Modelo de Contestação à Ação de Reconhecimento de União Estável Post Mortem: Impugnação pelos Herdeiros, Ausência de Requisitos Legais e Alegação de Simulação

Publicado em: 04/11/2024 Civel Familia
Modelo de contestação em ação de reconhecimento de união estável post mortem, apresentada pelos filhos do falecido em face de pedido ajuizado por suposta companheira, representada por curadora. A peça destaca a inexistência dos requisitos legais para configuração da união estável, impugna a legitimidade ativa da curadora, sustenta que a relação não ultrapassou o mero namoro qualificado e aponta vulnerabilidade do de cujus e simulação no reconhecimento da relação. Fundamentação jurídica baseada no Código Civil, Constituição Federal e jurisprudência, com pedido de improcedência da ação e produção de provas.

CONTESTAÇÃO – AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara de Família da Comarca de ____________ – Tribunal de Justiça do Estado.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Réu(s): A. J. dos S., brasileiro, estado civil, profissão, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX-X, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado à Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, CEP ______-___, Cidade/UF.

Autor(a): M. F. de S. L., brasileira, estado civil, profissão, portadora do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX-X, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada à Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, CEP ______-___, Cidade/UF, representada por sua filha e curadora C. E. da S., brasileira, estado civil, profissão, CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada à Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, CEP ______-___, Cidade/UF.

3. SÍNTESE DOS FATOS

A presente demanda foi ajuizada por M. F. de S. L., representada por sua filha e curadora C. E. da S., com o objetivo de obter o reconhecimento judicial da união estável entre a autora e o falecido J. P. dos S., que teria perdurado até o óbito deste último.

Alega a autora que conviveu maritalmente com o falecido por determinado período, sustentando a existência de convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituição de família, nos termos do CCB/2002, art. 1.723. Afirma, ainda, que tal relação foi marcada por comunhão de vida e interesses, sendo reconhecida por familiares e pela sociedade.

Contudo, os réus, filhos do falecido, contestam a existência da referida união estável, alegando que a relação entre a autora e o de cujus não ultrapassou os limites de um namoro qualificado, inexistindo os requisitos legais para o reconhecimento da entidade familiar pretendida.

Ressaltam, ainda, que a autora, na condição de curatelada, está sendo representada por sua filha, o que demanda especial atenção quanto à veracidade dos fatos e à higidez das provas apresentadas.

4. PRELIMINARES

4.1. DA NECESSIDADE DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FATOS

Nos termos do CPC/2015, art. 341, incumbe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na inicial, sob pena de presunção de veracidade. Contudo, a presente contestação impugna de forma específica todos os fatos alegados pela parte autora, especialmente quanto à inexistência de união estável.

4.2. DA ILEGITIMIDADE ATIVA DA CURADORA PARA REIVINDICAR DIREITO PRÓPRIO

Ressalta-se, preliminarmente, que a curadora, na qualidade de representante legal da autora, deve atuar em defesa dos interesses desta, não podendo extrapolar os limites da representação, tampouco pleitear direitos próprios ou agir em conflito de interesses, conforme CCB/2002, art. 1.748, I. Eventual dúvida quanto à legitimidade ativa poderá ser objeto de análise incidental, não havendo, contudo, óbice imediato à apreciação do mérito.

5. DO MÉRITO

No mérito, a controvérsia reside na existência, ou não, de união estável entre a autora e o falecido, nos moldes do CCB/2002, art. 1.723. Para o reconhecimento da união estável, exige-se a demonstração de convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituição de família.

Ocorre que, no caso em tela, inexiste prova robusta e inequívoca de que a relação entre a autora e o de cujus ultrapassou o mero namoro qualificado. Os elementos trazidos aos autos, tais como fotografias esparsas, correspondências e eventuais depoimentos testemunhais, não são suficientes para comprovar a existência de uma comunhão de vida nos moldes exigidos pela legislação.

Ademais, há indícios de que a suposta união estável teria sido formalizada em momento de extrema vulnerabilidade do falecido, que se encontrava gravemente enfermo, internado em unidade hospitalar, o que compromete a higidez dos atos praticados e a real intenção de constituir família.

Ressalta-se, ainda, que a própria anulação da escritura declaratória de união estável, por sentença judicial, evidencia a ausência de verossimilhança e a existência de simulação, conforme destacado em precedentes jurisprudenciais.

6. DO DIREITO

6.1. DOS REQUISITOS PARA O RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

O reconhecimento da união estável encontra fundamento no CCB/2002, art. 1.723, que dispõe:
“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.”

A Constituição Federal, por sua vez, confere proteção à família e reconhece a união estável como entidade familiar, nos termos do CF/88, art. 226, §3º.

Para a configuração da união estável, exige-se a presença cumulativa dos seguintes requisitos: convivência pública, contínua, duradoura e com objetivo de constituição de família. A ausência de qualquer desses elementos inviabiliza o reconhecimento da entidade familiar.

6.2. DA DISTINÇÃO ENTRE NAMORO QUALIFICADO E UNIÃO ESTÁVEL

A doutrina e a jurisprudência distinguem o namoro qualificado da união estável. O namoro qualificado, embora possa apresentar traços de estabilidade e publicidade, não se reveste d"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

1. Relatório

Trata-se de Ação de Reconhecimento de União Estável post mortem ajuizada por M. F. de S. L., representada por sua filha e curadora C. E. da S., em face dos filhos do falecido J. P. dos S., com a finalidade de obter o reconhecimento judicial da união estável entre a autora e o falecido.

A autora alega ter mantido convivência pública, contínua, duradoura e com o objetivo de constituição de família com o falecido, conforme prevê o art. 1.723 do Código Civil. Os réus, por sua vez, impugnam a existência de união estável, sustentando tratar-se de mero namoro qualificado e destacando a ausência dos requisitos legais e a vulnerabilidade do falecido à época dos supostos atos constitutivos da união.

2. Fundamentação

2.1. Da Admissibilidade

Os pressupostos processuais foram satisfeitos, não havendo óbice ao conhecimento da demanda. A curadora, na qualidade de representante legal, age em nome da autora, não havendo, a princípio, vício de legitimidade que impeça a apreciação do mérito.

2.2. Da Necessidade de Fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal, "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade". Assim, passo à análise do mérito, com a devida motivação, em respeito ao comando constitucional.

2.3. Da União Estável: Requisitos Legais e Prova dos Autos

O art. 1.723 do Código Civil estabelece que a união estável exige convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituição de família. A Constituição Federal (art. 226, §3º) reconhece a união estável como entidade familiar, exigindo, portanto, demonstração inequívoca dos requisitos legais.

No caso, a controvérsia reside na existência dos elementos necessários à caracterização da união estável. Conforme se depreende dos autos, os documentos juntados, como fotografias, correspondências e depoimentos testemunhais, não revelam, de forma robusta, a existência de uma comunhão de vida nos moldes exigidos pela legislação.

Ademais, restou comprovado que a suposta formalização da união estável ocorreu em momento de extrema vulnerabilidade do falecido, gravemente enfermo, fato que compromete a higidez dos atos praticados, nos termos do art. 104 do Código Civil. Ressalte-se, ainda, a existência de sentença judicial anulando a escritura declaratória de união estável, reconhecendo indícios de simulação.

A autora, como parte demandante, detinha o ônus de demonstrar, nos termos do art. 373, I, do CPC, os fatos constitutivos de seu direito. Não obstante os esforços, o conjunto probatório não se revelou suficiente para afastar as alegações dos réus de inexistência de união estável, prevalecendo a tese de relacionamento afetivo sem animus de constituir família.

O entendimento jurisprudencial citado nos autos corrobora a necessidade de prova contundente para o reconhecimento da união estável, especialmente em casos post mortem, nos quais a vulnerabilidade do de cujus pode comprometer a validade dos atos praticados.

2.4. Da Distinção entre Namoro Qualificado e União Estável

Conforme sedimentado na doutrina e jurisprudência, o namoro qualificado, ainda que revestido de publicidade e certa estabilidade, não se confunde com união estável, pois carece do elemento subjetivo de constituição de família.

No presente caso, a ausência de prova inequívoca da intenção de constituir família por parte do falecido e da autora impede o reconhecimento da união estável.

3. Dispositivo

Ante o exposto, com fulcro no art. 93, IX, da Constituição Federal e nos fundamentos legais acima expostos, julgo improcedente o pedido de reconhecimento de união estável post mortem entre a autora M. F. de S. L. e o falecido J. P. dos S., por ausência de demonstração dos requisitos legais necessários.

Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo nos termos do art. 85 do CPC, observando-se, se for o caso, o benefício da justiça gratuita.

4. Conclusão

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Sentença publicada e registrada eletronicamente.


____________, ___ de ____________ de 20__.
_______________________________________
Magistrado(a) – Juiz(a) de Direito


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