Modelo de Petição Inicial de Ação de Usucapião Extraordinária com Fundamentação Jurídica e Pedidos Detalhados

Publicado em: 09/04/2024 Civel
Petição inicial de ação de usucapião extraordinária proposta por João da C., com fundamento nos artigos 1.238 do Código Civil e 319 do CPC/2015. O autor, que exerce posse mansa, pacífica e ininterrupta sobre imóvel rural denominado Sítio Laranjeiras, busca o reconhecimento da propriedade com base na consolidação de requisitos legais. O documento detalha os fatos, apresenta jurisprudências relevantes, pedidos formais, e requer justiça gratuita, citação do réu Pedro V., intimação do Ministério Público, além do registro da sentença no Cartório de Registro de Imóveis.

PETIÇÃO INICIAL

AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE PARAÍSO DO TOCANTINS/TO

João da C., brasileiro, casado, vaqueiro, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado no Sítio Laranjeiras, zona rural, Paraíso do Tocantins/TO, endereço eletrônico: [email protected], por intermédio de seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional na Rua ___, nº ___, Bairro ___, Paraíso do Tocantins/TO, endereço eletrônico: [email protected], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA

com fundamento nos artigos 1.238 e seguintes do Código Civil e nos artigos 319 e seguintes do Código de Processo Civil, em face de Pedro V., brasileiro, estado civil desconhecido, residente e domiciliado na Avenida Pacaembu, nº 350, São Paulo/SP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

O Autor, João da C., casado com Maria das D. sob o regime de comunhão parcial de bens, trabalha como vaqueiro-chefe na Fazenda Limoeiro desde 2005. Como parte de sua remuneração, recebe anualmente 30 cabeças de bezerros.

Em janeiro de 2012, o Autor, diante da necessidade de um local para apascentar os bezerros, cercou o imóvel rural conhecido como Sítio Laranjeiras, com cerca de 100 hectares, que estava abandonado e sem qualquer cuidado por parte do proprietário, Antonio do C., residente em São Paulo/SP. No final de 2012, o Autor construiu uma pequena casa no local e passou a residir no imóvel com sua esposa, exercendo posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus domini.

Durante o período de ocupação, o Autor realizou diversas benfeitorias no imóvel, como a construção de um poço e cochos para o gado. Em dezembro de 2023, o Réu, Pedro V., alegando ser o novo proprietário do imóvel, intimidou o Autor a desocupar o local em 10 dias, sob ameaça de violência.

Diante da situação, o Autor busca o reconhecimento da usucapião extraordinária do imóvel, garantindo a sua posse e propriedade sobre o Sítio Laranjeiras.

DO DIREITO

A usucapião extraordinária está prevista no CCB/2002, art. 1.238, que dispõe que aquele que, por 15 anos, sem interrupção, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé. No caso em tela, o Autor exerce posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus domini sobre o imóvel desde janeiro de 2012, totalizando mais de 12 anos de posse.

A posse do Autor é caracterizada pela utilização do imóvel para fins de moradia e sustento, com a realização de benfeitorias "'>...

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Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Ação de Usucapião Extraordinária proposta por João da C., em face de Pedro V., com fundamento no art. 1.238 do Código Civil. O autor narra que exerce posse mansa, pacífica, contínua e com animus domini sobre o imóvel denominado Sítio Laranjeiras desde o ano de 2012, totalizando mais de 12 anos de ocupação.

A parte ré, ao adquirir o imóvel, exigiu a desocupação do local, sob ameaça de violência. Por meio da presente ação, o autor busca o reconhecimento da usucapião extraordinária, alegando o preenchimento dos requisitos legais e constitucionais.

Fundamentação

A controvérsia envolve a análise dos requisitos para o reconhecimento da usucapião extraordinária, conforme disposto no art. 1.238 do Código Civil:

"Aquele que, por 15 (quinze) anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé."

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, XXII, assegura o direito de propriedade, enquanto o art. 93, IX, estabelece que todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas.

No presente caso, analisando as provas documentais e testemunhais constantes nos autos, concluo que o autor exerce posse mansa, pacífica e ininterrupta sobre o imóvel desde 2012, totalizando mais de 12 anos de posse contínua. Embora o prazo exigido pela norma seja de 15 anos, a construção de benfeitorias e o uso do imóvel para fins de moradia e sustento são circunstâncias que ensejam a redução do prazo para 10 anos, conforme prevê o parágrafo único do art. 1.238 do Código Civil.

Ademais, a ausência de oposição do antigo proprietário, Antonio do C., reforça a legitimidade da posse do autor. A alegação do réu de ser o atual proprietário do imóvel não possui o condão de afastar o direito já consolidado do autor. A posse qualificada, caracterizada pelo animus domini, encontra respaldo na doutrina e jurisprudência pacífica, como demonstrado nos precedentes apresentados.

Assim, restam preenchidos os requisitos legais para o reconhecimento da usucapião extraordinária em favor do autor.

Dispositivo

Diante do exposto, com fundamento no art. 1.238 do Código Civil e no art. 5º, XXII, da Constituição Federal, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado por João da C., para:

  1. Reconhecer a usucapião extraordinária do imóvel rural denominado Sítio Laranjeiras, com área de 100 hectares, em favor do autor;
  2. Determinar a expedição de mandado para registro da sentença no Cartório de Registro de Imóveis competente;
  3. Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Paraíso do Tocantins/TO, 20 de março de 2024.

____________________________
Juiz de Direito


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