Modelo de Petição de Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica para Cumprimento de Sentença

Publicado em: 07/09/2024 CivelProcesso Civil
Modelo de petição para desconsideração inversa da personalidade jurídica, com fundamento no Código Civil e no CPC, em processo de cumprimento de sentença.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA JUDICIAL DA COMARCA DE RESTINGA SECA/RS

Processo nº: [número do processo]
Exequente: Luiz Carlos
Executado: Élio Augusto

LUIS CARLOS, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no CPC/2015, art. 133, CPC/2015, art. 134, CPC/2015, art. 135, CPC/2015, art. 136 e CPC/2015, art. 137, e CCB/2002, art. 50 requerer a DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA da empresa Decor Móveis Planejados e Decoração, pelos fatos e fundamentos que a seguir expõe:

1. DOS FATOS

O Exequente é credor de Élio Augusto, em razão de cumprimento de sentença que tramita perante esse juízo há aproximadamente quatro anos, sem que tenha sido obtido sucesso na localização de bens penhoráveis pertencentes ao Executado. Na ocasião da contratação que originou a dívida, o Executado possuía patrimônio compatível com a obrigação, mas, ao longo do tempo, se desfez de seus bens.

Recentemente, o Exequente tomou conhecimento de que o Executado é proprietário de fato da empresa Decor Móveis Planejados e Decoração, com sede em Agudo/RS, apesar de formalmente não figurar no quadro social da empresa, cujos sócios são sua esposa e seu filho. No entanto, o Executado aparece em diversas publicações da empresa em redes sociais, e até mesmo deu entrevistas à imprensa local como representante da Decor Móveis.

Além disso, há relatos de que o Executado inaugurou uma filial da empresa em Santa Maria, com um empreendimento de R$ 500.000,00, e de que a Decor Móveis fatura cerca de R$ 800.000,00 mensais, conforme informações veiculadas na imprensa. Estes fatos indicam que o Executado se utiliza da empresa para ocultar seu patrimônio pessoal e frustrar a execução em curso.

2. DO DIREITO

2.1. Da Aplicabilidade da Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica

A desconsideração inversa da personalidade jurídica tem como objetivo evitar que o devedor, mediante fraude, utilize-se de pessoa jurídica como um "escudo" para esconder seu patrimônio pessoal, frustrando os direitos dos credores. Nesse sentido, a desconsideração inversa permite que os bens da pessoa jurídica sejam atingidos pela execução movida contra o sócio que, de fato, controla e se beneficia da empresa, conforme preceitua o CCB/2002, art. 50.

A legislação processual também prevê a possibilidade de aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, tanto de maneira tradicional quanto inversa, para a responsabilização patrimonial do devedor, conforme o CPC/2015...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Narrativa de Fato e Direito

O Exequente, Luiz Carlos, busca satisfazer um crédito de longa data, sem sucesso, em razão da ocultação de patrimônio pelo Executado, Élio Augusto. Este, embora não conste formalmente como sócio, exerce o controle de fato sobre a empresa Decor Móveis Planejados e Decoração, valendo-se da pessoa jurídica para frustrar a execução. A presente petição visa à desconsideração inversa da personalidade jurídica, permitindo que os bens da empresa sejam penhorados para a satisfação do crédito.

 

TÍTULO:
PETIÇÃO PARA DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA COM FUNDAMENTO NO CÓDIGO CIVIL E NO CPC EM PROCESSO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


Notas Jurídicas

  • As notas jurídicas são criadas como lembrança para o estudioso do direito sobre alguns requisitos processuais, para uso eventual em alguma peça processual, judicial ou administrativa.
  • Assim sendo, nem todas as notas são derivadas especificamente do tema anotado, são genéricas e podem eventualmente ser úteis ao consulente.
  • Vale lembrar que o STJ é o maior e mais importante Tribunal uniformizador. Caso o STF julgue algum tema, o STJ segue esse entendimento. Como um Tribunal uniformizador, é importante conhecer a posição do STJ; assim, o consulente pode encontrar um precedente específico. Não encontrando este precedente, o consulente pode desenvolver uma tese jurídica, o que pode eventualmente resultar em uma decisão favorável. Jamais deve ser esquecida a norma contida na CF/88, art. 5º, II: ‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.’
  • Pense nisso: Um pouco de hermenêutica. Obviamente, a lei precisa ser analisada sob o ponto de vista constitucional. Normas infralegais não são leis. Se um tribunal ou magistrado não justificar sua decisão com a devida fundamentação – ou seja, em lei ou na CF/88, art. 93, X –, a lei deve ser aferida em face da Constituição para avaliar-se a sua constitucionalidade. Vale lembrar que a Constituição não pode se negar a si própria. Esta regra se aplica à esfera administrativa. Uma decisão ou ato normativo sem fundamentação orbita na esfera da inexistência. Esta diretriz se aplica a toda a administração pública. O próprio regime jurídico dos Servidores Públicos obriga o servidor a ‘representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder – Lei 8.112/1990, art. 116, VI', reforçando seu dever de cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais – Lei 8.112/1990, art. 116, IV.
  • Pense nisso: A CF/88, art. 5º, II, que é cláusula pétrea, reforça o princípio da legalidade, segundo o qual ‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei'. Isso embasa o entendimento de que o servidor público não pode ser compelido a cumprir ordens que contrariem a Constituição ou a lei. Da mesma forma, o cidadão está autorizado a não cumprir ordens inconstitucionais de quem quer que seja. Um servidor que cumpre ordens superiores ou inferiores inconstitucionais ou ilegais comete uma grave falta, uma agressão ao cidadão e à nação brasileira. Nem o Congresso Nacional tem legitimidade material para negar os valores democráticos, éticos e sociais do povo. Para uma instituição que rotineiramente desrespeita os compromissos com a constitucionalidade e legalidade de suas decisões, todas as suas decisões, sejam do Judiciário em qualquer nível, ou da administração pública de qualquer nível, ou do Congresso Nacional, orbitam na esfera da inexistência. Nenhum cidadão, muito menos um servidor público, é obrigado a cumprir essas decisões. A Lei 9.784/1999, art. 2º, parágrafo único, VI, implicitamente desobriga o servidor público e o cidadão de cumprir ordens ilegais.
  • Se a pesquisa retornar um grande número de documentos. Isto quer dizer que a pesquisa não é precisa. Às vezes ao consulente, basta clicar em ‘REFAZER A PESQUISA’ e marcar ‘EXPRESSÃO OU FRASE EXATA’. Caso seja a hipótese apresentada.
  • Se a pesquisa retornar um grande número de documentos. Isto quer dizer que a pesquisa não é precisa. Às vezes, nesta circunstância, ao consulente basta clicar em ‘REFAZER A PESQUISA’ ou ‘NOVA PESQUISA’ e adicionar uma ‘PALAVRA CHAVE’. Sempre respeitando a terminologia jurídica, ou uma ‘PALAVRA CHAVE’, normalmente usada nos acórdãos.

1. Introdução à Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica
A desconsideração inversa da personalidade jurídica, prevista no CPC/2015 e no CCB/2002, permite que se responsabilize diretamente os bens de sócios ou administradores quando estes se utilizam da pessoa jurídica para ocultação de bens e fraudes. Esse mecanismo é especialmente aplicado em processos de cumprimento de sentença, onde os bens da pessoa jurídica são utilizados indevidamente para ocultar patrimônio pessoal.

Legislação:


CPC/2015, art. 133 – Trata da desconsideração da personalidade jurídica, prevendo os requisitos para sua aplicação.

CCB/2002, art. 50 – Rege a desconsideração da personalidade jurídica, focando na fraude e no abuso de direito.

Jurisprudência:


Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica
Desconsideração Inversa em Cumprimento de Sentença


2. Alcance e Limites da Desconsideração Inversa
A desconsideração inversa deve ser utilizada com cautela, uma vez que afeta diretamente a separação entre o patrimônio pessoal e o da empresa. O objetivo é evitar fraudes e abusos de direito. O alcance dessa medida está limitado à identificação de desvios patrimoniais que configurem utilização indevida da personalidade jurídica para ocultação de bens pessoais. O CPC/2015, art. 133, estabelece o rito próprio para a sua aplicação, permitindo o contraditório.

Legislação:


CPC/2015, art. 133 – Prevê o contraditório antes da decisão que acolha o pedido de desconsideração da personalidade jurídica.

CCB/2002, art. 50 – Define a hipótese de abuso da personalidade jurídica para fins de desconsideração.

Jurisprudência:


Limites da Desconsideração Inversa
Alcance da Desconsideração Inversa


3. Argumentações Jurídicas Possíveis
Na petição de desconsideração inversa, é fundamental demonstrar a utilização abusiva da pessoa jurídica, seja para ocultação de bens, desvio de patrimônio ou fraude contra credores. A principal argumentação é que a personalidade jurídica está sendo utilizada como um meio ilícito para evitar o cumprimento de obrigações pessoais, violando o princípio da boa-fé e da função social da empresa.

Legislação:


CCB/2002, art. 50 – Estabelece os requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica com base em fraude e desvio de finalidade.

CPC/2015, art. 134 – Define os procedimentos que devem ser adotados no pedido de desconsideração, garantindo o contraditório e a ampla defesa.

Jurisprudência:


Argumentação em Desconsideração Inversa
Fraude e Desconsideração Inversa


4. Natureza Jurídica da Desconsideração Inversa
A desconsideração inversa da personalidade jurídica possui caráter excepcional, sendo aplicada apenas em casos de comprovado abuso da personalidade jurídica. O seu objetivo é permitir a execução sobre bens que, embora registrados em nome da pessoa jurídica, pertencem de fato à pessoa física que busca se esquivar de suas obrigações patrimoniais. O fundamento jurídico para essa desconsideração está no CCB/2002, art. 50.

Legislação:


CCB/2002, art. 50 – Trata da natureza jurídica da desconsideração, estabelecendo os critérios para o levantamento do véu societário.

CPC/2015, art. 135 – Prevê o incidente de desconsideração da personalidade jurídica.

Jurisprudência:


Natureza Jurídica da Desconsideração Inversa
Desconsideração Inversa: Natureza Jurídica


5. Prazo Prescricional e Decadencial
A desconsideração inversa não possui um prazo prescricional específico, uma vez que se trata de um incidente processual vinculado ao cumprimento de sentença ou execução de título judicial. Contudo, é importante observar que, se houver a pretensão de executar bens pessoais ocultados pela pessoa jurídica, o prazo prescricional para a execução do crédito será aplicado conforme o título executado.

Legislação:


CPC/2015, art. 206 – Dispõe sobre prazos prescricionais relacionados ao cumprimento de sentença e execução de títulos.

CCB/2002, art. 189 – Define a prescrição como a perda do direito de ação pela inércia no seu exercício.

Jurisprudência:


Prazo Prescricional em Desconsideração Inversa
Prazo Decadencial em Desconsideração


6. Prazos Processuais
O CPC/2015 estabelece que a desconsideração da personalidade jurídica deve seguir o rito próprio, com observância dos prazos processuais regulares. No incidente de desconsideração, o prazo para manifestação das partes deve ser respeitado, garantindo o contraditório. Não se trata de um novo processo, mas de um incidente dentro da execução ou cumprimento de sentença.

Legislação:


CPC/2015, art. 135 – Estabelece o rito processual para a desconsideração da personalidade jurídica, incluindo os prazos para manifestação.

CPC/2015, art. 218 – Dispõe sobre os prazos processuais em geral.

Jurisprudência:


Prazos Processuais em Desconsideração
Desconsideração Inversa e Prazos


7. Provas e Documentos Necessários
Para obter a desconsideração inversa, é necessário anexar ao pedido provas que demonstrem a ocultação de bens e o desvio de patrimônio. Documentos contábeis, contratos sociais, transações financeiras e qualquer outro indício de que o patrimônio pessoal está sendo protegido indevidamente pela pessoa jurídica devem ser apresentados.

Legislação:


CPC/2015, art. 373 – Estabelece o ônus da prova, cabendo à parte requerente comprovar o abuso de personalidade.

CPC/2015, art. 434 – Dispõe sobre a necessidade de apresentação de documentos no processo.

Jurisprudência:


Provas em Desconsideração Inversa
Documentos em Desconsideração Inversa


8. Defesas Possíveis
A defesa contra o pedido de desconsideração inversa pode alegar a inexistência de fraude ou abuso de direito, bem como a ausência de ocultação de bens. A parte requerida pode apresentar documentos e provas que demonstrem que as transações foram legítimas e não caracterizam desvio de finalidade. Outro ponto de defesa é a manutenção da separação patrimonial entre sócio e empresa.

Legislação:


CPC/2015, art. 135 – Prevê o contraditório e a ampla defesa no incidente de desconsideração.

CCB/2002, art. 50 – Define os critérios para desconsideração, permitindo à defesa demonstrar a inexistência de abuso.

Jurisprudência:


Defesas em Desconsideração Inversa
Contraditório em Desconsideração Inversa


9. Legitimidade Ativa e Passiva
A legitimidade ativa para requerer a desconsideração inversa da personalidade jurídica recai sobre o credor que busca satisfazer seu crédito por meio do patrimônio do sócio ou administrador. Já a legitimidade passiva cabe à pessoa jurídica e ao sócio ou administrador que tenha utilizado a empresa para ocultação de bens.

Legislação:


CPC/2015, art. 18 – Define a legitimidade ativa e passiva no processo, sendo aplicável à desconsideração da personalidade jurídica.

CPC/2015, art. 133 – Prevê que o credor tem legitimidade para requerer a desconsideração da personalidade jurídica.

Jurisprudência:


Legitimidade em Desconsideração Inversa
Legitimidade Ativa e Passiva na Desconsideração


10. Valor da Causa
O valor da causa na desconsideração inversa deve refletir o montante do crédito que se busca satisfazer com o patrimônio pessoal do sócio ou administrador. O valor será o mesmo estabelecido no processo de cumprimento de sentença ou execução.

Legislação:


CPC/2015, art. 292 – Define o valor da causa em relação ao proveito econômico almejado.

CPC/2015, art. 133 – Aplica-se ao incidente de desconsideração, vinculando o valor da causa ao processo principal.

Jurisprudência:


Valor da Causa em Desconsideração Inversa
Valor da Execução em Desconsideração Inversa


11. Recurso Cabível
Caso o pedido de desconsideração inversa seja indeferido, caberá recurso de agravo de instrumento, conforme o CPC/2015, art. 1.015, que prevê essa modalidade recursal em hipóteses de decisões interlocutórias que tratem de desconsideração da personalidade jurídica.

Legislação:


CPC/2015, art. 1.015 – Estabelece as hipóteses de cabimento de agravo de instrumento, incluindo decisões sobre desconsideração da personalidade jurídica.

CPC/2015, art. 1.016 – Trata dos requisitos para a interposição do agravo de instrumento.

Jurisprudência:


Recurso de Agravo em Desconsideração Inversa
Recursos em Desconsideração Inversa


12. Considerações Finais
A desconsideração inversa da personalidade jurídica é um mecanismo que visa impedir o uso indevido da pessoa jurídica para fraudar credores e ocultar patrimônio. Aplicada com cautela, essa medida permite a execução dos bens pessoais de sócios e administradores que se utilizam da empresa como um meio para evitar a execução de suas dívidas pessoais. A adequada fundamentação e a apresentação de provas robustas são essenciais para o sucesso do pedido.

Legislação:


CPC/2015, art. 133 – Estabelece os requisitos e procedimentos para o pedido de desconsideração da personalidade jurídica.

CCB/2002, art. 50 – Fundamenta a desconsideração da personalidade jurídica em casos de fraude e abuso de direito.

Jurisprudência:


Considerações Finais em Desconsideração Inversa
Responsabilidade de Sócios em Desconsideração Inversa


 

 


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