Modelo de Memorial de Defesa em Processo Criminal de Sonegação de Contribuição Previdenciária com Fundamentação na Inconstitucionalidade da Sub-Rogação Tributária e Ausência de Dolo

Publicado em: 15/01/2024 Direito Penal
Este Memorial de Defesa objetiva a absolvição do réu acusado de crimes de sonegação de contribuição previdenciária e de tributos destinados a outras entidades ou fundos (art. 337-A do CP e art. 1º, I, da Lei 8.137/90). A peça argumenta pela atipicidade da conduta, com base na inconstitucionalidade do art. 30, IV, da Lei 8.212/91, conforme decidido na ADIN 4.395, e na ausência de dolo específico necessário para a configuração dos crimes. Invoca jurisprudências relevantes e doutrina para reforçar a tese de defesa e requer a absolvição do réu ou, subsidiariamente, a anulação do lançamento tributário.

MEMORIAL DE DEFESA

PREÂMBULO

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito da ___ Vara Federal da Comarca de __________.

Processo nº _____________

Nome do Réu: _____________

O réu, R. S. da S., já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar o presente MEMORIAL DE DEFESA, com fundamento nos fatos e no direito a seguir expostos, requerendo ao final a absolvição do réu pelas razões que se seguem.

DOS FATOS

O réu foi denunciado pela suposta prática de crime de sonegação de contribuição previdenciária, tipificado no CP, art. 337-A, I, e de sonegação de contribuições destinadas a outras entidades ou fundos, conforme o art. 1º, I, da Lei 8.137/90. A acusação baseia-se na sub-rogação prevista no art. 30, IV, da Lei 8.212/91, que atribui ao adquirente de produção rural a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias.

Contudo, a Receita Federal lançou os tributos de ofício com base nas notas fiscais correspondentes às compras de gado (entrada), desconsiderando que a exigibilidade do tributo somente ocorre a partir do mês seguinte à operação de venda (saída), conforme entendimento consolidado na ADIN 4.395.

DO DIREITO

Inicialmente, é necessário destacar a inconstitucionalidade da sub-rogação prevista no art. 30, IV, da Lei 8.212/91, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADIN 4.395. Tal dispositivo viola os princípios constitucionais da legalidade tributária e da segurança jurídica, previstos no CF/88, art. 5º, II, e no CF/88, art. 150, I, ao impor ao adquirente de produção rural a responsabilidade pelo recolhimento de tributo que não é devido no momento da entrada da mercadoria.

Ademais, a exigibilidade do tributo somente ocorre a partir do mês seguinte à operação de venda, conforme o entendimento jurisprudencial e doutrinário. A Receita Federal, ao lançar os tributos de ofício com base nas notas fiscais de compra (entrada), desconsiderou a sistemática legal e violou o princípio da estrita legalidade tributária.

É importante ressaltar que a acusação não demonstrou o dolo específico necessário para a configuração dos crimes previstos no CP, art. 337-A, e no art. 1º, I, da Lei 8.137/90. A responsabilidade penal não pode ser objetiva, sendo imprescindível a comprovação de que o réu agiu com a intenção deliberada de suprimir ou reduzir tributo, o que não ocorreu no presente caso.

DO ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação penal em que o réu, R. S. da S., é acusado da prática de crime de sonegação de contribuição previdenciária, nos termos do CP, art. 337-A, I, e do art. 1º, I, da Lei 8.137/90. A denúncia fundamenta-se na sub-rogação prevista no art. 30, IV, da Lei 8.212/91, que atribui ao adquirente de produção rural a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias.

O réu, por meio de sua defesa, apresentou memorial arguindo a inconstitucionalidade da referida sub-rogação, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal na ADIN 4.395, e sustentando a ausência de dolo específico necessário para a configuração do crime.

Fundamentação

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, o magistrado deve fundamentar suas decisões de forma clara e precisa. Assim, passo à análise dos fatos e fundamentos jurídicos apresentados.

1. Da Inconstitucionalidade da Sub-rogação

Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADIN 4.395, o art. 30, IV, da Lei 8.212/91 é inconstitucional, pois viola os princípios da legalidade tributária (CF/88, art. 150, I) e da segurança jurídica (CF/88, art. 5º, II). A imposição de responsabilidade tributária ao adquirente de produção rural, sem que o fato gerador do tributo tenha ocorrido, extrapola os limites da legalidade.

No caso em análise, a Receita Federal lançou o tributo de ofício com base nas notas fiscais de entrada, ignorando que a exigibilidade do tributo somente ocorre no mês seguinte à operação de venda, conforme entendimento consolidado na jurisprudência e na referida decisão do STF.

2. Da Ausência de Dolo

A configuração do crime de sonegação fiscal exige dolo específico, ou seja, a intenção deliberada de suprimir ou reduzir o tributo devido. Conforme os autos, não há demonstração de que o réu tenha agido com a intenção de fraudar o recolhimento das contribuições previdenciárias.

A jurisprudência é pacífica ao afastar a responsabilidade penal objetiva. Destaco a decisão do TJSP (7ª Câmara de Direito Criminal) na Apelação Criminal Acórdão/TJSP, que reforça a necessidade de comprovação do dolo específico para a condenação em crimes contra a ordem tributária.

3. Do Cerceamento de Defesa

É importante observar que o lançamento tributário realizado pela Receita Federal desconsiderou a sistemática legal aplicável, violando o princípio da estrita legalidade tributária e cerceando a defesa do réu. Nesse sentido, a decisão do TJSP (3ª Câmara de Direito Público) na Apelação Acórdão/TJSP reconheceu a nulidade de lançamentos tributários baseados em premissas equivocadas.

Decisão

Diante do exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, julgo procedente o pedido da defesa para absolver o réu R. S. da S., nos termos do art. 386, III, do Código de Processo Penal, reconhecendo a ausência de dolo específico e a atipicidade da conduta.

Subsidiariamente, caso superada a tese principal, determino a anulação do lançamento tributário com fulcro na decisão do STF na ADIN 4.395, que declarou a inconstitucionalidade do art. 30, IV, da Lei 8.212/91.

Por fim, condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, conforme disposto no art. 85 do CPC.

É como voto.

Conclusão

Com fundamento nos princípios constitucionais e legais aplicáveis, o voto é pela absolvição do réu ou, subsidiariamente, pela anulação do lançamento tributário, conforme as razões expostas.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data: ______________

__________________________________________

Magistrado(a): _____________________________


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