Modelo de Alegações Finais por Memoriais em Ação Penal com Pedido de Absolvição por Ausência de Provas e Nulidade Processual

Publicado em: 18/10/2024 Direito Penal Processo Penal
Documento contendo as alegações finais por meio de memoriais apresentados pela defesa em ação penal movida contra o réu acusado de crime tipificado no art. 217-A do Código Penal. O texto aborda a ausência de provas suficientes para condenação, a nulidade processual por cerceamento de defesa devido à falta de depoimento da principal vítima, e a aplicação do princípio do in dubio pro reo. Inclui fundamentos jurídicos, jurisprudências e pedidos de absolvição com base no art. 386, VII, do Código de Processo Penal.

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Nerópolis – Estado de Goiás

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Processo nº 5764196-73.2023.8.09.0112

O acusado, A. J. dos S., já devidamente qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move o Ministério Público do Estado de Goiás, por seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato já acostado aos autos), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, com fundamento no CPP, art. 403, §3º, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

3. SÍNTESE FÁTICA

O Ministério Público ofereceu denúncia contra o acusado, imputando-lhe a prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal contra as menores K. S. F. e D. S. S., ambas com menos de 14 anos à época dos supostos fatos, tipificados no CP, art. 217-A.

Segundo a denúncia, os atos teriam ocorrido em datas incertas entre os anos de 2011 e 2012, no caso de D. S. S., e em data não determinada quanto a K. S. F.. Contudo, durante a instrução processual, não foram produzidas provas concretas que corroborassem a acusação.

A suposta vítima K. S. F. sequer prestou depoimento, alegando constrangimento, mesmo em audiência virtual, o que comprometeu o direito à ampla defesa. Já D. S. S. afirmou que o fato teria ocorrido uma única vez, sem conseguir precisar a data, e que o acusado teria apenas encostado o dedo em sua parte íntima enquanto sua mãe tomava banho.

As testemunhas ouvidas, inclusive mãe e vizinha, relataram que as menores estiveram com o acusado apenas uma vez, entre 11h e 18h, e que não dormiram em sua residência, contrariando a narrativa acusatória. Além disso, exames periciais realizados nas supostas vítimas não constataram qualquer lesão ou indício de abuso.

A defesa também demonstrou que há disputa judicial entre os genitores das menores, envolvendo partilha de bens e guarda, o que pode ter motivado a denúncia. Ademais, há registros de mensagens trocadas entre K. S. F. e o acusado, indicando manutenção de vínculo afetivo.

4. PRELIMINARES

A defesa suscita a nulidade do processo por cerceamento de defesa, uma vez que o acusado não teve acesso direto à acusação feita por K. S. F., que não prestou depoimento em juízo, mesmo por videoconferência. Tal omissão viola os princípios do contraditório e da ampla defesa, garantidos pela CF/88, art. 5º, LV.

Ainda, a ausência de depoimento da principal vítima compromete a formação do convencimento judicial, tornando a acusação desprovida de base probatória mínima, o que enseja a absolvição sumária do réu, nos termos do CPP, art. 386, VII.

5. DO MÉRITO

No mérito, a defesa sustenta que não há provas suficientes para sustentar a condenação do acusado. A única vítima que prestou depoimento, D. S. S., afirmou que o fato ocorreu uma única vez, sem indicar data ou circunstâncias precisas. Tal relato isolado, sem qualquer elemento de corroboração, não pode servir de base para condenação.

As testemunhas ouvidas não presenciaram qualquer ato libidinoso e, inclusive, contestaram a versão de que as menores teriam dormido na casa do acusado. O próprio depoimento da mãe de uma das menores indica que elas estiveram na casa do acusado apenas por algumas horas durante a tarde.

Os exames periciais realizados nas supostas vítimas não constataram qualquer lesão física ou indício de a"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto

Trata-se de ação penal proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás em face de A. J. dos S., imputando-lhe a prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal contra as menores K. S. F. e D. S. S., ambas com menos de 14 anos de idade à época dos supostos fatos, tipificados no art. 217-A, caput, do Código Penal.

Da Preliminar

Em sede preliminar, a defesa alegou cerceamento de defesa, em razão da ausência de depoimento da suposta vítima K. S. F., que não prestou depoimento em juízo, nem mesmo por videoconferência, o que comprometeria o exercício do contraditório e da ampla defesa, nos termos do art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal.

De fato, verifica-se dos autos que a referida vítima não foi ouvida em juízo, o que compromete sobremaneira a análise da materialidade e autoria dos fatos a ela relacionados. A ausência de contraditório quanto ao seu relato, somada à inexistência de outros elementos probatórios que corroborem a versão acusatória, impõe o reconhecimento da nulidade parcial do feito, no tocante aos fatos relacionados à menor K. S. F..

Assim, acolho a preliminar arguida pela defesa, declarando a nulidade parcial do processo quanto à imputação envolvendo K. S. F., nos termos do art. 564, III, letra e, do Código de Processo Penal, por cerceamento de defesa.

Do Mérito

Superada a preliminar, passo à análise do mérito quanto à imputação envolvendo a menor D. S. S..

Durante a instrução processual, constatou-se que a única vítima ouvida, D. S. S., relatou que o acusado teria encostado o dedo em sua parte íntima em uma única ocasião, sem indicar data ou circunstâncias objetivas do fato. O depoimento foi isolado e não foi corroborado por outros elementos de prova.

As testemunhas ouvidas, inclusive a mãe da menor e uma vizinha, afirmaram que as menores estiveram na residência do acusado por algumas horas durante o dia, e não pernoitaram no local, contrariando a narrativa acusatória inicial. Ademais, os exames periciais não constataram lesões ou indícios de abuso.

A jurisprudência pátria é firme no sentido de que a palavra da vítima em crimes dessa natureza deve ser analisada com cautela, e somente pode ensejar condenação quando vier amparada por outros elementos de prova que lhe deem suporte, especialmente diante da gravidade da imputação e da severidade da pena.

No caso em tela, não há provas suficientes para uma condenação segura. O depoimento da vítima é isolado, não há elementos objetivos que confirmem a materialidade do delito, e as testemunhas não corroboram a versão acusatória. A dúvida que paira sobre os fatos deve ser resolvida em favor do réu, nos termos do princípio in dubio pro reo, corolário do art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, que consagra a presunção de inocência.

Conclusão

Diante do exposto, com fundamento no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, que impõe ao magistrado o dever de decidir de forma fundamentada, julgo:

  • a) Acolher a preliminar de nulidade apontada pela defesa, declarando a nulidade parcial do feito quanto aos fatos relacionados à menor K. S. F., por cerceamento de defesa;
  • b) No mérito, julgar IMPROCEDENTE a denúncia quanto aos fatos relacionados à menor D. S. S., e, com base no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, absolver o réu A. J. dos S., por ausência de provas suficientes para a condenação.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Nerópolis/GO, 20 de julho de 2024.

_______________________________________
Juiz de Direito


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