Modelo de Pedido de Liberdade Provisória com Fundamentação na Ausência dos Requisitos da Prisão Preventiva e Possibilidade de Medidas Cautelares Diversas – Processo Criminal envolvendo Furto e Tráfico de Drogas – 3ª Vara Criminal de Rio Verde/GO
Publicado em: 14/11/2024 Constitucional Direito Penal Processo PenalPEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Criminal da Comarca de Rio Verde – Estado de Goiás.
Processo nº: [inserir número do processo]
2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
Requerente: E. P. S., brasileiro, solteiro, profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliado à [informar endereço completo], endereço eletrônico: [informar e-mail].
Advogado: [Nome do advogado], inscrito na OAB/UF sob o nº [informar], com escritório profissional à [informar endereço completo], endereço eletrônico: [informar e-mail].
Requerido: Ministério Público do Estado de Goiás.
3. DOS FATOS
No dia 07 de novembro de 2024, o Requerente E. P. S. foi preso em flagrante, após diligências da Companhia de Patrulhamento Especializado (CPE) relacionadas a uma ocorrência de furto. Segundo consta nos autos, a Sra. Raimunda Cândida da Silva, moradora da residência onde foram localizados diversos objetos supostamente furtados, teria franqueado a entrada dos policiais, que encontraram joias e outros pertences atribuídos ao Requerente. Ademais, durante abordagem veicular nas proximidades, foram localizadas uma balança de precisão e pequenas porções de substâncias análogas a crack e maconha no interior do veículo do Requerente.
O Requerente, usuário de drogas, alega ser vítima de perseguição policial, afirmando que as substâncias entorpecentes e a balança de precisão foram implantadas pelos próprios agentes, que teriam utilizado de violência física para forçá-lo a confessar o paradeiro de suposto traficante. Ressalta-se que o Requerente não possui antecedentes criminais, possui residência fixa e exerce atividade laborativa lícita, sendo pessoa conhecida na comunidade local.
A decisão homologatória da prisão em flagrante, proferida por este Juízo, fundamentou-se na existência de indícios de autoria e materialidade, bem como na gravidade dos fatos, convertendo a custódia em prisão preventiva. Entretanto, a defesa entende que não estão presentes os requisitos autorizadores da segregação cautelar, motivo pelo qual pugna pela concessão da liberdade provisória, com ou sem aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.
Diante desse contexto fático, busca-se a tutela jurisdicional para que o Requerente possa responder ao processo em liberdade, garantindo-se, assim, o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, conforme preconizado pela Constituição Federal.
4. DO DIREITO
4.1. DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DA EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO CAUTELAR
O princípio da presunção de inocência, consagrado na CF/88, art. 5º, LVII, estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. A prisão cautelar, por sua natureza excepcional, somente deve ser decretada quando presentes os requisitos do CPP, art. 312, quais sejam: garantia da ordem pública, da ordem econômica, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.
O Requerente é primário, possui residência fixa e exerce atividade lícita, não havendo elementos concretos que indiquem risco à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal. A manutenção da prisão preventiva, nessas condições, afronta o princípio da proporcionalidade, devendo ser substituída por medidas cautelares diversas, nos termos do CPP, art. 319.
4.2. DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO
A Lei 12.403/2011 e a Lei 13.964/2019 introduziram importantes alterações no sistema processual penal, privilegiando a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, em consonância com o princípio da ultima ratio da custódia cautelar. O CPP, art. 319, elenca diversas medidas que podem ser aplicadas, como comparecimento periódico em juízo, proibição de acesso a determinados lugares, recolhimento domiciliar, dentre outras.
No caso em tela, não há elementos concretos que justifiquem a segregação cautelar do Requerente, sendo plenamente possível a aplicação de medidas alternativas, suficientes para garantir o regular andamento do processo e a ordem pública.
4.3. DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA E CONCRETA PARA A PRISÃO PREVENTIVA
A decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva fundamentou-se genericamente na gravidade abstrata dos delitos imputados (receptação e tráfico de drogas), sem demonstrar, de forma individualizada, a necessidade da medida extrema. A jurisprudência do STJ e do STF é pacífica no sentido de que a gravidade em abstrato não autoriza, por si só, a prisão preventiva, sendo imprescindível a demonstração de elementos concretos que evidenciem o fumus comissi delicti e o periculum "'>...