Modelo de Contestação em Ação Indenizatória: Defesa contra Pedido de Danos Morais Baseado em Provas de Conversas no WhatsApp

Publicado em: 05/02/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Contestação apresentada pelo requerido em ação indenizatória movida pela requerente, que alega ter sofrido danos morais em razão de cobranças indevidas. A defesa fundamenta-se na inexistência de ato ilícito, na fragilidade das provas apresentadas (prints de conversas do WhatsApp) e na legitimidade das cobranças realizadas. O documento aborda princípios jurídicos, como boa-fé objetiva, jurisprudências aplicáveis e requisitos legais para configuração de dano moral. Requer a improcedência dos pedidos, desconsideração das provas e condenação da parte autora aos custos processuais.

CONTESTAÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE [LOCALIDADE]

Processo nº: [número do processo]

Requerido: [nome do requerido]

Requerente: [nome do requerente]

Por seus procuradores infra-assinados, com endereço profissional indicado no rodapé, vem à presença de Vossa Excelência, nos autos da ação proposta por M. F. de S. L., apresentar a presente CONTESTAÇÃO, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

PREÂMBULO

O Requerido, em atenção à citação recebida, apresenta sua defesa com o objetivo de afastar os pedidos de indenização por danos morais e a utilização de prints de conversas do WhatsApp como prova, conforme os fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

A Requerente alega ter sofrido danos morais em razão de supostas cobranças indevidas realizadas pelo Requerido, utilizando como prova principal prints de conversas mantidas no aplicativo WhatsApp. Tais alegações, contudo, carecem de comprovação mínima e não configuram, por si só, qualquer conduta ilícita ou capaz de gerar o dever de indenizar.

As cobranças realizadas pelo Requerido foram legítimas e baseadas em obrigações contratuais previamente assumidas pela Requerente. Ademais, as conversas apresentadas como prova não possuem autenticidade comprovada e foram mantidas em caráter privado, sem qualquer repercussão pública ou prejuízo à honra da Requerente.

DO DIREITO

Inicialmente, é importante destacar que, para a configuração de dano moral indenizável, é imprescindível a comprovação de ato ilícito, nexo causal e dano efetivo, conforme disposto no CCB/2002, art. 186. No presente caso, não há qualquer elemento que demonstre a prática de ato ilícito por parte do Requerido.

Além disso, a utilização de prints de conversas do WhatsApp como prova deve ser analisada com cautela, uma vez que tais documentos podem ser facilmente manipulados, carecendo de autenticidade e confiabilidade. O CPC/2015, art. 373, I, impõe à parte autora o ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito, o que não foi cumprido pela Requerente.

Ademais, o simples envio de mensagens de cobrança, desde que realizadas de forma privada e sem excessos, não configura dano moral. A jurisprudência é clara ao afirmar que situações que não ultrapassem os meros aborrecimentos do cotidiano não são passíveis de indenização por danos morais.

DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de recurso interposto pela parte autora, que pleiteia indenização por danos morais com fundamento em alegadas cobranças indevidas realizadas pela parte requerida, utilizando como prova principal prints de conversas mantidas no aplicativo WhatsApp. A parte requerida, em sua contestação, afirma que as cobranças foram legítimas e que os prints apresentados carecem de autenticidade e confiabilidade.

Voto

Preliminar

Inicialmente, destaco que o recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade. Assim, conheço do recurso interposto.

Dos Fatos e do Direito

Conforme análise dos autos, a parte autora não conseguiu comprovar os elementos essenciais para a configuração do dano moral indenizável, quais sejam: ato ilícito, nexo causal e abalo significativo à honra ou à dignidade. Nos termos do artigo 186 do Código Civil Brasileiro (CCB/2002), o dano moral exige comprovação robusta, o que não foi observado no presente caso.

Quanto às provas apresentadas, especificamente os prints de conversas no WhatsApp, é necessário ponderar sobre sua autenticidade. O artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil (CPC/2015) atribui à parte autora o ônus de comprovar os fatos constitutivos de seu direito. Contudo, os documentos apresentados não foram acompanhados de elementos adicionais que atestassem sua veracidade, sendo insuficientes para sustentar a alegação de conduta ilícita por parte da requerida.

Além disso, conforme entendimento jurisprudencial consolidado, o envio de mensagens de cobrança, desde que realizadas de forma privada e sem excessos, não configura, por si só, ato ilícito ou dano moral. Em consonância com o princípio da boa-fé objetiva, previsto no artigo 422 do Código Civil, não se verificou qualquer abuso por parte da requerida que justificasse a indenização pleiteada.

Jurisprudência

Corroboro meu posicionamento com base nos seguintes precedentes:

  • TJSP (30ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: \"Conversas mantidas em caráter estritamente privado, sem divulgação e repercussão perante terceiros, não configuram danos morais.\" (Rel. Des. Monte Serrat, J. em 30/09/2024)
  • TJSP (15ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: \"Não se configura o dever de indenizar por danos morais quando não se comprova que a situação vivenciada tenha ultrapassado os meros aborrecimentos.\" (Rel. Des. Achile Alesina, J. em 09/10/2024)
  • TJSP (36ª Câmara de Direito Privado) - Apelação Cível Acórdão/TJSP: \"Documentos desacompanhados de outros elementos de prova são insuficientes para demonstrar regular contratação ou dano moral.\" (Rel. Des. Walter Exner, J. em 30/08/2024)

Conclusão

Diante do exposto, com fundamento no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, voto pela improcedência do recurso interposto pela parte autora, mantendo-se a sentença de primeira instância que julgou improcedentes os pedidos de indenização por danos morais. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 85 do CPC/2015.

Decisão

Por unanimidade, conheceu-se do recurso e, no mérito, negou-se provimento, nos termos do voto do relator.


[Localidade], [data]

Magistrado: [Nome do Magistrado]


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