Modelo de Habeas Corpus com Pedido Liminar para Revogação de Prisão Preventiva por Ausência de Requisitos Legais e Excesso de Prazo

Publicado em: 17/10/2024 Direito Penal Processo Penal
Pedido de habeas corpus com liminar apresentado ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, visando à revogação de prisão preventiva de indivíduo acusado de violência doméstica. A defesa alega ausência dos requisitos do art. 312 do CPP, excesso de prazo para denúncia pelo Ministério Público e constrangimento ilegal. O documento apresenta fundamentos legais, jurisprudências e solicita, subsidiariamente, a substituição da prisão por medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP.

HABEAS CORPUS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

2. PREÂMBULO

N. M. da S. N., brasileiro, solteiro, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua XXXXX, nº XXX, Bairro XXXXX, Rio Verde/GO, por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), com endereço eletrônico profissional [email protected], com escritório situado na Rua XXXXX, nº XXX, Bairro XXXXX, Rio Verde/GO, onde recebe intimações, vem, com fulcro no CPP, art. 5º, LXVIII, impetrar a presente ordem de

HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR

em favor de si próprio, paciente que se encontra atualmente preso em razão de decisão proferida pelo Juízo do Juizado de Violência Doméstica da Comarca de Rio Verde/GO, apontando como autoridade coatora o MM. Juiz de Direito daquele Juízo, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

3. DOS FATOS

O paciente foi preso em flagrante no dia XX/XX/2024, após ser acusado de ter agredido sua ex-companheira, N. R., e a filha desta, H. V. R., de apenas seis meses de idade. Segundo boletim de ocorrência, o paciente teria arrombado o portão da residência da vítima, desferido socos e empurrões em N. R., e arremessado a criança ao solo, causando-lhe lesões. Ainda teria danificado o celular da vítima.

Contudo, o paciente nega veementemente tais acusações, alegando que as lesões da criança são oriundas de vacinação, e que a suposta vítima, usuária de entorpecentes, teria inventado os fatos após ele se recusar a lhe fornecer dinheiro para compra de drogas. O paciente apresenta, inclusive, prints de conversas em que a vítima afirma que “prende e solta ele a hora que quiser”.

Ademais, há registros de que a genitora da criança já teve outros filhos entregues à adoção por incapacidade de cuidados, sendo inclusive acompanhada pelo Conselho Tutelar. Na audiência de custódia, a própria magistrada determinou o acompanhamento da mãe e da criança pelo referido órgão.

Importante destacar que, até o presente momento, não foi oferecida denúncia pelo Ministério Público, que, ao invés disso, determinou o retorno dos autos à Delegacia de Polícia para melhor apuração dos fatos. A prisão do paciente, portanto, já ultrapassa o prazo razoável para a formalização da acusação, configurando constrangimento ilegal.

4. DO DIREITO

A prisão preventiva é medida de exceção, devendo ser decretada apenas quando presentes os requisitos do CPP, art. 312, quais sejam: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e assegurar a aplicação da lei penal. No presente caso, tais requisitos não estão configurados.

O paciente é primário, possui residência fixa e não representa risco à ordem pública ou à instrução criminal. A suposta vítima, inclusive, não possui credibilidade suficiente, diante de seu histórico de dependência química e de negligência com os filhos, conforme reconhecido pela própria magistrada de origem.

Além disso, o fato de o Ministério Público ter determinado o retorno dos autos à Delegacia para novas diligências demonstra que não há prova suficiente da materialidade e autoria, sendo precipitada e desproporcional a manutenção da prisão.

A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXV, dispõe que “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”. Já o art. 5º, inciso LXVIII, garante o"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Relator

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de N. M. da S. N., preso preventivamente por suposta prática de violência doméstica e lesão corporal contra sua ex-companheira e a filha desta, de apenas seis meses de idade. A impetração aponta excesso de prazo na formação da culpa, ausência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva e inadequação da medida extrema frente às circunstâncias do caso concreto.

O habeas corpus é instrumento constitucional de proteção da liberdade de locomoção, conforme dispõe o artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal de 1988, sendo cabível sempre que alguém se encontrar sofrendo ou na iminência de sofrer coação ilegal em sua liberdade, por ilegalidade ou abuso de poder.

A Constituição Federal, em seu artigo 93, inciso IX, determina que todas as decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Cabe ao magistrado, portanto, exercer interpretação hermenêutica dos fatos à luz da Constituição e da legislação infraconstitucional.

Dos Fatos

Consta dos autos que o paciente foi preso em flagrante sob acusação de ter arrombado o portão da residência da ex-companheira, desferido agressões físicas e jogado ao solo a filha desta, resultando em lesões. Há também relatos de dano ao patrimônio (celular da suposta vítima).

Em sua defesa, o paciente nega os fatos, alegando que as lesões na criança seriam decorrentes de vacinação e que a acusação teria sido motivada por represália, após ele negar dinheiro à ex-companheira, supostamente usuária de entorpecentes. Apresenta mensagens que corroborariam sua versão.

Importa destacar que ainda não houve oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, que devolveu os autos à Delegacia de Polícia para novas diligências. O paciente encontra-se preso há tempo superior ao razoável, sem que tenha sido formalizada acusação.

Do Direito

A prisão preventiva constitui medida excepcional, devendo observar os requisitos legais previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. No presente caso, tais motivos não restam demonstrados de forma concreta e fundamentada.

O paciente é primário, possui residência fixa, não apresenta histórico criminal e há elementos que fragilizam a credibilidade das acusações, como o histórico da suposta vítima, já acompanhada pelo Conselho Tutelar, e sua declaração em audiência de custódia.

Ainda, o decurso do tempo sem oferecimento de denúncia configura constrangimento ilegal, violando o princípio da razoável duração do processo (CF/88, art. 5º, LXXVIII).

A jurisprudência pátria tem reiterado que a prisão preventiva não deve ser utilizada como antecipação de pena, sobretudo quando inexistem elementos concretos que indiquem ameaça à ordem pública ou risco processual. Nesse sentido, colacionam-se as seguintes decisões:

  • TJRJ - HC Acórdão/TJRJ: “não se evidencia, in casu, que a custódia cautelar seja necessária [...] ORDEM CONCEDIDA.”
  • TJRJ - HC Acórdão/TJRJ: “plenamente suficientes outras medidas de cautela previstas no CPP, art. 319. [...] Ordem parcialmente concedida.”
  • TJRJ - HC Acórdão/TJRJ: “ausência de justificativa para a manutenção da prisão cautelar [...] Ordem parcialmente concedida.”

Conclusão

Diante do exposto, conheço do presente habeas corpus e, no mérito, concedo a ordem, com fulcro no artigo 5º, incisos LXV e LXVIII da Constituição Federal, para revogar a prisão preventiva imposta ao paciente N. M. da S. N., substituindo-a por medidas cautelares diversas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal, a serem fixadas pelo juízo de origem, conforme seu prudente arbítrio.

Esta decisão encontra amparo no artigo 93, inciso IX da Constituição Federal, estando devidamente fundamentada nos elementos constantes dos autos e na jurisprudência consolidada dos tribunais superiores.

É como voto.

Desembargador Relator


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