Modelo de Defesa em Crimes Contra a Honra: Quebra de Custódia de Provas e Decadência do Prazo em Redes Sociais

Publicado em: 20/12/2024 Direito Penal Processo Penal
Modelo de peça jurídica para defesa em crimes contra a honra supostamente cometidos em redes sociais, abordando a nulidade das provas digitais por quebra da cadeia de custódia e a extinção da punibilidade devido ao prazo decadencial. Inclui fundamentação legal com base no CPP, CF/88 e CP, jurisprudências relacionadas e pedidos como nulidade das provas, reconhecimento da decadência e, subsidiariamente, absolvição por insuficiência de provas.

Defesa em Crimes Contra a Honra nas Redes Sociais

PREÂMBULO

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ____________.

Processo nº: ____________

Requerente: ____________
Requerido: ____________

____________, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar sua DEFESA, com fundamento no CPP, art. 396-A, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

O Requerido foi acusado de prática de crimes contra a honra, supostamente cometidos por meio de publicações em redes sociais. A acusação sustenta que as postagens teriam conteúdo ofensivo à honra do Requerente, configurando injúria e difamação.

Contudo, a defesa aponta irregularidades no processo, especialmente no que tange à quebra da cadeia de custódia das provas e ao prazo decadencial para o ajuizamento da queixa-crime, os quais comprometem a validade da persecução penal.

DO DIREITO

1. DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA DAS PROVAS

A cadeia de custódia é o conjunto de procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado, conforme disposto no CPP, art. 158-A. A sua violação compromete a integridade e a autenticidade das provas, tornando-as inadmissíveis.

No caso em tela, não há comprovação de que as provas digitais (postagens em redes sociais) foram preservadas de forma íntegra e rastreável. A ausência de um procedimento adequado de coleta e armazenamento das provas digitais viola os princípios da ampla defesa e do contraditório, previstos na CF/88, art. 5º, LV.

Segundo doutrina de renomados juristas, a cadeia de custódia é essencial para garantir a confiabilidade das provas, especialmente em crimes digitais, onde a manipulação de dados pode ocorrer com facilidade. A ausência de documentação adequada da cadeia de custódia gera nulidade processual, conforme entendimento consolidado.

2. DO PRAZO DECADENCIAL

O CPP, art. 38, estabelece o prazo decadencial de seis meses para o ajuizamento da queixa-crime, contados a partir do conhecimento da autoria do fato. No presente caso, a queixa-crime foi ajuizada após o transcurso do prazo legal, configurando a extinção da punibilidade, nos termos do CP, art. 107, IV.

A comunicação do fato à autoridade policial, por meio de Boletim de Ocorrência, não interrompe nem suspende o prazo decadencial, conforme jurisprud�"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

RELATÓRIO

Trata-se de ação penal movida em face do Requerido, acusado da prática de crimes contra a honra, supostamente cometidos por meio de postagens em redes sociais. A defesa alega, em síntese, nulidade das provas digitais por quebra da cadeia de custódia e extinção da punibilidade pelo transcurso do prazo decadencial.

FUNDAMENTAÇÃO

1. Da Quebra da Cadeia de Custódia das Provas

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso LV, assegura a todos os litigantes, em processo judicial ou administrativo, o direito ao contraditório e à ampla defesa. Esses princípios são reforçados pelo Código de Processo Penal (art. 158-A), que exige a integridade e a rastreabilidade das provas por meio da cadeia de custódia.

No caso em tela, verifica-se que não houve a devida documentação e preservação das provas digitais. Tal irregularidade compromete a autenticidade das postagens apresentadas, tornando-as inadmissíveis. Ademais, a doutrina e a jurisprudência consolidam o entendimento de que a quebra da cadeia de custódia resulta em nulidade processual, conforme precedentes do TJSP.

2. Do Prazo Decadencial

O Código de Processo Penal, em seu art. 38, estabelece o prazo decadencial de seis meses para o ajuizamento da queixa-crime, contados a partir do conhecimento da autoria do fato. No presente caso, restou demonstrado que a queixa-crime foi ajuizada após o transcurso desse prazo, configurando a extinção da punibilidade, nos termos do Código Penal, art. 107, IV.

A jurisprudência é pacífica ao afirmar que a mera comunicação do fato à autoridade policial, por meio de Boletim de Ocorrência, não suspende nem interrompe o prazo decadencial. Assim, o reconhecimento da decadência é medida que se impõe.

3. Jurisprudências Aplicáveis

Sobre a quebra da cadeia de custódia, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), em julgamento da Apelação Criminal Acórdão/TJSP, destacou:

"O uso de câmeras corporais por policiais militares é fato notório e, por isso, poderia a Defensoria Pública estadual - independentemente de prévio contato com aquele que frui do serviço público de assistência jurídica - requerer, em sede de resposta à acusação, a juntada das imagens registradas pelas câmeras, sob pena de preclusão temporal, como ocorrera na espécie."

Quanto ao prazo decadencial, o mesmo tribunal, na Apelação Criminal Acórdão/TJSP, manifestou-se nos seguintes termos:

"A comunicação feita em sede policial, via Boletim de Ocorrência, antes do prazo se esgotar em nada influencia no seu curso, tampouco em seu cômputo, eis que não se interrompe nem se suspende prazo decadencial."

DISPOSITIVO

Diante do exposto, voto pelo conhecimento do recurso, mas para, no mérito, dar-lhe provimento, reconhecendo:

  1. A nulidade das provas digitais apresentadas nos autos, em razão da quebra da cadeia de custódia;
  2. A extinção da punibilidade em virtude do transcurso do prazo decadencial, nos termos do Código Penal, art. 107, IV.

Por consequência, julgo improcedente a ação penal, determinando o arquivamento do processo.

CONCLUSÃO

É como voto.

Local e data: ____________.

____________________________
Assinatura do Magistrado
Juiz de Direito


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