobre a litigância responsável e a segurança jurídica.
Acessar
Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre Incompatibilidade de Norma Estadual com o CPC/2015 em Caso de Intempestividade de Apelação
Publicado em: 02/04/2025 CivelProcesso CivilCivelProcesso CivilConstitucionalEste documento analisa o acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em agravo interno envolvendo embargos de divergência em recurso especial. A controvérsia gira em torno da incompatibilidade entre a Resolução 30/2009 do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJPI), que limitava o horário de expediente forense, e o Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015). O STJ reafirmou a preponderância das normas federais sobre disposições infralegais estaduais, destacando o princípio da segurança jurídica, o devido processo legal e a garantia de isonomia. A decisão tem implicações práticas significativas para a uniformização do direito processual no Brasil, criando um precedente para evitar conflitos entre legislações estaduais e federais.
Acessar
Análise Jurídica Detalhada sobre a Aplicação da Súmula 115/STJ em Agravo Regimental pelo Superior Tribunal de Justiça
Publicado em: 17/03/2025 CivelProcesso CivilCivelProcesso CivilConstitucionalCivelProcesso Civil TrabalhistaEste documento apresenta um comentário jurídico aprofundado sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao desprover um agravo regimental interposto por L. A. F., com base na ausência de procuração válida nos autos, conforme disposto na Súmula 115/STJ. A análise aborda os fundamentos jurídicos da decisão, as possíveis críticas à sua aplicação estrita, bem como as consequências práticas e jurídicas para a advocacia e o processo civil brasileiro. A decisão reafirma a importância da regularidade formal no âmbito processual e o papel da advocacia diligente no cumprimento das regras processuais.
AcessarTransforme seu escritório de advocacia com informações legais atualizadas e relevantes!
Olá Advogado(a),
Você já pensou sobre o tempo e os recursos que gasta pesquisando leis, jurisprudências e doutrinas para os seus casos? Já se imaginou otimizando esse processo de forma eficiente e segura?
Então, temos algo em comum. O LegJur foi criado pensando em você, no advogado moderno que não pode se dar ao luxo de perder tempo em um mercado tão competitivo.
Por que o LegJur é a solução que você precisa?
1. Conteúdo Atualizado: Nosso banco de dados é atualizado constantemente, oferecendo as informações mais recentes sobre legislações, súmulas e jurisprudências.
2. Fácil Acesso: Uma plataforma simples e intuitiva que você pode acessar de qualquer dispositivo, a qualquer momento. Seu escritório fica tão flexível quanto você.
3. Busca Inteligente: Nosso algoritmo avançado torna sua pesquisa rápida e eficaz, sugerindo temas correlatos e opções para refinar sua busca.
4. Confiabilidade: Nosso time de especialistas trabalha incansavelmente para garantir a qualidade e a confiabilidade das informações disponíveis.
5. Economia de Tempo: Deixe de lado as horas de pesquisa em múltiplas fontes. Aqui, você encontra tudo o que precisa em um só lugar.
Invista no seu maior capital: o tempo
Você já deve saber que o tempo é um dos ativos mais preciosos na advocacia. Utilize o LegJur para maximizar sua eficiência, oferecendo ao seu cliente uma consultoria de alto nível fundamentada em informações confiáveis e atualizadas.
Depoimentos
"O LegJur transformou a forma como faço minha pesquisa jurídica. Agora, posso concentrar-me mais no desenvolvimento de estratégias para meus casos e menos na busca de informações."
— Maria L., Advogada
Não perca mais tempo! Torne-se membro do LegJur e eleve sua prática jurídica a um novo patamar.
Faça parte da evolução na advocacia. Faça parte do LegJur.
Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.
À vista
Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 3x sem juros
Equilave a R$ 39,96 por mês
Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 6x sem juros
Equilave a R$ 32,48 por mês
Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 6x sem juros
Equilave a R$ 24,90 por mês
Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 10x sem juros