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Comentário Jurídico ao Acórdão do STJ sobre Improbidade Administrativa por Contratação Irregular e Superfaturamento em Município Baiano

Postado por legjur.com em 16/04/2025
Análise jurídica detalhada do acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que julgou ação civil pública por improbidade administrativa, envolvendo gestor municipal e empresa contratada de forma irregular para prestação de serviços médicos na Bahia. O comentário aborda os principais fundamentos do julgado, como a necessidade de dolo para caracterização do ato ímprobo após a Lei 14.230/2021, a impossibilidade de reexame de provas em recurso especial (Súmula 7/STJ), a legitimidade do Ministério Público para ajuizamento da ação, e o afastamento da prescrição e decadência. Destaca-se também a análise sobre dosimetria das sanções, críticas e elogios à decisão, e as consequências práticas para a administração pública, especialmente no combate à corrupção, à má gestão de recursos públicos e na promoção dos princípios constitucionais da moralidade e impessoalidade.

Doc. LEGJUR 241.2090.8399.0474

STJ Processual civil. Administrativo. Ação civil pública. Improbidade. Contratação de pessoa jurídica prestadora de serviços médicos por inexigibilidade de licitação. Irregularidades. Ausência de instauração de processo administrativo prévio, para justificativa e publicação na imprensa oficial. Ausência de cláusulas essenciais. Viabilidade de competição. Vínculo matrimonial entre o prefeito e a sócia majoritária. Contrato superfaturado. Prejuízo ao erário. Enriquecimento ilícito. Comprovação. Dosimetria da pena. Lei, Art. 12, I 8.429/1992. Gravidade do fato. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Recurso especial não conhecido. Reconhecimento do elemento subjetivo doloso. Inaplicabilidade do tema 1.199/STF. Reexame fático probatório. Impossibilidade. Divergência não comprovada. Incidência das súmulas 7/STJ e 284/STF. Desprovimento do agravo interno. Manutenção da decisão recorrida.

I - Na origem, trata-se de ação civil pública por ato de improbidade administrativa. Na sentença o pedido foi julgado parcialmente procedente. No Tribunal a quo, a sentença foi mantida.... ()


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Comentário Jurídico ao Acórdão do STJ sobre Improbidade Administrativa por Contratação Irregular e Superfaturamento em Município Baiano

Comentário/Nota

COMENTÁRIO JURÍDICO AO ACÓRDÃO DO STJ – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

INTRODUÇÃO

O presente comentário versa sobre o acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) relativo a ação civil pública por improbidade administrativa, envolvendo contratação irregular de empresa para prestação de serviços médicos em município baiano. A controvérsia centra-se na ausência de regularidade procedimental, vínculo matrimonial entre gestor e sócia da empresa contratada, além de superfaturamento e prejuízo ao erário.

PONTOS RELEVANTES DO JULGADO

  1. Configuração de Improbidade Administrativa: O STJ reconheceu a ocorrência de dolo, elemento subjetivo imprescindível para a responsabilização por improbidade administrativa, afastando a aplicação da Lei 14.230/2021 de forma retroativa, conforme entendimento firmado pelo STF (Tema 1.199).
  2. Limitação Recursal: O acórdão reforçou o entendimento consolidado na Súmula 7/STJ, impedindo o reexame de fatos e provas em recurso especial, restringindo-se à apreciação de matéria eminentemente de direito.
  3. Legitimidade do Ministério Público: Restou devidamente reconhecida a legitimidade do Ministério Público Estadual para ajuizar a ação civil pública, em consonância com a previsão do CPC/2015, art. 319 e demais legislações aplicáveis.
  4. Inexistência de Decadência ou Prescrição: O STJ afastou a alegação de decadência e prescrição, mantendo-se hígida a pretensão punitiva estatal.
  5. Dosimetria das Penas: Destacou-se a observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade na fixação das sanções, diante da gravidade dos fatos apurados.

ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O acórdão demonstra rigor técnico ao abordar a configuração do dolo na conduta dos agentes, requisito essencial para a responsabilização por improbidade administrativa após as alterações promovidas pela Lei 14.230/2021. Ao afastar a retroatividade da nova lei, o STJ alinhou-se ao entendimento do STF, resguardando o princípio da segurança jurídica (CF/88, art. 5º, XXXVI).

Além disso, o impedimento para reanálise de fatos e provas, com base na Súmula 7/STJ, reforça o papel do recurso especial como instrumento de uniformização da interpretação do direito federal, e não como via para revisão de matéria fática. O acórdão, ao reconhecer a legitimidade do Ministério Público, reafirma a função institucional do órgão na tutela do patrimônio público (CF/88, art. 129, III).

Ainda, a ausência de prescrição e decadência evidencia a adequada condução processual, observando as balizas do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV). Por fim, a aplicação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade na dosimetria das sanções demonstra a atenção ao equilíbrio entre a repressão à conduta ímproba e a vedação de excessos punitivos (CCB/2002, art. 187).

CRÍTICAS E ELOGIOS

  1. Elogios: Destaca-se a fundamentação sólida e alinhada aos precedentes dos tribunais superiores, especialmente quanto à delimitação do papel do STJ e à análise dos elementos subjetivos do tipo. O respeito à jurisprudência do STF e à observância da legalidade estrita na aplicação das sanções conferem previsibilidade e estabilidade às decisões judiciais.
  2. Críticas: Embora a decisão seja tecnicamente correta, a aplicação restrita da Súmula 7/STJ pode, em casos excepcionais, inviabilizar a correção de eventuais injustiças decorrentes da má valoração das provas pelas instâncias ordinárias. A ausência de análise mais aprofundada acerca do eventual conflito de interesses decorrente do vínculo matrimonial entre os réus pode ser considerada uma omissão relevante, tendo em vista o potencial de violação dos princípios da moralidade e impessoalidade administrativa (CF/88, art. 37).

CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS

A manutenção da condenação por improbidade administrativa reforça o compromisso do Poder Judiciário com o combate à corrupção e à má gestão dos recursos públicos, servindo de paradigma para casos análogos. O julgado contribui para a efetivação dos princípios constitucionais da administração pública, especialmente moralidade, legalidade e impessoalidade (CF/88, art. 37, caput).

Além disso, a decisão tende a inibir práticas de favorecimento pessoal e contratações irregulares, estimulando a observância dos procedimentos licitatórios e da transparência na gestão pública (Lei 8.666/1993, art. 3º).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acórdão analisado representa avanço na consolidação dos parâmetros de responsabilização por improbidade administrativa, sobretudo ao delimitar a aplicação das alterações legislativas e reafirmar a importância do dolo na configuração do ilícito. O julgado fortalece a segurança jurídica e a credibilidade institucional do Ministério Público, bem como sinaliza ao gestor público a necessidade de estrita observância aos princípios constitucionais e legais.

No cenário futuro, espera-se que a decisão contribua para a uniformização da jurisprudência e para a redução de práticas lesivas ao erário, consolidando a atuação preventiva e repressiva do Estado no âmbito da administração pública.


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