Modelo de Contestação à Ação Monitória: Defesa de Mãe Fiadora e Estudante Autista em Situação de Vulnerabilidade Econômica

Publicado em: 21/02/2024 CivelProcesso Civil
Contestação apresentada por A. P. da S. e sua filha, M. F. da S., em resposta à ação monitória ajuizada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). O documento aborda a ilegitimidade passiva de M. F. da S., estudante autista e sem capacidade financeira, e a vulnerabilidade econômica da mãe, que emitiu cheques após perda de financiamento estudantil (FIES) e emprego. Fundamenta-se nos princípios da dignidade da pessoa humana, função social do contrato e proteção especial às pessoas com deficiência, além de destacar a ausência de tentativa de renegociação pela autora. Inclui pedidos de improcedência da ação, justiça gratuita e designação de audiência de conciliação.

CONTESTAÇÃO EM AÇÃO MONITÓRIA

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ____________.

Processo nº: ____________
Requerente: Pontifícia Universidade Católica (PUC)
Requeridas: M. F. da S. e sua mãe, A. P. da S.

A. P. da S., brasileira, estado civil, profissão, portadora do CPF nº ____________, residente e domiciliada na Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, Cidade ____________, Estado ____________, CEP ____________, e sua filha, M. F. da S., brasileira, solteira, estudante, portadora do CPF nº ____________, residente no mesmo endereço, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus advogados regularmente constituídos, com endereço eletrônico ____________, apresentar sua CONTESTAÇÃO à ação monitória ajuizada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

A presente demanda monitória foi ajuizada pela PUC em face de A. P. da S., mãe e fiadora, e de sua filha, M. F. da S., estudante autista, com fundamento em cinco cheques emitidos no início de 2018. Os cheques foram utilizados como garantia para a continuidade dos estudos de M. F. da S., após a perda do financiamento estudantil (FIES).

A mãe, A. P. da S., perdeu o emprego e, diante da ausência de renda, os cheques foram devolvidos por insuficiência de fundos. A situação financeira da família agravou-se ainda mais com o falecimento do tio de M. F. da S., que anteriormente auxiliava no pagamento das mensalidades. Atualmente, M. F. da S. não possui qualquer fonte de renda, e sua mãe encontra-se desempregada.

DO DIREITO

A presente ação monitória carece de fundamento jurídico suficiente para imputar responsabilidade solidária à requerida M. F. da S., uma vez que esta não possui capacidade financeira para arcar com as obrigações decorrentes dos cheques emitidos por sua mãe. Ademais, a condição de autista de M. F. da S. deve ser considerada, nos termos da CF/88, art. 227, §1º, II, que assegura proteção especial às pessoas com deficiência.

Quanto à mãe, A. P. da S., é necessário destacar que a emissão dos cheques foi realizada em um contexto de boa-fé, com o objetivo de garantir a continuidade dos estudos de sua filha. No entanto, a perda do emprego e a ausência de renda inviabilizaram o cumprimento da obrigação. Tal situação deve ser analisada à luz do princípio da dignidade da pessoa "'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

I - RELATÓRIO

Trata-se de ação monitória ajuizada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) em face de A. P. da S., mãe e fiadora, e sua filha, M. F. da S., estudante autista, visando à cobrança de valores representados por cinco cheques emitidos no início de 2018. Alegam as requeridas que a devolução dos cheques ocorreu por insuficiência de fundos, em razão da perda do financiamento estudantil (FIES), do desemprego da mãe e da ausência de qualquer fonte de renda da estudante.

Em contestação, as requeridas alegam a ilegitimidade passiva da estudante, M. F. da S., e a impossibilidade de a mãe, A. P. da S., arcar com a obrigação, dada sua situação de vulnerabilidade econômica. Argumentam, ainda, que a instituição autora não buscou alternativas de negociação, violando o princípio da boa-fé objetiva.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Para a análise da presente ação, faz-se necessária a integração entre os fatos narrados e os fundamentos legais e constitucionais aplicáveis ao caso.

II.1 - Da Ilegitimidade Passiva de M. F. da S.

A estudante M. F. da S., conforme narrado, não possui capacidade financeira para cumprir as obrigações que decorrem da presente demanda. Ademais, sua condição de autista deve ser considerada à luz do art. 227, §1º, II, da Constituição Federal de 1988, que assegura proteção especial às pessoas com deficiência. Assim, reconhece-se a ilegitimidade passiva da requerida M. F. da S.

II.2 - Da Situação de Vulnerabilidade Econômica de A. P. da S.

A requerida A. P. da S., mãe e fiadora, emitiu os cheques em questão em um contexto de boa-fé, visando assegurar a continuidade dos estudos de sua filha. Contudo, a perda do emprego e a ausência de renda configuram circunstâncias de força maior, que inviabilizam o cumprimento da obrigação.

De acordo com o art. 1º, III, da Constituição Federal, o princípio da dignidade da pessoa humana deve prevalecer na análise de situações de vulnerabilidade social e econômica. Além disso, o art. 421 do Código Civil estabelece o princípio da função social do contrato, de modo que o inadimplemento em situações como a presente não deve acarretar penalidades desproporcionais.

II.3 - Da Conduta da Instituição Autora

A Pontifícia Universidade Católica, como instituição de ensino, deveria ter buscado alternativas para renegociar a dívida, em respeito ao princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do Código Civil). A ausência de iniciativa para conciliação ou mediação por parte da autora também viola o disposto no art. 319, VII, do Código de Processo Civil.

II.4 - Da Jurisprudência

A jurisprudência pátria reconhece a necessidade de ponderação em ações monitórias que envolvam hipossuficiência econômica e social. Nesse sentido:

  • TJSP (33ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: Sentença anulada por ausência de fundamentação suficiente em situação de vulnerabilidade social.
  • TJSP (26ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: Justiça gratuita concedida em razão de hipossuficiência financeira das partes.

III - DISPOSITIVO

Diante do exposto, voto no sentido de:

  1. Reconhecer a ilegitimidade passiva de M. F. da S., excluindo-a do polo passivo da presente demanda;
  2. Julgar improcedente a ação monitória em relação à requerida A. P. da S., em razão de sua situação de vulnerabilidade econômica, reconhecendo a impossibilidade de cumprimento da obrigação;
  3. Conceder os benefícios da justiça gratuita às requeridas, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil;
  4. Determinar a condenação da autora ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, §2º, do Código de Processo Civil;
  5. Determinar, subsidiariamente, a designação de audiência de conciliação caso haja interesse das partes, nos moldes do art. 319, VII, do Código de Processo Civil.

É como voto.

Local e Data

_________________________________________
Magistrado


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