Modelo de Agravo de Instrumento Contra Indeferimento de Medidas Protetivas em Caso de Violência Doméstica

Publicado em: 18/03/2025 CivelProcesso Civil Advogado Direito Penal Processo Penal
Recurso de agravo de instrumento interposto por M. F. da S., com fundamento no art. 1.015, I, do CPC/2015, contra decisão interlocutória da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Niterói/RJ. O recurso busca reverter o indeferimento de medidas protetivas de urgência, apresentando argumentos baseados na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), jurisprudência e normas internacionais, como a Convenção de Belém do Pará e a CEDAW. A agravante contesta a validade de um laudo técnico que desconsiderou provas robustas e solicita a concessão de efeito suspensivo ativo para resguardar sua integridade física e psicológica.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Agravante: M. F. da S.

Agravado: J. A. dos S.

Processo de origem: 0000000-00.2024.8.19.0000

PREÂMBULO

M. F. da S., brasileira, solteira, mãe, negra, portadora do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliada na Rua X, nº Y, Bairro Z, Município de Niterói/RJ, por intermédio de sua advogada que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 1.015, I, do CPC/2015, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO contra a decisão interlocutória proferida pelo Juízo da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Niterói/RJ, que indeferiu o pedido de medidas protetivas de urgência formulado pela agravante.

Requer, desde já, a concessão de efeito suspensivo ativo, a fim de que sejam deferidas as medidas protetivas pleiteadas, conforme os fundamentos a seguir expostos.

TEMPESTIVIDADE

A decisão agravada foi publicada em 01/10/2024, sendo o presente recurso interposto dentro do prazo legal de 15 (quinze) dias úteis, conforme o art. 1.003, §5º, do CPC/2015. Assim, resta demonstrada a tempestividade do presente agravo.

PREPARO

A agravante requer os benefícios da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do CPC/2015, tendo em vista sua situação de vulnerabilidade econômica, agravada pela condição de vítima de violência doméstica e responsável pela subsistência de sua filha menor.

RAZÕES DO AGRAVO

I. DOS FATOS

A agravante é vítima de violência doméstica perpetrada pelo agravado, seu ex-companheiro, que possui histórico de comportamento agressivo e ameaçador. Em diversas ocasiões, a vítima sofreu agressões físicas, psicológicas e verbais, culminando em episódios que resultaram em internações hospitalares devido ao abalo emocional.

Na petição inicial, foram anexadas provas robustas, como registros de ocorrência, laudos médicos e mensagens ameaçadoras enviadas pelo agravado. Contudo, a decisão de indeferimento das medidas protetivas foi fundamentada exclusivamente em um laudo técnico elaborado por assistente social, que deu maior relevância ao depoimento do agressor e desconsiderou elementos cruciais, como as agressões físicas sofridas pela vítima.

II. DO DIREITO

A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) estabelece, em seu art. 22, que o juiz poderá aplicar medidas protetivas de urgência para resguardar a integridade física e psicológica da vítima. No presente caso, estão presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, uma vez que a palavra da vítima, corroborada por provas documentais, demonstra o risco iminente à sua segurança.

É importante destacar que, conforme entendimento consolidado, a palavra da vítima em casos de violência doméstica possui especial relevân"'>...

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Informações complementares

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VOTO DO MAGISTRADO

Excelentíssimos Senhores Desembargadores, trata-se de Agravo de Instrumento interposto por M. F. da S., com fundamento no art. 1.015, I, do CPC/2015, contra decisão interlocutória proferida pelo Juízo da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Niterói/RJ, que indeferiu o pedido de medidas protetivas de urgência formulado pela agravante.

1. DOS FATOS

A agravante relata ser vítima de violência doméstica perpetrada pelo agravado, seu ex-companheiro, que possui histórico de comportamento agressivo e ameaçador. Consta dos autos que foram apresentados registros de ocorrência, laudos médicos e mensagens ameaçadoras que corroboram as alegações da agravante.

A decisão recorrida, no entanto, indeferiu as medidas protetivas com base em um laudo técnico que apresenta inconsistências graves, como a desconsideração de provas documentais e priorização do depoimento do agravado.

2. DO DIREITO

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 93, IX, exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. A fundamentação apresentada na decisão agravada não leva em consideração a relevância da palavra da vítima, especialmente em casos de violência doméstica, conforme entendimento consolidado em nossa jurisprudência e na Lei Maria da Penha ( Lei 11.340/2006).

A Lei Maria da Penha, em seu art. 22, autoriza a aplicação de medidas protetivas de urgência para resguardar a integridade da vítima, sendo suficiente a demonstração do fumus boni iuris e do periculum in mora. No caso em tela, os elementos apresentados pela agravante (documentos e provas) são suficientes para comprovar o fundado receio de dano irreparável.

Ademais, o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, instituído pela Resolução nº 492 do CNJ, recomenda que o Judiciário leve em consideração os contextos de desigualdade de gênero, raça e classe. A agravante, sendo mulher, negra, mãe e em vulnerabilidade socioeconômica, encontra-se em situação que exige maior sensibilidade por parte do Poder Judiciário.

3. DA ANÁLISE DO LAUDO TÉCNICO

O laudo técnico elaborado apresenta falhas que comprometem sua confiabilidade, especialmente no tocante à ausência de análise das agressões físicas sofridas pela agravante. A decisão que fundamentou-se exclusivamente em tal documento não atende ao princípio da imparcialidade e desconsidera o contexto probatório apresentado.

4. DA JURISPRUDÊNCIA

A jurisprudência pátria tem reconhecido a relevância dos depoimentos das vítimas em casos de violência doméstica, especialmente quando corroborados por provas documentais. Nesse sentido:

  • TJRJ (QUARTA CÂMARA CRIMINAL) - AGRAVO Acórdão/TJRJ: \"Medidas protetivas elencadas na Lei 11.340/2006, art. 22, que exigem, para a sua concessão, a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora. [...] Fundado receio da ocorrência de dano mais grave ou de difícil reparação ao bem tutelado, qual seja, a integridade física e psicológica da ofendida.\"
  • TJRJ (SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL) - AGRAVO Acórdão/TJRJ: \"Declarações da vítima que se mostram coerentes. Há fundado receio de que o agravado possa atentar contra a integridade física e psicológica da vítima. Provimento do agravo.\"

5. CONCLUSÃO

Diante dos fatos e fundamentos apresentados, entendo que o presente recurso merece provimento. A decisão recorrida desconsiderou provas robustas e falhou em observar o princípio da proteção integral da vítima, conforme disposto na Lei Maria da Penha, no Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero e na Constituição Federal.

6. DISPOSITIVO

Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao agravo de instrumento, concedendo-se efeito suspensivo ativo para deferir as medidas protetivas de urgência pleiteadas pela agravante, nos termos do art. 22 da Lei 11.340/2006, com a tramitação prioritária do feito e reconhecimento dos benefícios da gratuidade de justiça.

É como voto.

Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2024.

Desembargador Relator


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