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Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre Terceirização Ilícita envolvendo a Fazenda Nacional e a Empresa Lunelli Comércio do Vestuário Ltda

Postado por legjur.com em 16/02/2025
Este documento apresenta uma análise detalhada sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no caso envolvendo a Fazenda Nacional e a empresa Lunelli Comércio do Vestuário Ltda, antiga Lunender S.A. A controvérsia gira em torno da terceirização ilícita por meio de empresas de fachada, configurando fraude trabalhista e previdenciária. O texto aborda os fundamentos jurídicos que sustentaram o reconhecimento do vínculo empregatício direto, a legitimidade da autuação fiscal e as repercussões práticas e jurídicas da decisão. Com base nos princípios constitucionais e normas trabalhistas e tributárias, o documento explora os impactos da decisão no combate à evasão fiscal e na proteção aos direitos dos trabalhadores.

Doc. LEGJUR 241.0280.5231.2324

STJ Previdenciário. Tributário. Contribuições previdenciárias. Terceirização ilícita. Vínculo empregatício direto com a tomadora de serviços. Contratação de empregados mediante interpostas pessoas jurídicas. Ineficácia perante o fisco.

I - Na origem, Lunender S/A. tomadora de serviços, ajuizou ação visando à declaração da nulidade do lançamento de contribuições previdenciárias - estimadas, no mês de outubro de 2008, em R$ 10.081.940,07 (dez milhões, oitocentos e um mil, novecentos e quarenta reais e sete centavos) - alegando a inexistência de vínculo empregatício com os empregados das prestadoras, em razão da legalidade da terceirização de serviços, tendo sido o pedido julgado procedente. Interposta apelação pela Fazenda Nacional, o Tribunal de origem reformou a sentença, para considerar a legalidade da cobrança de contribuições previdenciárias e reconhecer a existência de vínculo empregatício direto entre trabalhadores das interpostas pessoas jurídicas (Gisabel, MJM, DLayons, Neon, CDarwin e ARV) e referida tomadora, sob o fundamento de que ficaram comprovadas fraude e simulação. Interpostos embargos infringentes pela Lunender S/A. perante o Tribunal de origem, ficou decidido que não houve a comprovação da subordinação laboral, em termos de quantidade e intensidade das ordens permanentes de serviço pela Lunender S/A. em relação aos empregados das referidas empresas interpostas. ... ()


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Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre Terceirização Ilícita envolvendo a Fazenda Nacional e a Empresa Lunelli Comércio do Vestuário Ltda

Comentário/Nota

ANÁLISE JURÍDICA DA DECISÃO DO STJ SOBRE TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA

INTRODUÇÃO

A decisão analisada trata de relevante controvérsia jurídica envolvendo a Fazenda Nacional e a empresa Lunelli Comércio do Vestuário Ltda, antiga Lunender S.A., acerca da prática de terceirização ilícita e suas implicações fiscais, previdenciárias e trabalhistas. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela configuração de fraude na relação jurídica, reconhecendo o vínculo empregatício direto e a legalidade da autuação fiscal. Este comentário examinará os fundamentos jurídicos, a adequação da argumentação adotada, bem como as repercussões práticas e jurídicas advindas do julgado.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS E ANÁLISE CRÍTICA

ALEGADA TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA E CONFIGURAÇÃO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO

O ponto central da controvérsia reside na alegação de que a empresa Lunelli utilizou empresas intermediárias, ditas "de fachada", para mascarar vínculos empregatícios e, assim, evitar o recolhimento de contribuições previdenciárias. O STJ, ao reconhecer a fraude, baseou-se na existência de confusão patrimonial e subordinação direta dos trabalhadores à tomadora de serviços, elementos que configuram o vínculo empregatício nos moldes previstos na legislação trabalhista e previdenciária.

A decisão é consistente com o ordenamento jurídico, especialmente ao considerar os princípios da proteção ao trabalhador e da indisponibilidade das obrigações tributárias e previdenciárias. A utilização de empresas de fachada para burlar tais obrigações constitui afronta ao interesse público, razão pela qual a posição do STJ merece elogios.

A LEGALIDADE DA AUTUAÇÃO FISCAL

A autuação fiscal foi considerada legítima, uma vez que a fraude foi comprovada, caracterizando uma tentativa de evasão tributária. O STJ, ao decidir pela manutenção da autuação, aplicou corretamente as normas previdenciárias e tributárias. A decisão encontra respaldo, por exemplo, nos princípios constitucionais da isonomia e da capacidade contributiva (CF/88, art. 145, §1º). Além disso, reforça a aplicação efetiva de dispositivos legais que vedam práticas fraudulentas no campo fiscal e trabalhista.

ASPECTOS PROBATÓRIOS E A INVERSÃO DO ENTENDIMENTO

Um ponto de destaque no trâmite processual refere-se à divergência entre as instâncias inferiores e o STJ quanto à configuração do vínculo empregatício. Enquanto o Tribunal de origem, nos embargos infringentes, entendeu que não havia comprovação suficiente de subordinação laboral, o STJ reformou tal entendimento, valorizando os indícios de fraude e simulação. Tal alteração reforça a importância de uma análise probatória detalhada em casos de terceirização, sobretudo quando há indícios de irregularidades graves.

Contudo, pode-se questionar se a decisão do STJ foi suficientemente clara ao tratar da distribuição do ônus da prova, especialmente à luz do CPC/2015, art. 373, em disputas envolvendo alegações de fraude. Esse ponto merece atenção, considerando a relevância de garantir segurança jurídica às partes envolvidas.

CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS

A decisão do STJ possui repercussões relevantes tanto no campo trabalhista quanto no tributário. No âmbito trabalhista, consolida o entendimento de que a terceirização ilícita, por meio de empresas de fachada, não é admitida pelo ordenamento jurídico, reforçando a proteção aos direitos dos trabalhadores. Já no campo tributário, a decisão reafirma que práticas fraudulentas destinadas à evasão fiscal serão severamente combatidas, promovendo maior efetividade na arrecadação de contribuições previdenciárias.

Em termos práticos, a decisão também serve como um alerta às empresas quanto aos riscos de utilizar estruturas fraudulentas para reduzir custos fiscais e trabalhistas. A jurisprudência do STJ, nesse sentido, tende a inibir tais práticas, promovendo maior observância às normas legais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A decisão do STJ no caso em análise representa um avanço na consolidação de parâmetros claros para a repressão à terceirização ilícita e à evasão tributária. Ao reconhecer a fraude e confirmar a autuação fiscal, o Tribunal reforça a importância de se observar os princípios da boa-fé e da lealdade nas relações jurídicas.

No entanto, a necessidade de um exame probatório mais aprofundado e a clareza na aplicação do ônus da prova são aspectos que devem ser considerados em julgamentos futuros, a fim de garantir maior segurança jurídica. A decisão, portanto, não apenas resolve o caso concreto, mas também contribui para o aperfeiçoamento do ordenamento jurídico e para o fortalecimento da justiça fiscal e trabalhista no país.


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