Modelo de Contestação com Pedido de Reconvenção em Ação de Reintegração de Posse com Pedido de Usucapião e Indenização por Benfeitorias

Publicado em: 04/03/2025 CivelProcesso Civil Direito Imobiliário
Contestação apresentada pela ré em ação de reintegração de posse, argumentando posse mansa e pacífica de imóvel há mais de 20 anos e requerendo, em pedido reconvencional, o reconhecimento da usucapião, com base nos artigos 1.196 e 1.238 do Código Civil. A ré ainda reivindica indenização pelas benfeitorias realizadas no imóvel, com fundamento no artigo 1.219 do Código Civil, e argumenta abuso de direito por parte do autor. O documento detalha os fatos, os fundamentos jurídicos, jurisprudências favoráveis e os pedidos, incluindo a improcedência da ação, reconhecimento da usucapião, indenização pelas benfeitorias, gratuidade de justiça e condenação do autor em custas e honorários advocatícios.

CONTESTAÇÃO COM PEDIDO DE RECONVENÇÃO

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________

Processo nº: [inserir número do processo]

Requerente: [nome do autor abreviado]

Requerida: [nome da ré abreviado]

PREÂMBULO

[Nome da ré abreviado], brasileira, [estado civil], [profissão], inscrita no CPF sob o nº 053.001.977-93, residente e domiciliada na Rua Luisa Barata, 466, Realengo, Rio de Janeiro/RJ, CEP 21770-230, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO COM PEDIDO DE RECONVENÇÃO, nos autos da ação de reintegração de posse movida por [nome do autor abreviado], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

A ré encontra-se na posse do imóvel localizado na Rua Luisa Barata, 466, Realengo, Rio de Janeiro/RJ, há mais de 20 (vinte) anos, exercendo tal posse de forma mansa, pacífica e ininterrupta. Durante esse período, realizou diversas benfeitorias no imóvel, incluindo a construção de uma pequena loja onde exerce sua profissão de cabeleireira, sendo esta sua única fonte de renda.

O imóvel foi construído durante a constância da união estável entre a ré e o filho do autor, união esta já dissolvida. Após o término da relação, o autor, pai do ex-companheiro da ré, passou a intentar a retomada do imóvel, alegando ser proprietário do terreno onde o imóvel foi edificado.

Importante destacar que a ré sempre exerceu a posse de forma legítima, sem qualquer oposição, até o momento em que o autor passou a pleitear a reintegração de posse, configurando-se, assim, uma tentativa de esbulho possessório.

DO DIREITO

Nos termos do CCB/2002, art. 1.196, considera-se possuidor aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. A ré, ao longo de mais de 20 anos, exerceu a posse direta do imóvel, de forma mansa e pacífica, realizando benfeitorias e utilizando-o como sua moradia e meio de sustento.

Ademais, o CCB/2002, art. 1.238 estabelece que aquele que possuir imóvel como seu, contínua e incontestadamente, pelo prazo de 15 (quinze) anos, sem interrupção, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé. Assim, a ré preenche todos os requisitos para a usucapião do imóvel.

Quanto às benfeitorias realizadas, o CCB/2002, art. 1.219 assegura ao possuidor de boa-fé o direito de retenção e indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis realizadas no imóvel. A ré, portanto, faz jus �"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação de reintegração de posse ajuizada pelo requerente [nome do autor abreviado], alegando propriedade do terreno onde está situado o imóvel ocupado pela ré, [nome da ré abreviado]. Em contestação, a ré sustenta sua posse mansa, pacífica e ininterrupta por mais de 20 anos, pleiteando, em sede de reconvenção, o reconhecimento da usucapião e a indenização pelas benfeitorias realizadas no imóvel.

Os autos encontram-se devidamente instruídos, sendo cabível a análise do mérito.

Fundamentação

Dos Fatos

Conforme consta nos autos, a ré ocupa o imóvel situado na Rua Luisa Barata, 466, Realengo, Rio de Janeiro/RJ, há mais de 20 anos, exercendo sua posse de forma contínua, mansa e pacífica, sem oposição do autor até o momento em que foi ajuizada a presente demanda.

É incontroverso que, durante esse período, a ré realizou benfeitorias no imóvel, incluindo a construção de uma loja que serve como sua principal fonte de renda.

Do Direito

A Constituição Federal de 1988, no art. 5º, XXIII, assegura a função social da propriedade, princípio que orienta a interpretação das normas pertinentes ao caso concreto.

Pelo Código Civil Brasileiro de 2002, o art. 1.238 estabelece que aquele que possuir imóvel como seu, de forma contínua e incontestada, por 15 anos, adquire o direito de propriedade por usucapião, ainda que não possua título ou boa-fé. A ré preenche todos os requisitos legais para o reconhecimento da usucapião.

Quanto às benfeitorias, o art. 1.219 do Código Civil assegura ao possuidor de boa-fé o direito de retenção e indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis realizadas. A ré demonstrou, pelos elementos dos autos, que as melhorias realizadas no imóvel foram indispensáveis à sua habitação e sustento.

No que tange à tentativa do autor de retomar o imóvel, é importante destacar o disposto no art. 187 do Código Civil, que veda o abuso de direito. O autor, ao pleitear a reintegração de posse após décadas de posse legítima da ré, age em desacordo com a função social da propriedade.

Da Jurisprudência

O entendimento jurisprudencial é pacífico quanto ao reconhecimento do direito de usucapião em casos de posse legítima e ininterrupta por prazo superior ao previsto em lei:

TJSP - Apelação Cível Acórdão/TJSP: Sentença que reconhece o direito do possuidor em casos de posse prolongada, pacífica e ininterrupta, bem como o direito à indenização por benfeitorias realizadas.

TJSP - Apelação Cível Acórdão/TJSP: Reconhecimento da posse legítima e da inexistência de contrato que legitime a reintegração de posse em favor do autor.

Dispositivo

Em face do exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, voto pelo seguinte:

  1. Julgar improcedente o pedido de reintegração de posse formulado pelo requerente, reconhecendo a posse legítima da ré;
  2. Julgar procedente o pedido reconvencional para declarar o direito de propriedade da ré sobre o imóvel situado na Rua Luisa Barata, 466, Realengo, Rio de Janeiro/RJ, com fundamento no art. 1.238 do Código Civil (usucapião);
  3. Condenar o autor ao pagamento de indenização pelas benfeitorias realizadas pela ré, nos termos do art. 1.219 do Código Civil;
  4. Condenar o autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, com fundamento no art. 85, §2º, do CPC/2015.

É como voto.

Conclusão

Decido, portanto, em observância aos princípios constitucionais e legais aplicáveis, reconhecer o direito da ré à usucapião do imóvel e à indenização pelas benfeitorias realizadas, julgando improcedente o pedido do autor e procedente a reconvenção.


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